O País das Neves

O País das Neves Yasunari Kawabata




Resenhas - O País das Neves


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Mariana Dal Chico 29/05/2024

“O país das Neves” de Yasunari Kawabata, autor laureado com o Nobel de Literatura em 1968, foi publicado no Brasil pela @estacaoliberdade com tradução do japonês por Neide Hissae Nagae.

Shimamura é um homem casado que uma vez ao ano deixa sua família na agitada Tóquio, onde leva uma vida monótona às custas da herança recebida dos pais e parte para o País das Neves. Um recanto de águas termais nas montanhas onde visita Komako, que no ano anterior era apenas uma aprendiz de gueixa, mas agora completou sua preparação e atende algumas casas.

O relacionamento de Shimamura e Komako é complicado, propositalmente indefinido e fica ainda mais caótico com a presença discreta de Yoko, que entra na narrativa com uma bela passagem sobre seu rosto refletido na janela do trem se fundindo à natureza externa.

Algo que parece estar sempre presente na escrita do autor é o esmero pela descrição da natureza, ele o faz como se fosse possível pintar a paisagem na mente do leitor e, a partir daí, conecta e cria com esmero suas personagens femininas. Já os personagens masculinos, sabemos apenas o básico para a história ser contada.

Essa não é uma história fechada, com certezas, começo, meio e fim. Ela é abstrata, nostálgica repleta de flashbacks, com abertura para ser interpretada por cada leitor a partir das suas vivências. O que mais me tocou foi a forma como a efemeridade, solidão e a hesitação diante da perspectiva de mudança são abordadas.

O autor parte do princípio de que seus leitores têm conhecimento básico sobre a cultura japonesa, principalmente sobre as gueixas, já que ele não explica nada sobre elas, a não ser a descrição do quotidiano especificamente de Komako. Por isso, deixo aqui a dica de pesquisar um pouco sobre o assunto antes de começar a leitura e durante ela, procurar saber um pouco mais sobre temas que desconheça, isso vai enriquecer sua experiência de leitura.

Gostei da leitura, mas ainda prefiro “A dançarina de Izu”, o próximo do autor já está escolhido: “Mil Tsurus”.

site: https://www.instagram.com/p/C7kFTIrv5rp/
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Keiti0 24/04/2024

O País das Neves
Terceiro ou quarto do Kawabata que pego que sinto essa relação entre tempo, encontro e significância. Esse em especial continha várias descrições belíssimas desse "país das neves" onde Shimamura ia passar a temporada.
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Book 'n' Beverage 20/01/2024

Lento...
Ultimamente tenho lido muitos livros de autores japoneses e sul coreanos, então resolvi finalmente conhecer mais um vencedor do prêmio Nobel, Yasunari Kawabata. Outro autor japonês que se suicidou, que loucura. A história conta o relacionamento de um homem adúltero e a gueixa que ele visita anualmente por longos períodos. Enfim, tenho dificuldade de engatar em leituras muito descritivas (natureza, roupas, ambientes), sei que há uma beleza poética nessas descrições, mas a verdade é que quase sempre elas me cansam. Não era pra ser uma leitura empolgante, eu sei, porém também não foi outra coisa.
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LucasMiguel 12/01/2024

