Nihonjin

Nihonjin Oscar Nakasato




Resenhas - Nihonjin


76 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Renata CCS 10/06/2014

Aprender a ser feliz numa terra de estranhos.

“E assim seria sempre. O tempo só existe porque se fazem coisas, uma após outras, e elas, quando são evocadas, surgem em novas realidades, e então não são mais as mesmas. Ojiichan sabia. E eu. O passado agora habitava outro espaço, surgia para justificar o presente, era reconstruído, e não se necessitava ter restauradores, que eles são rigorosos, preocupam-se com milímetros e cores exatas. O tempo é atemporal.” (Nihonjin – página 174).

NIHONJIN (que significa “japonês”) o primeiro romance de Oscar Nakasato, romance vencedor do prêmio Jabuti de 2012 é, antes de mais nada, um livro elegante e delicado, escrito com zelo e prudência, sem excessos. Através da pequena família Inabata, que chega ao Brasil para trabalhar nas fazendas de café, o autor conta a história da imigração japonesa no início do século XX. E como a grande maioria dos imigrantes japoneses, os Inabata sonhavam em fazer fortuna por aqui para poder retornar ao seu país natal e abrir seu próprio negócio. O que não esperavam, no entanto, era confrontar um trabalho tão pesado e uma cultura tão diferente.

Um romance simples, sutil, narrado com firmeza (e fineza!), com aparência de baú de recordações, onde Nakasato resgata um tempo que parece perdido ou esquecido. Ele descreve com suavidade a difícil adaptação do imigrante japonês em tentar manter suas raízes e sua cultura – e seus valores milenares, tidos como únicos e verdadeiros - em um mundo completamente distinto ao que conheciam.

O que Nakasato, neto de imigrantes japoneses, conta através da história dessa família é uma pequena amostra de vida das tantas famílias de estrangeiros que vieram morar no Brasil. As lembranças familiares fluem com uma ternura quase poética, embora, em diversas passagens, misturem euforia e encanto, dramas e perdas. Uma história com altos e baixos, decepções, alegrias, surpresas e um pouco de conflito que os personagens vivem ao tentar manter sua identidade cultural, que vai se dissipando, a custa de muito orgulho, sentimento de exclusão e preconceitos declarados.

Sem tomar partido de nenhum dos lados, o autor apresenta a luta entre duas visões de mundo de um mesmo povo: aqueles que preferem continuar fiéis ao Japão Imperial e aqueles que, conscientes de sua nova condição, preferem se adaptar ao mundo que agora é seu lar. Descreve com aparente simplicidade as tensões que surgem com o choque entre gerações e o inevitável descompasso imposto pelo tempo.

Acho que poucas obras brasileiras se preocuparam em retratar as reais dificuldades do imigrante. Aquela velha história de que somos um povo cordial e receptivo costumam camuflar o preconceito ao imigrante e a forma quase predatória com que foram tratados todos aqueles que deixaram seus países de origem, pelas mais variadas razões. NIHONJIN é uma dessas gratas exceções. A cada capítulo uma camada de informações é acrescentada ao conflito de um desenraizamento quase forçado. Um outro grande mérito do livro é registrar o momento da imigração japonesa, abrindo espaço a um capítulo da história do Brasil ainda pouco explorado na literatura nacional.

Além de ser uma competente reconstrução histórica da imigração japonesa, o livro aborda, de modo sensível e ao mesmo tempo direto, a vida de personagens com os quais facilmente nos identificamos. O leitor sente-se se inserido nas angústias de cada um deles, e sente-se próximo por perceber que alguns conflitos são comuns a todos nós: são conflitos humanos. E tudo isso Nakasato consegue fazendo uso de uma linguagem direta, reflexiva, sem firulas, que não afasta o leitor comum, mas, ao mesmo tempo, não entedia o leitor mais exigente.

Por tudo isso - e não só - é totalmente recomendado, é um ótimo romance e merece o destaque que recebeu. Então leia! Você não ficará decepcionado.
Paty 11/06/2014minha estante
Compartilho de sua opinião.


Jayme 13/06/2014minha estante
Uma boa dica de leitura.


Marcos774 05/01/2024minha estante
Como uma das metas de 2024, ler mais, nada mais do que utilizar as estratégias existentes para registrar e, quem sabe, incentivar àqueles que possuem o mesmo desejo.

