Meninas Boazinhas Vão para o Céu, as Más Vão À Luta

Meninas Boazinhas Vão para o Céu, as Más Vão À Luta Ute Ehrhardt




Resenhas - Meninas Boazinhas Vão para o Céu, as Más Vão À Luta


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Carla.Parreira 12/10/2023

Meninas boazinhas vão para o céu. As más vão à luta
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Diz a autora que o maior obstáculo que as mulheres devem superar é o de querer ser amadas incondicionalmente. Para tanto renunciam à autodeterminação, à independência e o poder. Ao invés de se encontrarem, acabam se distanciando cada vez mais de si mesmas. É preciso saber o que se quer. É normal uma mulher sentir raiva, além do mais, ela não precisa ser solícita e gentil o tempo todo. Frequentemente, por trás da raiva se oculta a própria força. A maioria das mulheres é mais forte do que supõe. Entretanto, elas preferem considerar-se seres fracos, dependentes e julgam necessitar a proteção de homens fortes, um ledo engano. Uma mulher só não consegue viver sem uma presença masculina se não quiser. Segundo a autora, o medo de uma mulher não conseguir sustentar-se sozinha tem raízes profundas, mesmo entre mulheres que estão acostumadas a isso.
O sentimento de auto-estima não pode depender do fato de ter ou não um marido. Além do mais, mulheres não tem obrigatoriamente que serem mães. Independência não tem a ver necessariamente com solidão. Ao contrário, só a independência possibilita um intercâmbio criativo, tolerante e aberto. Só quem não depende dos outros pode decidir livremente com quem e de que modo quer se relacionar. Só pessoas determinadas e independentes podem viver juntas com igualdade de direitos. Só quem crê em si mesmo pode convencer os outros da sua pessoa.
Só conseguimos convencer alguém de algo quando nós mesmos estamos convencidos de que vamos conseguir convencer. Para tal é preciso também estar convencido do que vai dizer, a fim de transparecer segurança e naturalidade. Vencem as pessoas que expõem as próprias ideias alta e nitidamente, que exteriorizam os seus desejos e propõem exigências quando estas são cabíveis. Só quem fixa regras pessoal, nas quais se sente bem, determina o seu caminho. Daí dizer que poder e autoridade andam de par. A autoridade se baseia na própria competência intelectual ou prática. Isso irradia fazendo a pessoa ser naturalmente respeitada.
O modo como encaramos o mundo e as pessoas molda o meio externo para que ele seja exatamente como supomos, pois as energias se condensam da maneira como mentalmente as configuramos. As pessoas devem aprender cedo que podem dominar o medo, a monotonia, a dor e as dificuldades através do próprio comportamento. Infelizmente, as meninas em geral são superprotegidas. Por isso, quase não têm a possibilidade de aprender que podem vencer as dificuldades por si mesmas.
Quem cede ao medo, é passivo, não comete erros, nem sofre vexames. A renúncia feminina não é sempre determinada pelo equilíbrio e pela harmonia, mas sim por medo dos riscos, igualmente importantes, de um confronto aberto. As mulheres se orientam muito pelas outras pessoas, e adaptam o seu comportamento a uma possível reação.
Os homens fixam as mulheres sem rodeios. As mulheres desviam o olhar furtivamente. No momento em que as mulheres utilizam padrões de olhar masculinos, lhes é imputada a provocação sexual ou a agressividade. Têm sucesso as mulheres que resolvem as coisas por si mesmas, que solucionam tarefas de modo autônomo, e que consideram as circunstâncias complicadas como motivação para se auto-representarem e autocomprovarem, ao invés de deixar que os outros confeccionem uma moldura para este auto-retrato.
Entretanto, mesmo as mulheres que já sabem fazer isso muito bem, acabam se dando uma rasteira, sem querer, ao acompanhar atitudes e declarações sérias com um sorriso humilde e remissivo. Sorrir não é uma expressão de alegria autêntica, mas reflete a preocupação velada pelo afeto do externo. O quadro de Mona Lisa no Louvre mostra a melancólica tristeza do seu sorriso.
Com certeza, esse é um dos motivos pelo qual o quadro é tão famoso: é um sinal seguro da auto-renúncia feminina. É o típico sorriso sem graça. Os indícios típicos da mentalidade Mona Lisa são: usam desvios para chegar aos objetivos (temor ao conflito), dão mais importância a opinião alheia, pensa no desejo de todos antes do próprio (busca de harmonia) e, muitas vezes, tem obediência antecipada.
