Jess.Carmo 03/07/2022
O filósofo é amigo da sabedoria
Em Teeteto, Sócrates procura definir o que é conhecimento. Ele elenca três definições possíveis, a saber, conhecimento é percepção, conhecimento é opinião verdadeira ou conhecimento é opinião verdadeira acompanhada de explicação racional. Apesar de se aproximar mais da última definição, Sócrates e Teeteto não conseguem acordar se de fato essa é a definição mais adequada e o diálogo acaba em aporia.
O problema da assertiva "percepção é conhecimento" é que se o conhecimento depende da percepção, quando não estamos mais em contato com a coisa conhecida, deixaríamos de conhecer o que ela é. Para ele, não é possível apreender o ser e a verdade pelas sensações, mas pelo raciocínio. Nesse sentido, o conhecimento está no raciocinar sobre as sensações que temos das coisas, não na sensação em si.
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Em Protágoras, podemos encontrar um diálogo que põe em questão o velho problema de a virtude ser ou não ensinada. Protágoras se coloca como aquele que ensina a virtude aos jovens.
É curiosa as definições que Sócrates dá ao filósofo e ao sofista. Para ele, o filósofo é o amigo da sabedoria, enquanto o sofista é apontado como o sábio, ou seja, aquele que encarna o próprio saber. Essa parece ser uma distinção importante. Sócrates insiste sempre na ideia de que não possui nenhuma sabedoria e que ele é apenas um parteiro. Penso que isso acontece porque a sabedoria só pode surgir através desse método dialético, através do diálogo. Portanto, o saber não está em ninguém. Só se pode conceder a arte da dialética "a alguém que busca o amor à sabedoria com pureza e justiça" (p. 234).
No diálogo percebemos que Protágoras fica extremamente desconcertado quando Sócrates o destitui desse lugar do saber; fazendo com que ele pense em desistir da discussão. Ser retirado desse lugar é extremamente perigoso para ele, já que ele recebe pagamentos por seu serviço, ou seja, é pago justamente por ocupar esse lugar de saber e vender seus ensinamentos. Se o que o sofista tem a ensinar é desmontado pelo método dialético, não há mais o que possa ser vendido.
O sofista também é aquele que dá respostas por vezes apressadas e bastante dogmáticas, tentando, a partir da arte do convencimento, impor sua opinião particular. Além disso, o sofista sempre foge da razão se refugiando no conhecimento empírico.
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