Charneca em Flor

Charneca em Flor Florbela Espanca
Florbela Espanca




Resenhas - Charneca em Flor


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Bernardoo 30/05/2024

Charneca em Flor - Florbela Espanca
Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!

O mundo quer-me mal porque ninguém
Tem asas como eu tenho!
Porque trago no olhar os vastos céus,
E os oiros e os clarões são todos meus!
O jardim dos meus versos todo em flor,
A seara dos teus beijos, pão bendito

Os meus gestos são ondas de Sorrento...
Trago no nome as letras de uma flor...
Foi dos meus olhos garços que um pintor Tirou a luz para pintar o vento...

E esta ânsia de viver, que nada acalma,
E a chama da tua alma a esbrasear
As apagadas cinzas da minha alma!

Talvez um dia entenda o teu mistério... Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!

Fui essa nau que não voltou...

Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda gente!

A mocidade esplêndida, vibrante,
Ardente, extraordinária, audaciosa,
Que vê num cardo a folha duma rosa,
Na gota de água o brilho dum diamante.

Quem nos deu asas para andar de rastros? Quem nos deu olhos para ver os astros
? Sem nos dar braços para os alcançar?!...

Sou eu! Sou eu! A que nas mãos ansiosas Prendeu da vida, assim como ninguém,
Os maus espinhos sem tocar nas rosas!

São mortos os que nunca acreditaram
Que esta vida é somente uma passagem,
Um atalho sombrio, uma paisagem
Onde os nossos sentidos se poisaram.
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Day 14/05/2023

-Sei lá quem Sou?! Sei lá! Sou a roupagem
Melancólico ,sensível,e intenso.
Estes poemas me faz sentir coisas.
(Não sei explicar.)

Pena dessa má hora em que nasci...
De não ter asas para ir ver o céu...
De não ser Esta... a Outra... e mais Aquela...
De ter vivido e não ter sido Eu...

-
Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
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Zé Vinicius 14/03/2023

Sensível
Bonito, comovente e intenso é nessas palavras que posso definir Charneca em flor, um livro com uma sensibilidade imensa principalmente quando conhecemos a história da autora, entre os tantos poemas bonitos favorito aqui dois: "Amar!" e "In memoriam", indico ler ambos mesmo que seja fora do livro.
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Lali 28/12/2022

Florbela estava muito a frente de seu tempo. Passeava por temas pouco ortodoxos para uma mulher em sua posição, se posicionava de maneira intensa, sem medo de expor seus anseios, seus desejos, seus amores, seus ódios. Primoroso.
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Max 16/10/2022

Uma flor bela de alma...
"Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar..."

Florbela sempre esteve à frente do seu tempo, sofreu e viveu tanto que para nossa sorte deixou poemas como esse... Recomendo!
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Alina Maria 17/09/2022

"Dize-me, Amor, como te sou querida,
Conta-me a glória do teu sonho eleito,
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,
Arranca-me dos pãntanos da vida."

Reli a obra e é tão interessante a perspectiva da Florbela e a escrita dela.
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Bea 16/12/2021

Lindo e Melancólico!
Extremamente lindo e melancólico por inteiro!
Há poemas que tocam mais do que outros mas não deixa de ser um bom livro pra ler de coração aberto, se permitindo sentir...
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Joao.Barradas 08/11/2021

Florbela Espanca (1894-1930)
?Até agora eu não me conhecia,
Julgava que era EU e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia.?
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Carla.Zuqueti 16/07/2021

Lindo
?Enche meu peito, num encanto mago,
O fremito das coisas dolorosas?
Sob as urzes queimadas nascem rosas?
Nos meus olhos as lágrimas apago? ?

?E nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu burel,
E, já não sou, Amor, soror saudade? Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!?


?Charneca em Flor? é uma das mais famosas obras da poetisa portuguesa Florbela Espanca.

Uma das mais importantes figuras femininas da literatura portuguesa, Florbela, nascida filha ilegítima de João Maria Espanca e Antônia da Conceição Lobo, foi criada pelo pai e sua esposa Mariana Espanca.

Foi uma mulher a frente de seu tempo. Seus poemas são compostos por temas como solidão, erotismo, sofrimento e a busca pela felicidade.

Eu que estou em um momento de amar poesias, me encantei pelo livro e pela história da poetisa, que teve uma breve e intensa vida, ao se casar 3 vezes e se suicidar no dia do seu aniversário de 36 anos.