Após ‘a casa das belas adormecidas’, este é o segundo livro que leio do autor japonês vencedor do prêmio Nobel.
Como é típico da literatura japonesa, a escrita deste romance curto é extremamente sensível e preza pela análise minuciosa dos detalhes, do cenário e dos sentimentos. Aliás, Kawabata possui extrema habilidade em misturar ambos e fazer uma se imiscuir na outra.
As histórias de Shimamura, Komako e Yoko são carregadas de solidão (não à toa este autor foi um dos mestres de García Márquez) e de melancolia, como se nevasse nos corações dos personagens.
Obcecado pela limpeza das mulheres com quem se relaciona (talvez esta obsessão seja mais moral que física), Shimamura sai de Tóquio para praticar escalada nas montanhas em um local remoto do Japão e sempre se instala em uma espécie de hotel que fornece gueixas para acompanhar os clientes durante a estadia.
A narrativa evoca estas viagens e se inicia com Shimamura retornando ao país das neves para se reencontrar com uma aprendiz de gueixa chamada Komako, de quem havia se afeiçoado, e mostra o espanto do personagem ao avistar, pelo reflexo do vidro do trem, a imagem de uma mulher que o deixa maravilhado por sua beleza triste. As descrições poéticas que Kawabata faz deste maravilhamento, notadamente quando mistura a imagem refletida da mulher com a paisagem fria da montanha, é de uma sensibilidade estonteante.
Como já apontado, uma das características mais admiráveis deste romance é justamente esta aglutinação promovida pelo autor da natureza e do clima com o sentimento vivido pelos personagens. Desde o gelo de suas melancolias até o fogo abrasivo das revelações finais.
Há em Shimamura um sentimento de alheamento e de incompletude que o atira em um platonismo radical: possui uma esposa em quem deposita toda sua carga de realidade insípida; uma gueixa, Komako, em quem é depositado grande investimento libidinal; e um ideal, Yoko, a bela, distante e inalcançável que despertou, neste estrangeiro de si mesmo, enorme interesse ao ser avistada pelo reflexo de um vidro.
A imagem refletida não é ao acaso: o reflexo de uma imagem deixa o objeto real alienado do mundo, como um ser espectral, imaginado, idealizado...por isso Yoko é o ideal perseguido, embora frio e distante.
Já Komako é fogo (não por acaso seu rosto sempre é descrito como avermelhado), e sua personalidade incandescente e explosiva.
Por esta razão, o livro trata da melancolia incurável que nos acomete; este sentimento de eterna incompletude que é marca indelével da nossa existência desde o nosso doloroso desenlace infantil, que nos retirou da unidade com o Todo e nos arrastou violentamente para o reconhecimento de um mundo de seres individuais, e nos compeliu a construir um “eu” que, não importa o quanto idealizamos da vida, e não obstante as inúmeras conquistas, haverá sempre um sentimento frio e abrasivo de incompletude a nos consumir.
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Lasse_ 09/12/2023

O oriente permanece um mistério
A verdade é que poucas pessoas lendo e resenhando Kawabata compreendem sua literatura. Algumas das notas baixas vêm com comentários sobre como nada acontece, como os personagens e suas relações não são desenvolvidos, e ainda uma estranha, talvez até de certa forma desagradável retratação da feminilidade (quer dizer, já vi mais de uma pessoa acusar o Kawabata de machismo por esse livro e outros) e a relação entre o feminino e o masculino. Daqui notamos uma diferença cultural profunda. A literatura do Kawabata é pra ser lida assim como um chá deve ser apreciado. Existem inúmeras sutilezas que fazem com que o leitor deva se atentar a certa poesia que reside nas mais banais ações cotidianas.

E assim tão sutil também é o desenvolvimento do enredo. Pr'O País das Neves (que é Niigata), cada personagem muda como as estações, e suas mudanças não são completamente óbvias, principalmente porque os intervalos de tempo entre capítulos não são enfatizados, e aqui há mais uma necessidade de atenção pro leitor. E isto é parte daquilo que faz essa narrativa bela.

A propósito, Kawabata olha pro seu protagonista com desprezo. Isso também é sutil.

site: https://www.goodreads.com/review/show/6008256853
Amanda 16/12/2023minha estante
Perfeito! Tô doida pra ler




Daniel Andrade 08/12/2023

Enredo ok, ambientação perfeita
Se o enredo fosse tão bom quanto a ambientação, seria 5/5. Poucas vezes consegui visualizar tão bem uma paisagem quanto nesse livro. A história em si é legal, mas faltou algo para me agradar mais. Quem sabe encontre em outros livros do Kawabata.
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Joanva 03/12/2023

País das neves
Em resumos simples, a história nos conta a vida do jovem Shimamura E das suas viaje as montanhas nevadas do Japão, onde conhece a geixa kumiko, dama de companhia japonesa, e começa entre eles uma pequena história de de romance que apesar da sua curta duração está cheia de sentimentos que inundan o leitor em pensamentos sobre sua estranha relação.

