JOY 31/05/2020
"Nenhum ser humano é inocente. Tu és um ser humano. Logo, não és inocente; portanto, és culpado."
Sem delongas, Jô nos apresenta o assassino do caso "As esganadas" logo no início. Ao contrário do que possa parecer, o homem é mais misterioso do que pensamos. Suas motivações, embora descritas, não tem um fundo bem explicado. Nos perguntamos de onde surgem suas revoltas, gerando uma verdadeira reflexão sobre a psique humana.
A história é muito bem ambientada, em um Rio de Janeiro, ainda Distrito Federal, em 1938, sendo o ponto forte do livro. O caso a ser desvendado se mescla com citações de personagens conhecidos, citando nomes como os Fernando Pessoa e Assis Chateaubriand; além de fatos historicos, como o começo do Estado Novo, expansão dos partidos nazistas e fascistas, Copa do Mundo de 1938, entre outros.
O time de detetives, no entanto, é muito raso, por vezes se mostram verdadeiros estereótipos.
Apesar de apresentar momentos leves e descontraídos, a história é repleta de cenas fortes de assassinatos, os quais o autor descreve sem papas na língua. Quem tem sensibilidade a cenas fortes, talvez seja melhor desconsiderar a leitura.
Além disso, levanta questionamentos sobre gordofobia, pressão estética e a forma que mulheres obesas são vistas na sociedade.
É uma leitura interessante.