Nihonjin, de Oscar Nakasato, é um romance, vencedor do prêmio Jabuti 2012, que retrata a vida e a trajetória de um imigrante japonês, em terras brasileiras, no início do século XX - mais precisamente, em 1908, quando o primeiro navio com imigrantes da ?terra do sol nascente? chega ao Porto de Santos. Hideo Inabata chega ao Brasil com o objetivo de enriquecer e cumprir a sagrada missão de retornar à sua terra natal, consoante as orientações e destinações de seu imperador. Nessa jornada, com o árduo trabalho no campo, na Fazenda Ouro Verde, juntamente com Kimie, sua primeira esposa (?de sorriso pequeno - não que fosse pequeno o seu contentamento, mas era o sorriso que sabia sorrir?) e seu, até então, colega, Jintaro, Hideo mantém a mesma devoção aos costumes nipônicos. Com a morte de Kimie e a partida de Jintaro, Hideo casa-se com Shizue, filha dos seus antigos vizinhos - os Mikimura. A narrativa de completa com a morte de sua mãe, ainda no Japão, e com a mudança do ambiente de encenação - agora o Bairro da Liberdade, na capital paulista. Seus filhos, Haruo e Sumie, são, verdadeiramente, um teste à inflexibilidade do protagonista. Haruo - que desde pequeno - desenvolvia problemas conflituosos, desde o embargo à sua verdadeira identidade de nacionalidade ao seu artigo publicado em um dos grandes jornais de São Paulo, que cunhava o reconhecimento à derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, o que culminou no seu assassinato - conduzido por, também, alguns japoneses (naquele contexto, havia-se a ideia de que a rendição do país e o reconhecimento do imperador Hiroíto da derrota na Guerra eram uma blasfêmia e atingiam a honra daquele povo - o desrespeito ao Yamatodamashii) e Sumie, a filha mulher, que casou-se, teve filhos e largou tudo, após 10 anos, para reviver o seu amor platônico com Fernando (o ?gaijin?, que significa o estrangeiro) - o que era inadmissível perante aos costumes nipônicos daquela época. De modo geral, é um romance que aborda as multifacetas de um país continental como o Brasil. Verdadeira história enriquecedora e convidativa àqueles que desejam entender, com maior maestria, a história e a construção do nosso tão grande e diverso país.

?Acendia a lamparina, deixava a chama alta para ver melhor, para não ver fantasmas, e escrevia sobre as quatro estações do ano: a triste vermelhidão do céu que as folhas de momiji copiavam no outono, o manto branco sobre as cerejeiras durante o inverno, o canto do rouxinol saudando a primavera, a sinfonia das cigarras nas noites de verão. Era um modo de se sentir no Japão.?

1/36




Ana Júlia 25/12/2023

Este livro me deixou com uma vontade de ?quero mais? gigantesca. Os personagens são riquíssimos e profundos, mas infelizmente pouco abordados. É um livro curtinho mas tão rico que gostaria que houvessem os desdobramentos das histórias pessoais dos imigrantes japoneses que compõem o núcleo. Apesar dessas questões, a história familiar é contada de forma bastante realista e tratada com muita sensibilidade.
comentários(0)comente



Ingrid_mayara 05/01/2019

Minhas impressões de leitura
Nihonjin conseguiu me conquistar já no início, onde o autor utiliza a metalinguagem de forma indireta para comentar sobre a memória e a capacidade de reinventá-la. Vi uma entrevista em que ele fala que baseou-se nas histórias que ouvia de seus antepassados e na sua própria vida para escrever essa ficção. Nessa entrevista, Oscar Nakasato também fala de suas dificuldades de publicação e sobre outra obra que lançou recentemente, intitulada “Dois”.

É curioso como a temática do racismo anda me perseguindo ultimamente, mesmo sem querer. O narrador conta um pouco como foi o processo de adaptação entre japoneses e descendentes de africanos e italianos no Brasil. Gostei muito da parte dedicada a uma personagem que, mesmo sendo discriminada por sua cor de pele, demonstra sua admirável habilidade com ervas medicinais.

Há uma cena da qual não vou me esquecer tão cedo: quando uma personagem olha pela janela e fica imaginando situações passadas no Japão... Realmente os personagens iniciais são muito bem construídos.

Quase chorei vendo o quanto a mão-de-obra dos imigrantes foi explorada. É bem triste saber como eles foram ludibriados pelo governo, e mesmo assim, persistiram em tentar preservar sua cultura ao mesmo tempo em que precisavam se adequar às leis brasileiras, que eram rígidas principalmente quanto ao hábito da linguagem e da religião.