?E é amar-te, assim,
perdidamente?
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda gente!?

Literatura Clássica ?
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Bruna 24/06/2021

É ter fome, é ter sede de infinito
SER POETA
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente
- Florbela Espanca, charneca em flor
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Tai | @livrosecha 29/01/2021

?Sou a charneca rude a abrir em flor!?
Nessa antologia os temas são: identidade, amor, morte e o próprio escrever. Florbela medita em quem é e como gostaria de ter sido; faz perguntas filosóficas sobre a existência, sobre Deus... É profunda e singela, dolorida e agonizante. Há muito sentimento em Florbela...
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Patriccia12 01/10/2020

Despedida
Quanta dor e tristeza refletida em poemas. Poucos meses depois da publicação deste livro Florbela se suicidou.
O livro é um pedido de socorro, muitas despedidas... Nitidamente ela estava sofrendo...
São poemas lindos, tristes e lindos...é uma despedida.

A UM MORIBUNDO

Não tenhas medo, não! Tranqüilamente,
Como adormece a noite pelo Outono,
Fecha os teus olhos, simples, docemente,
Como, à tarde, uma pomba que tem sono...
A cabeça reclina levemente
E os braços deixa-os ir ao abandono,
Como tombam, arfando, ao sol poente,
As asas de uma pomba que tem sono...
O que há depois?
Depois?...
O azul dos céus?
Um outro mundo?
O eterno nada?
Deus?
Um abismo?
Um castigo?
Uma guarida?
Que importa?
Que te importa, ó moribundo? - Seja o que for, será melhor que o mundo!
Tudo será melhor do que esta vida!...
??
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Capitu 21/09/2020

Para corações deprimidos e apaixonados
Charneca em Flor é um volume de poemas da escritora Florbela Espanca, publicado em 1931 após sua morte. São sonetos simples de uma mulher que está sempre em busca do amor, são poemas melosos e românticos, que me fazem voltar aos meus 13 anos de idade e ao sofrimento da minha primeira paixão.
Florbela Espanca sabe usar com destreza a arte da palavra, escreve com sutileza e muita beleza, seus poemas apesar de simples, trazem uma grande carga emocional para quem lê. O livro Charneca em Flor traz temas como o descanso após a morte, a sensualidade implícita, a busca pela reciprocidade do amor, a tragédia. O que eu acho mais interessante é sentir esse peso e essa avalanche de emoções mesmo ela usando palavras tão bonitas que nos remetem ao paraíso e ao sagrado, mesmo estando no inferno emocional, Florbela me transportou para os lugares mais lindos através de sua poesia.
Florbela Espanca foi uma notável poetisa, mas sua vida não foi nada fácil, filha de um relacionamento extraconjugal do pai com a empregada, ela e seu irmão Apeles, o qual era muito ligada. Perdeu a mãe muito cedo, casou-se 3 vezes e teve alguns abortos, e ao fim de sua vida descobrira que sofria de neurose, tentou dois suicídios e o terceiro foi fatal. Em vida fora uma brilhante poetisa, que cursou Letras e Direito e ganhou importantes prêmios: Prémio António Vaz Leitão; Prémio de Literatura Portuguesa; Nós Poéticos.
Curiosidades:
.Florbela Espanca foi contemporânea de Fernando Pessoa, há uma dúvida de que após a morte de Florbela, Fernando tenha escrito um poema em sua memória, mas isso não foi confirmado, mas foi achado nos espólios dele:
À MEMÓRIA DE FLORBELA ESPANCA
Dorme, dorme, alma sonhadora,
Irmã gémea da minha!
Tua alma, assim como a minha,
Rasgando as nuvens pairava
Por cima dos outros,
À procura de mundos novos,
Mais belos, mais perfeitos, mais felizes.
Criatura estranha, espírito irrequieto,
Cheio de ansiedade,
Assim como eu, criavas mundos novos,
Lindos como os teus sonhos,
E vivias neles, vivias sonhando como eu.
Dorme, dorme, alma sonhadora,
Irmã gémea da minha!
Já que em vida não tinhas descanso,
Se existe a paz na sepultura:
A paz seja contigo!

. Outra curiosidade é o poema FANATISMO interpretado na música composta por dois ótimos músicos brasileiros Zé Ramalho e Fagner.
Fanatismo
Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No mist'rioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!...

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!..."

"Livro de Sóror Saudade"
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