Maria - Blog Pétalas de Liberdade 04/03/2016Um livro que amo de verdade!Eu li esse livro em abril de 2015, mas acabei deixando a resenha nos rascunhos por, na época, não conseguir encontrar as palavras certas para dizer o quanto eu havia gostado do livro, mas hoje finalmente trago a resenha. Já fazia mais de um ano que "Quase verdade" estava na minha estante, eu achava a capa linda, a sinopse interessante, mas ia adiando a leitura. Até que veio o Desafio Literário Skoob de 2015 com o tema de abril: ler um livro que tivesse mentira, aí eu finalmente consegui encaixar "Quase verdade" na minha lista de leitura. Se eu tivesse lido ele antes, já teria tido a oportunidade de me divertir com a história maravilhosa do livro.
Ele é narrado em primeira pessoa por Cassie. Ela tinha dislexia, por isso não conseguiu terminar o Ensino Médio em uma escola normal e teve que recorrer ao supletivo após ser reprovada algumas vezes. Cassie não foi para a faculdade. Casou-se, mas não era feliz no casamento, até que ficou viúva. Aos 30 anos, ela voltou a morar com a mãe e precisava recomeçar a vida. Mas que emprego ela conseguiria sem formação?
"Penso em meu nome e em seu significado mitológico. Penso na maldição que Apolo lançou sobre Cassandra, fazendo com que ninguém jamais acreditasse nela. Uma fonte eterna de dor." (página 288)
Depois de entrevistas frustradas, Cassie decidiu dar uma incrementada em seu currículo, adicionar algumas informações que não eram verdade. Em resumo: Cassie mentiu em uma entrevista de emprego e conseguiu a vaga! Ela começou a trabalhar como assistente em uma renomada universidade na Califórnia.
"Então, agora sou só eu, sentada aqui, encarregada por todo o departamento de psicologia. Competente, profissional, confiável. Os alunos me abordarão em busca de conselhos. Os visitantes chegarão para compromissos. Sou a porteira. Mas ao contrário de Alison, serei gentil, prestativa, solidária. Subitamente, vejo o meu reflexo na janela. Meu cabelo está arrepiado e meu nariz está vermelho. Pareço o Bozo." (páginas 60 e 61)
Quando ela começou a conhecer o ambiente universitário, pouco a pouco Cassie foi descobrindo que poderia sim fazer um curso superior, que ela poderia encontrar formas de driblar as dificuldades que a dislexia lhe trazia. Consequentemente, a autoestima da personagem foi melhorando. Porém, e se alguém descobrisse que seu currículo era uma fralde? Cassie convivia diariamente com o medo de ser desmascarada, e esse dia chegaria.
"Mas o fato é que, mesmo que ninguém note, eu tenho novas teorias e ideias sobre a vida, um novo senso de como fazer as coisas darem certo. Chega uma hora, um ponto em que você sente uma linha imaginária - você está viajando por uma estrada, não sabe exatamente para onde está indo, mas sabe que está longe demais para voltar." (página 187)
Eu me lembro que me surpreendi muito com o livro, não esperava que uma história que misturasse reflexões sobre filosofia e o comportamento dos pássaros pudesse ser tão boa e divertida, mas foi! Faltou pouco, muito pouco, para que eu desse 5 estrelas para o livro no Skoob.
Cassie é uma personagem inteligente e que me cativou, me fazendo torcer muito para que ela se saísse bem no final. Aliás, me senti próxima dos personagens, mergulhei na história de forma que foi uma leitura rápida, mas que, ao mesmo tempo, eu não queria que acabasse.
Ah, tenho que falar sobre o bichinho de estimação da Cassie, alguns livros trazem cães ou gatos que roubam nossos corações, em "Quase verdade" temos um papagaio: o hilário Sam!
"Algumas horas depois, eu olho no espelho enquanto entro pela minha porta da frente. Meu cabelo ainda não está bem seco, mas está mais vivo, mais louro. Achei que ficou bom, mas o Sam, não. Ele dá um ataque quando me vê. Sacode a gaiola igual a um presidiário e arrepia as penas. E toda vez que eu me aproximo, ele fica recuando, grasnando 'Socorro! Socorro!'.
Eu gostaria que minha mãe nunca tivesse ensinado essa palavra, porque ele abusa dela. Como um lobo uivante... só que ele é um papagaio." (páginas 130 e 131)
Sobre a parte visual: vocês concordam comigo que essa capa é linda demais, né?! As páginas são brancas, a diagramação é simples, com margens, espaçamento e fonte de bom tamanho. Ah, o livro é dividido em capítulos curtos.
"Os gregos antigos acreditavam que tudo tinha a ver com o destino - quer os deuses sorrissem ou não para você. Aristóteles e Platão consideravam a felicidade um estado de perfeição quase impossível de se alcançar. Os primeiros cristãos acreditavam que o homem só podia ser feliz no céu. O Iluminismo desafiou essa teoria - o homem pode ser feliz aqui na terra, contanto que ele seja sagrado, artístico, brilhante, e muitas outras coisas que a maioria das pessoas não é. Os românticos insistiam que tinha tudo a ver com os sentidos - estar apaixonado, ficar inebriado, beber um bom vinho. Depois veio Freud, o corta onda, que disse que o homem jamais será feliz." (página 328)
Enfim, "Quase verdade" é um livro que gostei e que recomendo, especialmente para quem gosta de filosofia, natureza ou tem curiosidade por dislexia, todos esses assuntos são tratados de forma bem leve em uma história divertida e bonita, que fala sobre redescobrir as próprias capacidades.
Como estudante de Pedagogia, venho aprendendo que todo mundo pode construir conhecimentos, mesmo que algumas pessoas precisem de métodos diferentes. E vale ressaltar que o sistema de ensino de um curso superior pode ser bem diferente dos sistemas antiquados que alguns de nós infelizmente tenhamos enfrentado no Ensino Fundamental e Médio.
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