Acho que o autor conseguiu introduzir muito bem os dramas familiares, o saudosismo japonês e a condição das personagens femininas. Falando em personagens femininas, eu gostei do tratamento da submissão aos homens no texto, pois o enredo ficou verossímil sem necessitar de muita interação com os leitores; ficou tipo “mostre, não conte”.

A partir da metade, parece que acabei me distanciando um pouco da narrativa. No início havia um clima bastante promissor, depois, o narrador foi progressivamente trazendo tantos conflitos que eu senti falta de saber um pouco mais. Mesmo assim, pretendo reler.

Enfim, não é um livro surpreendente, mas é muito interessante pela temática da imigração; a escrita do autor é muito boa. Embora seja um livro fininho, foi emocionante poder lê-lo devagar, acompanhando as reflexões e angústias dos personagens; e as palavras em japonês até que são fáceis de compreender (não sei se é porque estou acostumada a assistir animes).

site: Se quiser me seguir no instagram: @ingrid.allebrandt
comentários(0)comente



giovanna 27/03/2023

Outro livro que gostaria de ter lido durante minha graduação em letras japonês. muito bom para entender melhor a relação entre o brasil e as famílias japonesas (ou brasileiras?). devorei em uma sentada
Wercton 27/03/2023minha estante
????




Ladyce 22/12/2012

Nihonjin, de Oscar Nakasato: o jardim zen da literatura brasileira
Há alguns anos, amigos meus nos Estado Unidos, transformaram seu quintal, em um jardim de pedras, um Karesansui, um jardim zen. Com eles aprendi, naquela época, alguns truques de paisagismo oriental que permitem a impressão de grande espaço em uma pequena área, quer por meio de telas, quer por caminhos para passeios sinuosos que levam a cantos raramente explorados do terreno ou que passam sobre um pequeno lago com carpas. O Karesansui, no entanto, permite distanciamento e mais do que isso: uma inimaginável sensação de paz e tranqüilidade, mesmo que sua localização esteja no meio da cidade. O minimalismo das pedras, do cascalho, da água fazem-no um jardim reservado unicamente aos elementos essenciais e parece levar à introspecção e à descoberta daquilo que nos é vital. Karesansui é um jardim que favorece a meditação. A leitura de NIHONJIN me lembrou este jardim. Há na sua narrativa, que cobre três gerações de japoneses e seus descendentes, no Brasil, um arranjo artístico igualmente sensível que faz com que suas 176 páginas sejam suficientes para o retrato da complexidade emocional, da dificuldade física e cultural de adaptação dos imigrantes japoneses que chegaram a este país.

Ainda não visitei o Japão, em pessoa. A literatura japonesa tem aos poucos encontrado seu lugar nas minhas prateleiras de livros favoritos, enquanto que suas famosas xilogravuras policromadas foram objeto de estudo e admiração nas artes visuais. Por causa delas e dos netsuquês, botões de roupa esculpidos com grande detalhe, estudei um ano de japonês. Mas a complexidade da língua e das formas de tratamento me deixaram perplexa e logo abandonei o aprendizado, estudando em seu lugar um pouco de hindu, língua igualmente complexa e frustrante. Foram assim os meus vinte anos, tempos de expansão cultural, onde estudante em terra alheia, uma quase imigrante, tentei alargar meus horizontes e, com afinco, me embrenhar pelos caminhos do outro. Essa atividade não acompanhou a maioria dos imigrantes japoneses no Brasil, como bem mostra Oscar Nakasato em NIHONJIN. O outro, nesse caso nós, brasileiros, era exatamente isso, OUTRO. E assim ficaria até que voltassem à terra do sol nascente.

A temática do imigrante é um dos mais importantes tópicos literários dos últimos 100 anos. Sobretudo a partir de meados do século XX quandoa geração dos filhos ou netos de imigrantes que se estabeleceram na Europa, EUA e Brasil, entre outros, é escolarizada e começa a desvendar os caminhos traçados pelas gerações que os antecederam. Muito tem sido escrito sobre a questão da adaptação e do forjar de uma nova identidade para o imigrante. O movimento voluntário, de massas, de milhares de pessoas de um canto para o outro do mundo procurando melhoria de vida, quer na Europa -- mãe de dezenas de países recém delimitados na África e do Oriente Médio -- quer nas Américas, recipientes de milhares de trabalhadores braçais da Itália, Alemanha, Irlanda, Suiça, Espanha, Portugal, Rússia, Polônia, nunca havia sido tão persistente e grande através da história da humanidade. Seu clímax parece ter sido nos anos que seguiram imediatamente a Segunda Guerra Mundial, ainda que tenha havido fuga numerosa também, nas décadas seguintes, daqueles que não aceitavam a ditadura comunista nos países da antiga Cortina de Ferro.

