Anderson Tiago 22/02/2014[RESENHA] Conan, o Bárbaro - Robert E. HowardConan, o bárbaro da Ciméria, já se tornou um personagem cult da cultura pop. Desde sua criação em 1932 por Robert E. Howard, Conan foi adaptado em livros, quadrinhos, filmes, séries, desenhos animados, RPGs, vídeo games e outras mídias. É inegável, no entanto, que a maior contribuição para a popularidade do guerreiro veio através do filme Conan, O Bárbaro; de 1982, e sua continuação, O Destruidor, de 1984, ambos estrelados por Arnold Schwarzenegger. Após um hiato de 27 anos, Conan volta ao cinema, dessa vez interpretado por Jason Momoa, e por mais que o filme tenha recebido críticas, é ele o grande responsável pelo lançamento do livro aqui resenhado.
O livro, lançado aqui no Brasil homônimo aos filmes de 1982 e 2011, é composto por um romance, o único escrito por Robert E. Howard, e por mais três contos do mesmo autor. A Hora do Dragão, também conhecido como Conan, O Conquistador, é a história principal do livro. Escrita em 1934, mostra o bárbaro em sua maturidade e de posse da coroa da Aquilônia. Apesar de amado pelo seu povo, o Rei é temido e odiado pelos inimigos, que recorrem ao feiticeiro Xaltotun para depor Conan. Uma vez deposto, vemos o Rei retornar à condição de mercenário em busca de recuperar o trono perdido. O cimério parte, então, numa jornada através de meio mundo para localizar a única arma capaz de derrotar o bruxo. O clímax são as batalhas, onde a superioridade numérica não se sustenta frente à força e à habilidade atlética do guerreiro.
“A bandeira do Leão balança e cai nas trevas assombradas pelo horror. Um dragão escarlate, nascido dos ventos da ruína, sussurra. Os brilhantes cavaleiros estão amontoados onde as lanças pontiagudas irrompem, e nas montanhas arrepiantes os deuses perdidos da escuridão despertam. Mãos mortas apalpam nas sombras e estrelas empalidecem de pavor; pois esta é a Hora do Dragão – o triunfo do medo e da noite.”
Além de A Hora do Dragão, a edição brasileira nos presenteia com três contos inéditos no Brasil. Além do Rio Negro, As Negras Noites de Zamboula e Os Profetas do Círculo Negro, são histórias anteriores à que dá ao início ao livro e se aproximam mais do Conan que conhecemos. Por esse motivo considero, que o grande atrativo dessa obra são exatamente esses contos. Neles, somos apresentados a um mais lado obscuro da Era Hiboriana criada por Howard, com seus demônios, feiticeiros, necromantes, sacrifícios humanos, canibalismo, o que faz com que considere o autor como um dos precursores da dark fantasy, estilo muito em voga hoje em dia.
“Seus olhos se afastaram dos olhares firmes de seus captores, e ele reprimiu um grito de horror. A poucos passos de distância, erguia-se uma pirâmide pequena e hedionda: era feita de cabeças humanas ensangüentadas. Olhos mortos miravam, vidrados, o céu negro. Entorpecido, ele reconheceu as feições que estavam voltadas em sua direção. Eram as cabeças dos homens que haviam seguido Conan para dentro da floresta. Ele não conseguia dizer se a cabeça do cimério estava entre elas. Só alguns rostos lhe eram visíveis. Parecia-lhe haver dez ou onze cabeças. Uma náusea mortal o atacou. Ele lutou contra a vontade de vomitar. Além das cabeças, jaziam os corpos de meia-dúzia de pictos, e ele sentiu uma exultação feroz àquela visão. Ao menos, os batedores da floresta haviam cobrado sua taxa.”
Uma característica do autor que não posso deixar de comentar é o evidente racismo. Os povos mais bárbaros, capazes das maiores atrocidades, são sempre descritos como negros ou escuros. Isso não é uma crítica ao autor, uma vez que ele se enquadra no que chamamos de “produto do seu tempo”, tendo nascido em 1906 no Texas. Depois de sua morte em 1936, Conan passou pelas mãos de outros tantos escritores, entre eles; Poul Anderson, Leonard Carpenter, Lin Carter, L. Sprague de Camp, Roland J. Green, John C. Hocking, Robert Jordan, Sean A. Moore, Björn Nyberg, Andrew J. Offutt, Steve Perry, John Maddox Roberts, Harry Turtledove, and Karl Edward Wagner.
Resenha assinada por mim para o site INtocados.
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