Virgínia 22/05/2021"O que estava morto agora vive."[Releitura 22/05/2021]
Alfredo é um homem soberbo que se tem em tão alta conta que não aceitou o fato da namorada Clara o deixar e partir com um florista. Na sua concepção, um simples florista não poderia ser igualado a um intelectual com a carreira em ascensão como a dele. Devido a sua arrogância e prepotência eu vive os dias pós abandono de Clara deprimido e em profundo sofrimento. Obviamente ser abandonado por alguém que se ama deve ser decepcionante e doloroso, mas parte da dor de Alfredo foi causada pela incompreensão de ter sido abandonado por alguém que ele considerava inferior a ele.
Alfredo começa a se corresponder por meio de cartas com Abner, um professor universitário aposentado que teve uma prestigiosa carreira e que vive em reclusão. O livro é um romance epistolar e, por meio das cartas trocadas por Alfredo e Abner, acompanhamos o desenvolver da amizade dos dois e o amadurecimento do Alfredo.
Estou meio incerta se gostei ou não da revelação que foi feita no fim, mas a leitura do livro foi enriquecedora.
Tendo como metáfora o cuidado de um jardim para a maneira com que lidamos, tempo de esperas do Pe. Fabio de Melo é um belo livro sobre perdão, leveza, autoconhecimento e recomeços.
“A arrogância não me permitiu encarar as perdas da vida. A minha fragilidade estava coberta de cera, numa tentativa de camuflar inseguranças que possuo. A vida me distanciou de minha mãe, de meu pai. Repudiei tudo o que fazia parte daquele mundo simples em que fui criado. Busquei nos estudos uma forma de diminuir o medo que sentia.
Hoje eu posso ver tudo de um jeito mais claro. Feliz a hora em que resolvi lhe procurar, meu querido amigo. Feliz a hora em que decidi lançar sobre a terra as mazelas do meu coração.
Ao iniciar o plantio de meu jardim, eu tive a oportunidade de reencontrar-me com o rosto de um Deus misericordioso. O mesmo a quem minha mãe me apresentou, mas que a vida me fez repudiar e esquecer.
Obrigado por misturar a palavra santa na terra de minha casa. Foi no meio de sementes, estercos, terras e alegrias que Deus resolveu florescer em minha história.” p.150