Mas o caso japonês no Brasil, que hoje tem o maior grupo de pessoas de ascendência japonesa no mundo fora do Japão, é único. Único porque foi o resultado de uma ostensiva política de desafogamento populacional daquele país. Os primeiros contatos diplomáticos entre os governos do Brasil e do Japão sobre esse assunto datam de 1892, ou seja, do governo de Floriano Peixoto. Por causa da maneira como lhes foi mostrada, a emigração japonesa para cá, trouxe cidadãos que se sentiam cumprindo um plano estratégico de seu Imperador e, por consequência, mais do que outros imigrantes sentiam que precisavam voltar com dinheiro, para benefício da própria Terra Mater. Desse modo, mesmo em se deixando de lado diferenças marcantes, e importantes como dignidade cultural e responsabilidade social, que a maioria sentia em relação à terra mãe, a situação psicológica dos imigrantes japoneses, diferia substancialmente das demais nacionalidades que por aqui aportaram, cujos membros, partiam por conta própria, aventurando-se sozinhos, como se ao léu, a caminho do desconhecido, na luta pela sobrevivência, na esperança de uma vida melhor, muitas vezes com fome, sofrendo perseguição política ou religiosa. Diferente dos japoneses, esses imigrantes não sentiam uma dívida de honra com o país de origem, ao contrário, estavam gratos por uma terra para trabalhar, uma oportunidade de criar raízes, constituir família sem perseguições políticas ou religiosas, num lugar de natureza abundante, gerador de maior dignidade de vida.

NIHONJIN não é uma obra unicamente focada na vida dos colonos japoneses por aqui, ainda que precise ser contada. É verdade que na leitura desse romance aprendemos muito sobre o assunto. Mas o romance é mais do que isso. Nele testemunhamos a estética do ”menos é mais” aplicada a um texto literário de forma confiante. A linguagem precisa, repleta de vestígios poéticos, torna o texto fluido e a história corre como água de riacho, num murmurejar incessante. Seu tom é a meia voz e a narrativa, que é simples, despojada de rebuscadas figuras de linguagem, torna o texto relaxante e hipnótico. Como num Karesansui somos convidados a refletir, a ponderar sobre os vagares da mente, sobre o enigma das emoções. Mais tarde, somos levados a reconsiderar o tempo e a memória. Oscar Nakasato é um minimalista da linguagem. E com isso inova a estética literária brasileira. Não há personagens a mais ou a menos, assim como palavras, frases ou histórias. Não é jornalístico. Não é anedótico. Detém-se no essencial. NINHOJIN não chega a ser um haikai da forma narrativa, mas está perto: sucinto, poético, reflexivo. Mínimo. Uma beleza!
DIRCE 23/02/2013minha estante
Acabei de ler a resenha da Nanci que me despertou a vontade de ler esse livro, agora, lendo a sua, não tenho mais dúvidas: mais um para minha Estante.
O livro pode merecer 5 estrelas, mas a sua resenha merece 1000.
bjs




Paty 28/05/2014

Oscar Nakasato construiu um livro singular e com o qual todos se sensibilizam. Se você gosta de livros que tratam de outras culturas, outros hábitos e lugares. Nihonjin é a escolha certa, vale muito.
Renata CCS 29/05/2014minha estante
Estou lendo e gostando muito Paty!


Luísa LJ 07/07/2014minha estante
Gostei! Vou ler.




Franco 21/05/2020

Curto, mas preciso
É um daqueles livros curtinhos que são fáceis e rápidos de se ler e que chegam exatamente onde têm de chegar - e por isso é muito bom.

A história entrega elementos bastante interessantes sobre a imigração japonesa, algo que a gente poderia rotular como a parte 'acadêmica' do livro. Então temos aspectos econômicos, políticos, sociológicos e culturais da vinda de japoneses para o Brasil. Isso tudo, porém, é feito com naturalidade, e em nenhum momento o leitor sente que está lendo outra coisa senão uma obra de literatura - não é, portanto, uma obra chata ou historicista, apesar de ter sim esse lado mais 'acadêmico'. Vale mencionar também o uso frequente de palavras japonesas, algo que acontece na medida certa para estimular o leitor a dar uma ou outra googlada, sem que a leitura em si torne-se cansativa.