A escrita do autor começa a cobrar vida aos poucos com cada página que passa, con uma escrita um pouco densa mas cheia de emoções cada vez que o leitor se detém a refletir o desenrolar da história que apesar de não ser cheia de altos e baixos, faz refletir sobre personagens e suas intenções e sentimentos, tão complexos como os de qualquer humano.

Pessoalmente comecei a gostar do livro mais no final e tempo depois de telo lido, principalmente, por causa da densidade da escrita que apesar de não ser tão alta, carregava muito sentimento mais se tratando de algo tão complexo como o amor e relações humanas, não e um livro para quem busca uma grande história, mas serve bastante para nós desintoxicar de histórias cheia de complexos enredos e muita ação.

Este livro recomendo mais para pessoas com uma leitura um pouco mais avançada já que eu mesmo me perdi em alguns trechos, mas entro na lista dos melhores livros que li esse ano.
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Steeffany 28/11/2023

Terminei o abandonado!
Resenha rápida: Começo fluido, meio com muitos flertes e chato e final repleto de dissociações filosóficas do personagem principal com relação a via láctea. Não foi o que eu esperava, mas ao mesmo tempo foi sim.
Uma estrela pela ótima escrita de descrição e "pintura" das paisagens + cultura japonesa na história.
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O-leigo-varrido 30/10/2023

Um livro sereno e, num certo momento, bruto
os dois livros de Kawabata que li são muito diferentes de qualquer outra literatura que eu já tenha lido. Neste aqui, as paisagens, os acontecimentos e as emoções são com frequência condensadas entre si na finalidade de expressar a impressão do todo - coisa que fica clara na primorosa cena inicial e na inesperada cena final. Na verdade é como se só isso ficasse na memória do leitor após leitura, o início e o fim - mas, se este também for um interessado pela tradição japonesa, certamente guardará algumas referências da música de nagauta que há no meio. Enfim, boa obra pra se ler num domingo??
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Maria.Batagin 09/10/2023

Ocidental
Um livro gostoso de se ler, poético e cheio de detalhes como ambientação, cores, paisagens e costumes da cultura ocidental.
Escrito em 1948 tem que ler pensando muito nos costumes e épocas.
Valeu demais a leitura.
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Lucas 11/09/2023

Impressionismo Japonês
Livro muito bom, com uma descrição impressionista e surrealista de um local montanhoso no Japão, que serve de cenário para a relação de um homem, que mora na capital e vem enventualmente às montanhas, com uma gueixa. Há ainda uma terceira mulher, mas com passagens mais rápidas, ainda que importantes.
O escritor utiliza de um lirismo impecável, além de abusar (não no sentido ruim) de sensopercepção, sinestesia e, em alguns momentos, um transe.
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Diego Rodrigues 24/05/2023

"O passado é uma roupa que não nos serve mais"
Para muitos, a obra prima do escritor japonês, e vencedor do Nobel, Yasunari Kawabata. "O País das Neves" foi publicado em sua primeira versão em 1937 e teve sua versão definitiva finalizada após a Segunda Guerra Mundial. O breve romance gira em torno do excêntrico professor Shimamura, que visita uma região montanhosa do Japão em busca de uma gueixa que conheceu anos atrás. A montanha, a neve e a beleza da jovem Komako exercem certo fascínio no nosso protagonista, que de tempos em tempos deixa a conturbada capital e a monotonia do lar para visitar a região conhecida como País das Neves. Envolta em mistério, melancolia, sensualidade e elementos da natureza, a estadia de Shimamura acaba se revelando uma constante busca pelo "eu".

