Fabio Shiva 14/09/2017
T & T
Mesmo sendo um consumado fominha de Agatha Christie e tendo lido boa parte de seus livros duas e até três vezes, deixei esse “Um Pressentimento Funesto” (e no original em inglês ainda por cima!) ficar comendo poeira na minha estante por nada menos que doze anos, antes de finalmente me animar a lê-lo. O motivo para ter encontrado outros livros para passar na frente desse por tanto tempo é simples: não gosto das aventuras do casal Tommy e Tuppence, que protagonizam essa história de Agatha. Na mesma medida em que acho as tramas policiais de Agatha geralmente brilhantes e maquiavelicamente concebidas, acho as aventuras de espionagem dela muito ingênuas e rocambolescas. Questão de gosto, respeito quem tenha opinião diferente.
No início do ano reli sem querer “O Inimigo Secreto”, primeira história do casal Beresford, e mesmo sem gostar do livro acabei fazendo uma boa leitura. Então me animei a finalmente tirar o pó desse “Um Pressentimento Funesto”, que desconfio ter sido a última aventura da dupla. Dessa vez, já comecei a leitura com uma postura diferente, tentando descobrir qual seria a motivação de Agatha ao escrever essas histórias que, em minha opinião, estavam muito abaixo de seu talento.
A primeira pista que encontrei foi que esse livro certamente traz muitas reflexões da autora a respeito da velhice. Agatha ainda era bem jovem ao conceber sua célebre Miss Marple. Creio que aqui, em “By The Pricking of My Thumbs” (título que faz referência à minha tragédia favorita: “Macbeth”), a autora decidiu colocar no papel algo de suas angústias sobre envelhecer... com uma pitada de vingança!
Outro ponto que chama a atenção é o quanto essas histórias de T & T são recheadas de coincidências forçadas e mostram a autora sempre se aventurando sobre terrenos desconhecidos (e demonstrando seu desconhecimento em situações pouco convincentes).
Talvez seja uma necessidade de Agatha de expressar algo do “wit” britânico, que a tenha feito dar vida a esse casal que pode perder o cônjuge, mas não perde a piada...
De toda forma, foi o livro de Tommy e Tuppence que eu mais gostei.
E viva Agatha Christie!
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