A Pirâmide

A Pirâmide Ismail Kadaré




Resenhas - A Pirâmide


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Valéria Cristina 05/06/2023

Sangue e suor
Ismail Kadaré transforma a saga da construção da pirâmide de Quéops numa alegoria do poder totalitário. Para o escritor albanês, esse monumento é um símbolo paradoxal: representa o poder absoluto do faraó, mas é também o seu túmulo.

Ao contrário de histórias que romantizam essa construção, Kadaré contabiliza os mortos. Cada pedra assentada tem sua parcela de destruição e de vidas interrompidas. Demonstra como a decisão de erigir o monumento, transforma a vida de todo um país, causando medo e apreensão.

Ismail Kadaré nasceu em 28 de Janeiro de 1936 em Gjirokastra (também conhecida como Gjirokastër), na Albânia. É o mais conhecido escritor albanês. Filho de um funcionário público, presenciou a devastação da Albânia pelas tropas que se digladiaram durante a Segunda Guerra Mundial, experiência que deixou as suas marcas tanto na sua vida como na sua obra. Estudou História e Filologia na Universidade de Tirana e no Instituto Gorky de Literatura em Moscovo (Moscou). Depois de sofrer ameaças do regime comunista albanês, exilou-se na França em Outubro de 1990, antes do regime colapsar. Regressou ao seu país em 1999.
Recebeu muitos prêmios literários, e foi nomeado diversas vezes para o Prêmio Nobel da Literatura, onde quase sempre aparece na lista de favoritos. Recebeu o Man International Book.

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Otávio - @vendavaldelivros 08/08/2022

“’Não busquem explicações, porque elas não existem. É o silêncio dos túmulos, nada mais. Uma sepultura comum silencia sob a terra. Já a pirâmide silencia sobre ela.’”

Nosso entendimento sobre a passagem do tempo é, em geral, bem confuso. Saber que a pirâmide do Faraó Quéops foi construída há mais de 4500 anos nem sempre faz com que tenhamos consciência de quanto tempo realmente representa esse número e, menos ainda, nos ajuda a entender que a humanidade já tinha seus tiranos desde seus princípios.

Escrito em 1988, mas somente publicado integralmente em 1992, “A Pirâmide” do autor albanês Ismail Kadaré é um romance que narra a construção da pirâmide de Quéops, faraó do Egito, por volta de 2500 A.C. Pirâmide essa que segue em pé até os dias de hoje, sendo considerada a única Maravilha do Mundo Antigo a permanecer praticamente intacta e o grande símbolo das Pirâmides de Gizé junto com as de seus sucessores Quéfren e Miquerinos.

Da decisão em construir a pirâmide, passando pelas milhares de mortes de trabalhadores, as intrigas políticas, as perseguições e torturas até a finalização da obra, Kadaré faz um trabalho genial traçando paralelos não-falados com a realidade da Albânia a época e, também, com outros regimes totalitários nos tempos modernos. Você lê, reconhece os padrões e ainda que a obra seja uma ficção, tende a acreditar que foi de fato daquela forma que tudo aconteceu.

Além disso, Kadaré apresenta a pirâmide como a representação material da morte do faraó. A partir do momento que ela está completa o faraó pode morrer e isso traz uma série de perturbações a Quéops por ter erigido, ele mesmo, sua sepultura. É a morte do faraó e a morte dos trabalhadores. É a morte sendo erguida sobre a terra, mostrando seu poder e sua eternidade. É a eternidade em si mostrando o quão pequenos somos todos nós, faraós ou escravos.

Belo, filosófico e profundo, “A Pirâmide” é um livro que impacta mesmo com suas poucas páginas. Trabalho de um autor que não conhecia, mas que em breve espero ler muito mais.
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Luiz.Goulart 15/09/2021

Uma metáfora do poder absoluto
Livro do albanês Ismail Kadaré que narra a saga da construção da imensa pirâmide de Quéops. Uma metáfora do paradoxo simbólico da pirâmide que representa o poder absoluto do faraó e também seu túmulo. A construção esmaga os que carregam suas pedras gigantes e obriga os construtores ao segredo sobre a construção. Terceiro livro de Kadaré que li após Abril Despedaçado e Dossiê H. O autor foi nomeado várias vezes para o Nobel da Literatura e recebeu os prêmios Man Booker e Príncipe de Astúrias.
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Inlectus 06/09/2016

Secreto.
Atenção especial.
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Marcos Bassini 26/03/2009

Lápide
Uma pirâmide sendo construída é, sem dúvida, uma crítica ao totalitarismo da Albânia comunista e seu rigor faraônico.

Mas é uma crítica, também, a todo e qualquer governo que deseja ofuscar o suor do povo, escravos carregando toneladas de pedras nos ombros, tanto nos antigos quanto nos novos Egitos, com o brilho impávido de uma ponte, um posto de saúde, um buraco tapado com material de terceira.

E também é, não esqueçamos, um alerta à nossa vaidade: por mais que uma obra dure séculos nenhuma restauração trará o vestígio da pedra original, assim como nenhum poder é capaz de impedir que um dia não se saiba mais diferenciar o soberano do vassalo quando ali embaixo, como as pedras, misturados em pó.
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