Nay C 22/02/2024
Passado e futuro se entrelaçam cada vez mais
O sétimo livro da saga Outlander começa emocionante e empolgante, com muitas informações, trazendo e respondendo várias perguntas, com um ar de mistério, bem do jeito que nos entretém e nos faz quebrar a cabeça. Houve cenas em que me senti voltando às origens de Outlander, aos conflitos familiares muito bem construídos, que trazem ânimo ao coração.
Além do ponto de vista de Claire, Jamie, Brianna e Roger, há mais destaque para o querido Ian, e novos pontos de vista: John Grey e William, filho de Jamie. Ter a visão deles na história traz um complemento à trama, é apresentada um olhar mais extenso do lado britânico e todas as implicações da guerra da independência dos EUA. Lorde John já era um personagem amado por mim, então acompanhá-lo não foi nem um pouco desagradável. Já William demorou um pouco para me conquistar e ainda não conquistou por completo... talvez por ele ser uma versão mimada e imatura de Jamie Fraser... como é possível que os dois filhos de Jamie e até seu primeiro neto sejam tão parecidos com Jamie?! Há também a inclusão de novos personagens, Rachel e Dr. Denzel, ótimos, carismáticos e superimportantes para o desenvolvimento de toda a história.
As interações entre Claire e Jamie continuam românticas, engraçadas, emocionantes e muito relevantes, o casal é o cerne da história. A vontade de Jamie em ser suficiente para sua esposa e sempre se preocupar com ela. A demonstração de força de Claire diante de todas as adversidades, mesmo temerosa ela segue em frente. Gostei de ver a fragilidade de Claire, que agora sente mais o peso da idade. Ela aparenta ser mais jovem, tem uma boa saúde, mas não é mais uma jovem moça, tem mais de 50 anos, e uma hora as implicações da idade chegam para todos. A exaustão dela em cuidar dos feridos mostra o quão real é a mulher, quantas fases ela passou e permanece com sua essência, porém evoluída, forte e fraca, obstinada e sábia, carregando consigo toda a alegria e sofrimento.
?- Quando um homem morre, é apenas ele. Sim, uma família precisa de um homem, para alimentá-la, protegê-la. Mas qualquer homem decente pode fazer isso. Uma mulher... - Seus lábios se moveram contra as pontas dos meus dedos, com um leve sorriso. - Uma mulher leva a vida com ela quando morre. Uma mulher é... possibilidade infinita.?
Interessante também ser reapresentado o dilema de Jamie e Claire interferirem ou não nos fatos históricos, ainda mais quando eles estão perto e até interagem com figuras históricas reais, que Claire tem conhecimento sobre. As indagações sobre a possibilidade da viagem do tempo, principalmente vindas de Roger criam muitas teorias na minha cabeça, e adoro ficar pensando sobre elas.
O que eu mais gostei desse livro foi acompanhar Brianna, Roger e as crianças no futuro, as interações entre eles, todos se (re)adaptando à nova realidade e os mistérios que os cercam, que não são poucos. Brianna permanece a mulher forte e prática que sempre foi, e mesmo com certa relutância de Roger, vai atrás de um emprego. Continuo gostando muito de Roger, que para mim é a descrição de um homem real, e mais uma vez penso que talvez Brianna precisasse de um marido que a apoiasse mais, parece que só ela tem a atitude e a responsabilidade de tomar as decisões difíceis e Roger deixa a cargo dela, sendo negligente com isso, focando muitas vezes em si próprio.
Há um foco maior nas batalhas, que muitas vezes são até insignificantes para os livros de história, mas importante para a vida de cada personagem ali, até porque foram batalhas reais. Algumas situações considero dispensáveis e um pouco forçadas para o desenvolvimento da trama, dando a impressão de que a autora não tinha mais assunto para explorar; outras poderiam não existir, mas levam a pensar que, se não estivessem ali, como seria o destino dos personagens? O impacto seria menor ou maior sem aquela situação?
Alguns pontos específicos da última parte do livro foram bem corridos e pouco desenvolvidos, como se estivessem presentes apenas para ter um gancho para o próximo volume. Fiquei curiosa? Sim. Vou continuar a leitura? Sim, porque amo Outlander, mas penso que poderiam ter sido apresentados de uma outra forma, principalmente com mais profundidade.