danilo_barbosa 07/08/2012Donos do pecadoVejam mais resenhas minhas no Literatura de Cabeça:
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Bom, galera. Como fundador do Literatura de Cabeça, há dois anos resenhando livros e mais livros para os autores e editora a fim de divulgar o prazer de ler, resolvi dar um tempo, como já falei para vocês em uma das minhas resenhas anteriores.
Então, se eu aparecer por aqui, pode ter certeza que foi por alguma coisa que tenha me dado vontade de recomendar a vocês. Se for algo que não gosto, pode esquecer que outra pessoa da equipe vai contar o que achou. Já passei dos 30 anos e aquela história de falar só as partes boas para agradar não cola mais, né? E com certeza o blog tem uma galera excelente para opinar...
E tem um bando de coisas a mais para eu ralar nos bastidores para trazer o melhor para vocês.
Bom, e se eu estou por aqui é para falar de coisa boa. Quando a Adriana Vargas, que eu conhecia através da Modo Editora, me falou para participar do booktour do seu livro O oitavo pecado (220 páginas) assumo que não fiquei muito afim. Odeio ter de pegar um livro com prazo determinado e depois que ele passou pelas suas mãos, ter de enviar para outra pessoa. O pior é que do contato com ele só fica a lembrança. Sou daqueles que cheiram os livros, tocam eles e adora folhea-los de vez em quando, vendo as palavras fugirem pelo ar diante dos meus olhos, me trazendo lembranças...
Pois é, no booktour isso não acontece. Pensei em, por um momento, passar a tarefa para um dos outros resenhistas, mas deixei meu egoísmo de lado e peguei para mim essa tão deliciosa tarefa.
E não é que o danado do livro me serviu como uma luva? Já vou explicar o por quê...
Antes de mais nada, já quero avisar que este livro não é para qualquer um. Se você gosta de um texto leve e despretensioso, pode começar a correr. A escrita de Adriana é culta, cheia de sinônimos e rebuscamentos que se você não tiver um vocabulário um pouco mais denso, vai boiar que nem folha seca na piscina. E exatamente essa riqueza textual foi um dos melhores atributos para me manter atento na trama até o fim. Queria me aprofundar na personagem principal, vasculhar seus anseios e pensamentos... Descobrir qual era o verdadeiro pecado que a jogava ao ostracismo...
Por falar nisso, que tal eu falar um pouco da história? Bom, neste romance a gente conhece Henaph, uma anja saída das costelas de Deus para cuidar dos portões do Paraíso. Querendo descobrir mais sobre o mundo sem o véu dos mistérios que a divindade paterna lhe proporciona, ela conhece Hermes e por ele e cai de amores pela divindade grega. Dividida entre o amor e sua missão, ela se rende ao oitavo pecado - a paixão - e renega sua divindade. Por causa disso, é expulsa do Éden e sobre a proteção de quem tanto ama, vai parar no palácio de Minos, senhor de Creta. Lá, suas paixões e segredos são postos à prova e ela vai ter de rever todos os seus conceitos...
Depois de te contar um resumo da história, vocês devem estar me perguntando: como assim, Éden, o Deus Cristão e os Deuses Gregos na mesma obra? Isso aí... Ela prova que nem todo o conceito divino é absoluto e todos os conceitos podem viver em harmonia. Afinal, não importa a religião que qualquer um de nós siga, a melhor coisa a ser seguida são os conceitos de bondade e amor, que é universal a todos.
Todos os personagens são cativantes e os textos, muitas vezes filosóficos, remetem a verdade humana. Henaph, mais do que personagem principal, em forma angelical ou humana, mostra para a gente o verdadeiro significado do anti-herói. Sabe qual é? Basta olharem em seus espelhos, meus queridos...
Na figura da sua personagem, ela mostra uma das melhores definições do ser humano. Que age querendo criar mundos em volta de si, fazer com que todos acalentem as suas ideias, centrados em seus próprios egoísmos. Quando pagamos as consequências por nossos atos, invertemos ideias, arrumamos desculpas e pedimos que o tempo volte para desfazer erros que são constantes da nossa natureza. Nos apaixonamos por alguém que parece ser especial, como é o caso dela com Hermes e depois nos sentimos balançados por outro que demonstra qualidades que são inerentes em nós, não nos abnegamos: afinal, somos ótimos em querer tudo. Não somos os mestres da vaidade, achando que o mundo gira em torno de nós? A própria capa mostra isso, colocando o reflexo da heroína dentro da moldura de um espelho. Para vermos que ela é o nosso reflexo.
Mesmo tendo que deixar o meu egoísmo de lado e mandar o livro para outra pessoa, sei que a lição valeu. Henaph vai sempre me marcar porque sempre esteve do meu lado.
Ela é ou não parte de mim? E tenho certeza de que sua também.
Tá afim de um texto diferente entre tantas coisas que estão por aí? Quem sabe esse pode ser uma boa dica. Pode ser que vocês não gostem ou não o achem tudo isso, mas fazer o quê. Cada um tem a sua opinião. Eu gostei, oras! Rs
Só não se esqueça, ao abrir a primeira página, que muito que vai ver lá, mesmo imerso em fantasia, pode mostrar coisas que vocês não gostem. Nem todo mundo tem coragem de ver que os anjos não são tão bons assim... Na verdade, são até parecidos demais com a gente.