Kawabata é dono de uma das escritas mais bonitas com que já me deparei. Marcada por lirismo e um sensorialismo exacerbado, sua narrativa consegue nos transportar facilmente para outras paragens. No caso, para um pequeno vilarejo coberto de neve em meio as montanhas japonesas. Nem preciso dizer o quanto esse livro é aconchegante na companhia de uma xícara de café, né? (em especial, para aqueles que gostam de um friozinho). A obra também nos apresenta vários elementos da cultura japonesa, como as gueixas, o som do shamisen (instrumento musical típico), a tecelagem do chijimi (tecido produzido no Japão) e alguns costumes populares. Como resultado, temos uma leitura sensível e contemplativa, desprovida de grandes acontecimentos, mas rica em significação.

É um livro que trata, de forma muito delicada, da passagem do tempo e da efemeridade das nossas relações, como amamos e deixamos de amar, desejamos e deixamos de desejar, e a dificuldade em deixar pra trás aquilo que deve ser deixado. Um sentimento de nostalgia permeia toda a obra, não por acaso repleta de flashbacks e alusões a espelhos e imagens sobrepostas. Shimamura é o tipo de personagem que olha muito pra trás e se perde facilmente em seus devaneios, parece sempre retornar a montanha em busca de algo que já não existe. Mas, como dizia Belchior, "o passado é uma roupa que não nos serve mais". Talvez todos nós tenhamos uma "montanha" para a qual gostaríamos de retornar nos momentos difíceis. Afinal, o passado sempre deixa marcas. Mas é importante aprender com o mesmo e superá-lo, ou corremos o risco de viver eternamente em um País das Neves.

site: https://discolivro.blogspot.com/
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Yuri 20/04/2023

Livro diferente, com uma história não muito cativante em si, mas o que me chamou a atenção é a atmosfera, o ambiente da história. É uma mistura de ares, de vibes, de energias, que parece que entram em você. Parece que você pode sentir a história dentro de si. Bem interessante!
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Nicolas388 18/04/2023

Atravessava-se um longo túnel e lá estava o País das Neves. A noite assumiu um fundo branco."
Muitas vezes dito como a obra-prima de Kawabata Yasunari, o livro trata sobre uma relação fadada ao fracasso entre as montanhas do Japão. Shimamura, um escritor medíocre e de boas condições, conhece Komako, uma gueixa desamparada, em um resort de águas termais.

A escrita de Kawabata é extremamente rica. Ele matiza as cenas, a natureza e os cenários com uma sensibilidade de pintor, como se toda história pertencesse ao todo de uma pintura.

Não pela escrita, porém me demorei para engajar na história por conta de seus personagens. Shimamura é um homem entediado, quase um niilista, ao passo que Komako manifesta uma bipolaridade. O autor, mais tarde, descreveria Shimamura como "um espelho que reflete Komako", que, não por acaso, foi inspirada em uma gueixa que Kawabata conheceu.

A relação dos dois é extremamente ambígua, de uma beleza e tristeza que repercute por toda a obra, seja nas descrições ("Era uma voz tão bela que chegava a ser triste"), seja nas metáforas visuais nas quais o escritor irá se apoiar para a composição da moldura desta história.

O final é aberto, mas me parece muito interessante esta característica de uma história sem delimitações entre seu começo e fim, algo muito presente não só na literatura de Kawabata como na literatura japonesa em geral. Em uma entrevista (disponível no YouTube com legendas em português, para quem tiver interesse), Kawabata irá explicar sobre este aspecto em suas narrativas: "Essas peças terminam a história em um ponto em que há uma nova história por vir."

site: https://youtu.be/kyco3qr_WVE
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bimbicobimboca 29/03/2023

O início desse livro e o final são das coisas mais lindas que já li na literatura. O que me enche de conflitos é o intermédio entre os dois (inicio, fim), que por tantas vezes me pareceu cansativo ou enfadonho. É uma obra linda, esteticamente detalhada, as paisagens são tão importantes quanto os personagens; a cultura é demostrada com uma tendência fronteiriça entre o real e o metafísico... Tudo é tão condensado, hermético, triste, repetitivo, imersivo... Fico sem fôlego. E é por isso que não consigo mais dizer que não gostei de "O País das Neves". Ainda agora, a história não me sai da cabeça. Ouço os ecos da voz da Komako, sinto o frio das relações elaboradas, quero que todos se salvem de sí.
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