Nazrat 07/06/2024
Sem provas, só convicções
Pois então. Reli esta obra maravilhosa. A "polêmica" da traição já devia, a esta altura, estar superada. Pois o que o livro trás realmente é um narrador que advoga a seu favor. Tenta não dar espaço para que o leitor interprete. Pelo contrário, mastiga ao máximo, manipula. E achei interessante um comentário de que o narrador não é o Bentinho, aquele jovem. Mas o Casmurro, com toda sua persecutoriedade.
Há muito de sugestionável e de uso dos seus privilégios - até mesmo como detentor da única narrativa - na personalidade de Bentinho/Casmurro. Se antes usava as pessoas para não ser padre e para se casar com Capitu, depois usa pessoas para nos convencer de sua paranoia, que custou seu relacionamento conjugal e como pai.
Todos morrem. Menos um, aquele que sobrou e que seria a única fonte da qual tomamos conhecimento da história. Hoje em dia um teste de DNA resolveria a questão (imagino a cara do Bento com a confirmação de sua paternidade, em um certo programa de auditório). Mas que bom que tal tecnologia não existia naquela época, foi o que, também, possibilitou este livro.
Machado de Assis, obrigado pela sua genialidade, por nos legar escritos tão humanos e relevantes!