Mas a história entrega também a dimensão humana, dramática, de sensibilidade, que está envolvida na imigração japonesa. É onde entram os personagens e as experiências pelas quais passam. E aí é interessante a estrutura do livro, que é quase como uma porção de contos que progridem temporalmente (começam antigamente até chegar ao que seriam os dias atuais dentro do livro) e cujo núcleo de personagens permanece o mesmo (todos em torno do patriarca que veio do Japão). E o drama de cada conto traz sempre a marca daquele contexto (seja político, econômico, sociológico, etc) da imigração, deixando, portanto, o enredo super bem amarrado.

Absolutamente recomendado àqueles que tenham interesse na presença japonesa no Brasil ou simplesmente queiram conhecer mais sobre a cultura nipônica.
comentários(0)comente



Paah 13/10/2020

Conhecimento cultural de primeira!
Que livro delicioso! Leitura rápida e fácil. Eu sou estudante da língua e cultura japonesa na universidade, por isso me interessei pelo livro. A única coisa que senti falta foi de alguns asteriscos e algumas notas em rodapé, explicando as várias palavras transcritas do japonês e alguns conceitos que ficam distorcidos para quem não conhece muito da cultura.
Tirando isso, nota 10! Os motivos pelos quais este livro ganhou o Prêmio Jabuti estão claros.
Ele traz uma conexão com a cultura japonesa muito profunda. Estou feliz de ter achado este livro em uma prateleira por mero acaso. Recomendo a todo e qualquer um que queria conhecer mais sobre a cultura japonesa, as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes, o machismo e preconceito com as mulheres, a dificuldade de ser um descendente de japonês com consciência do machismo e outras problemáticas da sociedade e tentar lutar contra isso...
Com apenas 7 capítulos, a leitura rápida nos permite embrenhar na história. Deveras emocionante. Me fez chorar pelo menos duas vezes.
Carine Campos 13/10/2020minha estante
Uaau! Ainda ontem eu estava procurando livros que me permitissem conhecer outras culturas. ?? Já quero ler


Edison.Eduarddo 21/10/2021minha estante
Mesmo entendendo o contexto das palavras no texto eu tb senti falta de um pequeno glossário com os significado das palavras em japonês... Nada grave para um luvro tão cheio de qualidades....




Thaís Vilas Bôas 20/03/2020

Lindo livro para conhecermos mais sobre a cultura japonesa!
comentários(0)comente



Wlange 12/11/2021

Nihonjin
Livro lindo e exemplar na construção de personagens. Apesar de ficar confusa com alguns termos em japonês que aparecem sem muita explicação, gostei bastante da leitura.
comentários(0)comente



Duda 01/02/2022

Não tinha conseguido entender completamente, como foi para minha avó ser filha de imigrantes japoneses, até ler esse livro. Ouvi recentemente só agora, aos 23 anos, histórias de como meus bisavós, principalmente minha bisa, sofreram desde sua chegada em 1934, partiram os dois junto com dois primos, de Yamagata, ele aos 22 e ela aos 20, com dois filhos pequenos de 3 e 1 ano, e mesmo meu bisavô tendo sido uma versão mais dura, insensível e instável do Hideo, renegando a esposa na chegada ao Brasil, logo após perderem o filho de 1 ano durante a viagem, terem que jogar o corpo dele do navio, deixar a esposa desprotegida, menosprezar o estupro dela pelos capatazes, impedir ela de entrar em casa, fazer ela dormir na rua e só permitir que retornasse pra não ter que criar o filho de 3 anos sozinhos. É muito difícil ler tudo isso, não se identificar, não sofrer junto e desejar que as coisas pudessem ter sido de outra forma.
comentários(0)comente



Daniely2 05/04/2024

Too close to home
Não sei o que sentir sobre esse livro. Quando a realidade de uma ficção histórica é tão perto da sua própria experiência de vida, não existe muita coisa que uma narrativa possa despertar em você. Porque a ficção e a sua vida são tão semelhantes que acabam se misturando e se confundindo sentimentalmente. Mesmo assim acho esse livro também importante pra mim por esses mesmos motivos.

Sua narrativa tem basicamente três fases, com personagens que pegam a experiência do imigrante japonês recém chegado no Brasil, o filho do imigrante, e no final o neto. Cada geração tendo experiências completamente diferentes vivendo no Brasil.
Diferentes entre as gerações, iguais entre si.

