Moonlight Books 09/09/2012
Cordeluna
Por Cida Oliveira
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O casamento perfeito entre a era medieval e os dias atuais.
Apaixonante novela que combina história e fantasia, amor e maldade, bruxaria e religião.
Nem sempre os livros mais divulgados e polêmicos são os melhores, existem certos livros que são como pedras preciosas, estão bem escondidinhos e precisamos garimpar, cavar bem fundo para encontrar, como uma caçada ao tesouro, quando terminamos temos em mãos algo de valor inestimável. Cordeluna é um destes livros, pouco divulgado, não são muitas as pessoas que o conhecem, mas para os que tiveram este prazer, depararam com uma história fascinante e inteligente.
O cenário é a Espanha, em duas épocas distintas, a medieval e os dias atuais.
Na era medieval, conhecemos o amor dos jovens Sancho e Guiomar, ele um jovem e corajoso guerreiro do grupo de El Cid, ela uma bela donzela da nobreza espanhola, criada por sua cruel madrasta, Dona Brianda.
Temos aqui aqueles amores que nascem de um primeiro olhar, contagiantes e totalmente insanos; amores que levam os amantes a jurar lealdade com a própria vida, que vão contra as convenções de uma época e despertam a inveja de muitas pessoas, tornando -se assim um amor proibido.
Ele é apenas um guerreiro, sem linhagem nobre e fortuna, não pode ser o escolhido para o marido de Guiomar, que de acordo com os desejos da família deve casar -se com um homem mais rico que ela, afim de unir duas enormes fortunas e mais poder. Além de não ser o noivo perfeito, Sancho desperta os desejos de outra mulher, que ao ser rejeitada pelo rapaz, busca uma vingança.
Quem deseja Sancho mais que tudo no mundo, é Dona Brianda, sentindo - se desprezada pelo rapaz, ela busca os conhecimentos de um poderoso bruxo afim de impedir a felicidade do jovem casal, tomada pela inveja e pela raiva, Brianda vende sua alma e liberta uma terrível maldição sobre o casal, mas além de Sancho e Guiomar, todos os que estão ligados a história de amor deles, inclusive Brianda, são amaldiçoados.
Uma eternidade sem descanso, para a alma de cada personagem desta história e três chances em 1000 anos para reverter tal maldição.
Já nos dias atuais, temos um grupo de jovens artistas, que trabalha na montagem de uma apresentação sobre a época de El Cid e para melhor caracterização dos personagens, viaja aos locais que El Cid viveu.
Entre eles, temos Glória e Sérgio, que desde seu primeiro encontro, percebem que tem uma estranha conexão. Quando cruzam seus olhares, são tomados por algo desconhecido e agem como se fossem outras pessoas, são inundados por fortes sentimentos.
"Tinha sido… Como tinha sido? Como encontrar-se com alguém que existe na própria imaginação, como ver na vida real a figura de um sonho, como recuperar algo enormemente valioso que se achava perdido para sempre, como… como apaixonar -se, simplesmente…"
Hospedados em uma antiga casa religiosa, os jovens encontram vários símbolos de um passado distante, peças de uma tragédia marcante, que trazem consigo a história infeliz de dois amantes, segredos e uma força tão grande, que causa pesadelos e mudanças de comportamento no grupo de atores.
Cercados por algo além da imaginação, envolto em muito misticismo, eles percebem que algo muito estranho aconteceu ali, que existem almas perturbadas gritando para serem libertadas de uma maldição e cabe à cada um deles, desvendar os mistérios escondidos naquele local, afim de libertar à todos de tanta dor e sofrimento.
A construção desta história é perfeita, até a metade do livro, a escritora conduz as duas épocas paralelamente, fornecendo diversos detalhes, que podem parecer sem sentido, mas ao unir as épocas cada um encontra seu lugar no enredo, esclarecendo cada situação ocorrida e guiando tanto leitor, quanto personagens à desvendar os segredos da trama.
Os dramas vividos pelos amantes são comoventes, não há como segurar as lágrimas; a coragem dos jovens atores, nos contagia e faz ter vontade de ajudar na busca de uma solução, o que faz de Cordeluna uma leitura muito viciante.
A história é narrada em terceira pessoa, apresenta fatos históricos muito bem descritos, é um romance de primeira, bem ambientado, poético, dramático, envolvente.
Não posso deixar de citar a diagramação do livro, desde uma capa de um tom azul magnífico e uma textura gostosa de manusear, até as belas ilustrações, as divisões internas até a forma como as páginas são numeradas, na lateral, não no rodapé e no mesmo tom azul da capa.
A linguagem utilizada é muito rica e não encontrei nenhum erro de revisão.
Mas e Cordeluna? O que é Cordeluna?
Me perguntei as mesmas coisas, e confesso que enriqueceu a leitura a busca por estas respostas, foi proposital a omissão disto na resenha, pois gostaria que a descoberta de Cordeluna fosse para vocês tão mágica, quanto foi pra mim.
Amei este livro, além de 5 estrelas, entrou para os meus favoritos.
Livro premiado pelo Prêmio EDEBÉ de Literatura Juvenil