Wagner Fernandes 07/12/2023Mistério no CaribeNão sei, mas existe algo no passar do tempo e das épocas que mudam a forma como vemos as coisas.
Por exemplo, ontem encontrei uma caixa com 25 livros de Agatha Christie fechada desde 2015. Dentre eles estava "Mistério no Caribe", a aventura seguinte de Miss Marple após "A maldição do espelho", que terminei dois dias atrás. (05/12/23)
Pois bem, não lembrava nada da trama exceto que não tinha apreciado muito esse livro. Era só mais um com uma historinha "marrom" ("marromenos").
Sentado na poltrona ontem à noite e manuseando essas relíquias recém-encontradas, comecei a ler a primeira página... a segunda... a terceira... Resumo: foram-se 50 páginas que me fizeram adiar "Mistborn: o herói das Eras", de novo.
Continuo não lembrando do caso, mas estou gostando da prosa de Agatha Christie e sua crítica social aos anos 60 (a história original é de 1964) através dos olhos de Jane Marple. Não sei se estou com outra disposição ou minha visão das coisas mudou muito desde a última leitura deste livro (em janeiro de 2006), mas até aqui está ótima a escrita. Sinto-me ali na praia e no hotel nas Antilhas sentado numa cadeira ao lado de Miss Marple, observando aquelas pessoas e ansioso para algo acontecer (nem que seja a tradicional FOFOCA dessa velhinha! Ô velhinha bisbilhoteira! rs).
Mesmo não sendo um dos melhores livros, o modo de Jane Marple observar as pessoas e a natureza humana e demonstrar como, em qualquer época, somos todos iguais por si só já faz desse livro um material incrível para análise psicológica e o estudo do comportamento humano.
Parabéns a Agatha Christie por ser tão criteriosa na observação. Li, certa vez, se não me engano em sua biografia, que ela aprendeu isso com sua avó. A própria Jane Marple teria sido inspirada nessa avó.
Enfim, sinto-me saudoso ao relembrar essas aventuras. Coincidentemente, dezembro é o mês em que eu sempre lia Agatha Christie entre 2004 e 2013. (É que eu aproveitava as férias, aí levava um ou dois livros dela para o litoral, ou lia em casa mesmo nos anos em que não ia à praia). Meu primeiro contato com a autora foi em dezembro, na praia, então virou uma espécie de tradição ler ao menos um livro dela em dezembro/janeiro, até eu enjoar e reiniciar minha vida de leitor com o Skoob, em 2019, e descobrir outros universos literários.
O clima hoje está quente e prometendo 33° aqui em São Paulo. E hoje tirei folga, e a melhor maneira de apreciar esse calor é escolher um cantinho arejado, tomar uma bebida gelada e imaginar que estou numa praia do Caribe. (Só espero não testemunhar nenhum crime!).
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Resenha parte 2 - (na verdade, isto aqui tá mais pra um diário de leitura)
Mistério no Caribe
Li "Mistério no Caribe" pela primeira vez em janeiro de 2006. Lá se vão quase 18 anos.
Este é um dos poucos livros dos quais não me lembro seu enredo. Talvez porque na época eu estava já um pouco saturado de ler Agatha Christie. Devo ter uns 30 títulos aqui e li boa parte deles em pouco menos de dois anos. Minha primeira leitura da autora foi no verão de 2004. Levei "Assassinato no Expresso do Oriente" para o litoral e comecei a ler sem muita vontade, mas a narrativa me prendeu de tal modo que não consegui largar o livro até descobrir o assassino.
Lembro que mal aproveitei a praia por estar mais interessado na história do livro!
Quando voltei do litoral percorri sebos e livrarias atrás de livros de Agatha Christie, e ela se tornou minha escritora favorita na época. Por esse motivo, de ler vários casos de Poirot e Miss Marple, é que acabei meio que enjoando um pouco, e em 2006 eu já estava saturado de histórias de crimes. Por isso, ao ler "Mistério no Caribe", eu mal prestei atenção na trama.
Mas agora compreendi bem o que aconteceu e gostei da história. Mais do que "A maldição do espelho".
Descobri que Miss Marple teve um pretendente na juventude, que ela achou esse sujeito chato, que foi enfermeira, e que nesta história ela tem mais de 90 anos. E ainda assim soluciona casos!
Seu sobrinho deu-lhe uma viagem ao Caribe para ela cuidar do reumatismo. Um lugar paradisíaco e onde NADA acontecia. Era o dia na praia fazendo tricô, olhando as pessoas no mar e conversando com hóspedes do hotel, gente de toda parte do mundo.
Numa conversa com um velho major que lhe conta sobre um crime, Jane Marple se interessa pela história quando esse major aparece morto na manhã seguinte. Fatalidade? Doença ou... assassinato?
Fazendo sua costumeira bisbilhotice, ela consegue, indiretamente, mobilizar médico, administradores e policiais a investigar o caso. Os hóspedes ficam chocados, mas nem uma morte estragaria suas férias!
Mas quando OUTRA morte acontece, desta vez, sim, um ASSASSINATO, as coisas começam a preocupar a todos.
Conversando aqui, bisbilhotando ali, fofocando acolá, nossa velhinha querida acaba reunindo as peças do quebra-cabeças e só nos mostra o quadro completo nas duas últimas páginas do livro! Kkk
E, sim, essa trama faz todo sentido quando vemos o quadro geral.
Só achei um pouco rápida a resolução, mas normal para Agatha Christie.
E, de fato, eu não me lembrava de NADA da história.
(Preciso reler meus livros!)
Nota: 3.5
E agora... finalizar o ano com a segunda metade de "MISTBORN".
(E "O Caminho dos Reis" tá chegando!)