Aventuras na História Nº 80 (Março de 2010)

Aventuras na História Nº 80 (Março de 2010) Abril



Resenhas - AVENTURAS NA HISTÓRIA nº 80


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z..... 21/04/2015

21 de Abril...
A edição é de março de 2010 e hoje dei uma conferida apenas na reportagem de capa "Joaquim José, o Tiradentes". A reportagem vê o homem antes do mito, que costuma ser exagerado. A primeira ilustração já desconstrói a correlação com Cristo, mostrando Tiradentes com cabelo raspado e barba feita no enforcamento (fato comum para facilitar o ato).
O que se revela é um homem idealista e visionário, pautado em suas descobertas e talentos.

Tiradentes foi idealista porque, além da insatisfação com as arbitrariedades portuguesas, através dos livros e contatos com pessoas politizadas conheceu o Iluminismo e a história da independência das colônias americanas (veio dos iluministas os ideais de fraternidade, igualdade e liberdade). Imagino o alferes viajando em obras de Rousseau, Montesquieu, John Locke e Voltaire, discutindo com seus amigos conjurados (Tomás Antonio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Claudio Manoel da Costa, entre outros) os desmandos da Coroa e injustiça social, almejando a liberdade e a autonomia política (como inspirava também a recente independência dos norte americanos das garras inglesas em 1776 - podia-se pensar que o Brasil era maior, mais rico ou com potência para isso). Os conjurados eram politizados (entre fazendeiros, militares, poetas, ricos, religiosos, etc e tal), unificados nos propósitos (por interesses próprios ou ideológicos) e dispostos à luta pela liberdade (José Silvério dos Reis estava na cota daqueles motivados por interesses próprios pelas dívidas com os portugueses e, como muitos, talvez ameaçado de falência com a famigerada "derrama").

Tiradentes era visionário porque tinha planos ambiciosos de urbanização, planejando drenagens de mangues, canalizações, instalação de moinhos e melhorias do porto. A revista cita isso como planos elaborados por ele.
Era consenso da Conjuração, além da criação de um estado livre, a independência econômica com investimentos na produção dos bens necessários e em universidades. Com a corrida do ouro tudo se concentrava na dependência de produtos portugueses, e toma-te carestia, exploração e aumento das dívidas (acumuladas para serem cobradas na derrama).
Assim foi o homem, visionários em seus ideais e prático em soluções.

A parte logística foi descrita. Os conjurados tinham como gatilho o dia da derrama, onde se manifestariam contra ganhando o apoio popular. No entretém da confusão, partidários invadiriam o centro do poder e dominariam (sem meias palavras, matariam mesmo) a autoridade maior, o Visconde de Barbacena, estabelecendo um governo próprio e provisório que caminharia para um poder republicano. O objetivo era a capitania mineira, mas o movimento incendiaria e espalharia em outras (Rio, São Paulo e Bahia), ganhando adesão e força política. Aí Portugal já era diante de um povo motivado e unificado.
Não deu certo porque o dia da derrama foi demorando e o celerado do Silvério junto com outros (não foi só ele traidor) acabou dando uma de caguete pelo perdão de suas dívidas. Os conjurados foram presos e receberam sentenças específicas de exílio ou morte. Tiradentes, segundo consta, assumiu a posição de maior influência na conjuração, gerando a reversão da pena de morte de amigos em degredo. Isso talvez tenha sido satisfatório para os portugueses, pois o movimento ficaria marcado pela iniciativa de um reles e talvez louco alferes, no meio de outras pessoas tão distintas como tinha o movimento. Tiro pela culatra! O homem foi elevado a uma posição mítica de força e representatividade popular, transformando-se em herói ideológico e inspiração para outros movimentos. Ainda mais quando foi executado e esquartejado, tendo os bens confiscados e a casa destruída e salgada, numa tentativa de intimidação portuguesa.

Herói é uma figura emblemática e costuma ser lapidada segundo interesses. A Conjuração não se resumiu a Tiradentes e sua figura mítica suplanta hoje quem foi. Cláudio Manoel da Costa, por exemplo, também morreu na prisão (falam de suicídio, mas é provável um assassinato, já que era uma das pessoas mais ricas de Vila Rica e assim ter poder e influência, além de facilidades na aquisição de recursos).

A história se desenrolou mais ou menos nesses termos, o teor da revista.
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