A solução perante isso não é se tornar amada a qualquer custo, nem conquistar os outros, mas sim desenvolver-se em direção a uma personalidade auto-suficiente e autoconfiante. Quem não dia o que pensa e o que quer, quem sempre se preocupa com os desejos que os outros têm ou possam ter, torna-se um dissimulado. Neste caso não adianta sorrir. Se chega melhor ao objetivo com clareza do que com astúcia. Temos o direito de abordar diretamente nossos próprios objetivos e desejos. Sair do papel da sorridente, desanimada e tolerante significa lutar e responder honesta e abertamente pelos interesses pessoais.
A saída do sorriso Mona Lisa torna a vida mais radical, mais independente, menos protegida, menos preestabelecida, menos tranquila, mas também nitidamente menos enfadonha, menos voltada para os outros, menos dependente, menos artificial. Se as mulheres quiserem levar a sério sua igualdade de direitos, precisam assumir que apenas uma mulher independente pode ter direitos iguais.
Muitas vezes só se tolera e compreende o modo de agir de uma pessoa porque falta a coragem para desaprová-la abertamente. Procura-se ensinar às crianças, sobretudo às meninas, que compreender representa uma expressão de humildade. Essa é a cilada da compreensão. Compreender torna-se sinônimo de perdoar, tolerar ou suportar benevolamente, mas torna-se também uma cilada pessoal quando tem a ver com os modos de comportamento que se dirigem contra nós mesmos. A compreensão torna-se autodestrutiva quando as maldades, atitudes intrigantes ou, em casos extremos, até a violência contra a própria pessoa, são suportadas com tolerância.
As pessoas tornam-se vítimas da violência quando irradiam um ar medroso ou indefeso no seu aspecto ou na mímica, e além disso, esperam (por temor) que algo parecido lhes aconteça. Essa é a cilada da vítima. Muitas mulheres escondem habilmente por trás de sua humildade a dúvida sobre a própria competência funcional e a aptidão para a vida. Através da sua submissão ou falsa modéstia respeitosa e encoberta, elas esperam estar mais protegidas contra as agressões ou criticas. Essa é a cilada da modéstia. Outra cilada é a da compaixão.
Sentir compaixão é uma capacidade humana muito importante. Mas, nos relacionamentos, a compaixão não pode substituir o amor. Compaixão e amor não combinam na opinião da autora. Reconhece-se, com relativa facilidade, a cilada bem característica da compaixão. Qualquer um percebe de imediato quando uma mulher se liga a um parceiro por compaixão, quando as dificuldades existenciais são visivelmente reconhecidas.
É preciso me perguntar: quais são os meus desejos? Que motivo define meu modo de agir? O que espero quando me comporto de tal maneira? Isso faz-nos estar alerta para evitar os comportamento submissos. As mulheres confirmam aos homens o preconceito da própria superioridade através do comportamento submisso. Uma mulher que se comporta de modo humilde e submisso consolida o deslize do poder. Isso é auto-depreciação, uma sabotagem pessoal inconsciente. Aquilo que mais tarde vale como naturalmente feminino ou masculino se torna subliminar na infância precoce, e é mesmo implantado na criança lactente e mais tarde interpretado como sendo inato.
Quanto mais cedo se aprende um comportamento, tanto mais difícil se torna reconhecê-lo como adquirido.
Mas o que é adquirido também é modificável. Infelizmente, ao invés de buscar os próprios talentos ocultos, as pessoas tendem a cimentar suas autoavaliações negativas; mesmo se esta tenha se originado na fundação instável de uma educação preconceituosa. Para terminar, vale saber que mulheres fortes transgridem regras, criam suas próprias regras, fazem exigências inequívocas, dizem não claramente, não se deixam intimidar por ninguém, têm visão do caminho pessoal, pensam grande, proporcionam-se experiencias de sucesso, não agradam a qualquer preço, não têm medo da crítica, nem de conflitos, não se deixam emudecer, orgulham de seus êxitos e têm sempre muita vontade de vencer.
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