Todo avô japonês tem uma história sobre a segunda guerra, sobre preconceito, cozinha a real comida japonesa e sabe construir uma fazenda inteira do zero. Todos pais nisseis tem histórias de dificuldade de lidar com os pais japoneses, que não sabiam o idioma português e os educavam com fortes princípios culturais japoneses, enquanto tentavam seguir uma educação formal completamente diferente sozinhos. Todos os netos tem histórias sobre períodos de confusão de identidade cultural e, principalmente, se depara no início da vida adulta com a famigerada pergunta: "Ser ou não ser dekassegui?"

Eu como neta de 4 imigrantes japoneses, essa estrutura me fez refletir em como nós, os sanseis, convivemos desde sempre com a experiência das duas gerações passadas além da nossa própria. Já nascemos conhecendo de cabo a rabo a história dos nossos pais e avós como se fossem a nossa própria, já que a todo instante somos perguntados sobre isso.

O que antes eu via como chatisse, vejo agora que na verdade é um privilégio, depois que você aprende como é legal saber de onde você veio com tantos detalhes.

Apesar de para mim esse livro acabar não despertando grandes emoções ou aprendizados, tenho para mim lembranças confortáveis. Perceber que a minha vida, dos meus pais e avós na verdade foram experiências coletivas me dá uma forte sensação de pertencimento. Sentimento esse que tive muita dificuldade em ter quando era mais jovem. E o que todos nós buscamos no fim das contas é essa sensação.
comentários(0)comente



adrianlendo 07/09/2021

gatilhos: racismo, xenofobia, eugenismo, menção ao suicídio.

No século XX, Hideo Inabata vem para o Brasil com a promessa de enriquecer e levar recursos pata o Japão. Na sua chegada, ele se vê trabalhando pesado no campo e tendo dificuldades para se adaptar e encontrar um caminho para conseguir o que lhe foi prometido ao aceitar migrar para o país.

Eu ainda me surpreendo em como livros tão curtos podem ser tão poderosos. Nihonjin é o clássico caso de um livro que eu subestime desde a primeira menção de que eu teria que ler ele para uma aula, não era algo que eu estava interessado no momento. E como eu estou feliz de ter dado de cara na parede a respeito desse livro.

Contado pelo neto do protagonista, Nihonjin ("Japoneses" em Japonês) mostra uma jornada completa desde a chegada de Hideo no Brasil e como a promessa de riquezas era, na verdade, uma mentira para fazer com que imigrantes trabalhassem em condições análogas à escravidão e como o jovem lidou com perdas e novos começos em um país que o privou de tudo desde a chegada.

São sete capítulos que me emocionaram de uma forma tão única. Cada personagem que passava pela história me fazia suspirar com sentimentos mistos entre amor e dor. O tempo na leitura passou sem que eu percebesse, assim como acontece no livro, que dá uma aula de história de forma tão simples e eficaz.

É preciso deixar claro que Nihonjin não é inspiracional, não é sobre persistir mesmo quando tudo vai contra isso. É sobre morar em um país que te promete muito e faz pouco, que usa da sua mão de obra, suga a tua vida e depois cria políticas para que você não exista mais. Sobre a crueldade do capitalismo e como ele extrai tudo de quem mais precisa e depois joga para escanteio.

Nihonjin é uma obra poderosa sobre migração, família e como ideias conservadoristas podem ser prejudiciais para aqueles que só te querem bem. É definitivamente uma das melhores leituras da vida e merece ser lido por todo mundo que se interessa minimamente em entender uma história (cruel) quase nunca contada do seu país.
comentários(0)comente



fev 13/01/2021

Nihonjin narra a história de uma família de imigrantes japoneses e seus descentes brasileiros até o final da segunda guerra mundial. O livro é bem escrito e é super bonito. O final do primeiro capítulo é maravilhoso. Eu teria gostado mais se fosse um romance de formação, mas ele não chega a ser porque o narrador só fala de momentos importantes por quais a família passou. Teria sido incrível se o autor tivesse trabalhado mais, ter escrito com mais detalhes e ter construído de forma mais profunda os outros personagens. Tudo é muito rápido e contado através das lembranças marcantes.

É um livro em que se aprende muito sobre a cultura, o modo de ser dos japoneses e acho que só por isso foi uma leitura interessantíssima e muito agregadora. Fica aqui a minha recomendação.
comentários(0)comente



76 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR