Neto 11/12/2012
A dança arrastada dos dragões
Apesar de achar difícil dizer que não é tão bom quanto os outros, ainda assim é um bom livro... afinal de contas, dá progressão à história que está sendo contada desde A guerra dos tronos.
O problema maior do livro está exatamente na sensação de progressão, no entanto, com PoVs lentos onde pouco acontece, e se torna uma experiência largamente espaçada e arrastada, principalmente com dois dos queridinhos da série: Tyrion e Daenerys (personagens que eu também muito gosto[ava], mas que me trouxeram momentos de grande marasmo e petulância em A dança dos dragões).
Outro problema também ocorre com a pouca sensação de um clímax chegando. A dança dos dragões me soou como um livro mais parado até mesmo do que A fúria dos reis (e infinitamente mais do que A tormenta de espadas), e, por não esperarmos um momento crucial chegando, não há tanto motivo para ler diversos capítulos seguidos (ainda mais porque sabe-se lá quando que vai sair o sexto livro da série). Essa sensação de climax chegando só vai ocorrer lá pelos PoVs finais do livro, enquanto o resto soa como um "Guia de viagens de Essos", com muita informação sobre a cultura para lá do mar de Westeros.
Grande destaque vai para Jon Snow, que deixou de lado o menino que havia dentro dele e se tornou um homem de verdade, com muito menos momentos de autopiedade.
Há também alguns PoVs de Bran, mas estes não me fedem nem cheiram, não faz lá muita diferença, pelo menos por enquanto, mas é um personagem carismático e até mesmo forte, dadas as suas condições físicas. Vamos ver como ele se sai em Os ventos do inverno.
Arya mais uma vez fantástica em seus poucos (dois ou três) PoVs espalhados espaçadamente pelos livros. A bravura, inteligência e perseverança da garota é certamente algo a se espelhar.
E o melhor personagem de Martin (e um dos melhores de todos os tempos), Theon Greyjoy, tem bastante destaque no livro, sendo seus PoVs os mais intrincados e sua personalidade se torna cada vez mais profunda. É um personagem com diversas facetas, e todas essas impostas conforme a situação manda, deixando-o confuso sobre quem ele é, quem deve ser e quem já um dia foi. Mas ele deve sempre, SEMPRE, lembrar-se de seu nome. E isso ficará marcado na memória do leitor para sempre.
Resumindo, é um livro-ponte para o início do desfecho dos inúmeros focos narrativos de As crônicas de gelo e fogo, e faltaram alguns personagens, como Sansa Stark, que terminou em um momento-chave em O festim dos corvos, enquanto outros tiveram poucos PoVs ou destaque, como Jaime Lannister e o povo de Dorne (apesar de Quentyn Martell ter papel fundamental a desempenhar perto de Daenerys, na longínqua cidade de Meereen).
Nem preciso dizer que o livro é fundamental, afinal de contas, só vai ler o quinto volume da saga épica de Martin quem leu e gostou os quatro anteriores. Um pouco mais de dinamismo teria feito bem ao livro, no entanto.