spoiler visualizarPedro 23/07/2022
Texto feito para vc Leitor que não gostou do Final, rs.
Depois que eu li o conto eu fui buscar informações sobre a história, e entender o contexto geral, para dar uma nota justa que compensasse o final, rs. A primeira observação importante (que inclusive o livro deixa bem claro) trata-se da continuação do conto do Assassinato da Rua Morgue em que nos é apresentado o primeiro detetive, Auguste C. Dupin, e um leitor atento percebe um "upgrade" na forma da escrita analítica do Autor, o fato de tecer sobre causas acidentais retrata bem isso.
Outro ponto importante, o conto é "inspirado" em um caso verdadeiro, o Assassinato da bela Srta. Mary Cecilia Rogers, ocorrido em Hoboken, New Jersey (cidade vizinha de New York) em 28 de julho de 1841, as margens do Rio Hudson, e pra mim essa transcrição do cenário e da História Real para a ficção ocorrida as margens do Rio Sena ganha muitos pontos!
E o autor faz isso com uma maestria ímpar, mencionando lugares de Paris, o clima, a relva, fazendo com que a gente conheça melhor o local da história, e neste conto diferentemente do primeiro o Ass. da Rua Morgue, esse conto não é focado na resolução de quem é o assassino, mas sim em como ocorreram os fatos, a descrição analítica do autor é extremamente racional, você consegue facilmente compreender o porque ele chega a tais conclusões.
Acho que o livro tem uma nota injusta aqui no Skoob, e na maioria das outras plataformas, muitos inclusive consideram esse o pior conto do Autor, o que eu discordo, e tal fato se deve a que muitas pessoas que avaliaram não gostam do final e gostariam de saber quem é o verdadeiro assassino, contudo a proposta do livro é outra!
E pra mim o Poe acerta no final, pois assim como no caso real de Mary em Hoboken, o conto criado pelo Autor não possui uma solução até os dias atuais, ninguém sabem quem é o assassino de Mary e nem mesmo o de Marie, e pra mim essa foi uma sacada genial, pois seria muita prepotência do Autor encontrar um assassino visto que a história real segue sem solução.
É envolvente, é mais narrativo que o primeiro (Rua Morgue), tem uma análise mais profunda e na minha opinião demonstra um amadurecimento da escrita e a criação de um estilo, não tenho dúvidas que Arthur Conan Doyle foi diretamente influenciado por Poe, e esse livro é uma grande prova disso.
Talvez Machado de Assis tenha cagado na tradução recortando partes do final? Sim, mas foi o Machado de Assis então nem vou entrar nesse mérito, e vou acreditar que se ele achou que não era importante é que provavelmente não era, rs.
Frase do Livro: É um mau hábito dos tribunais confinar evidencias e debates aos limites da relevância aparente. Ainda assim, a experiência mostrou, e a verdadeira filosofia sempre vai mostrar, que uma vasta parte, talvez a maior, da verdade surge daquilo que parece irrelevante.