Isabelle 15/03/2015Apocalipse Zumbi - Os primeiros anos inicia-se de maneira interessante: Um homem está fugindo de uma horda de zumbis, então, é resgatado por um grupo de carro. O mais interessante, é passar-se em primeira pessoa, percebendo-se logo que o homem está em processo de transformação. Fato curioso poder "assistir" a este processo de dentro para fora.
Mesmo não sendo uma personagem de fato, acaba sendo o causador de toda a trama. Em poucos segundos todo o grupo no carro é atacado por ele, conseguindo fugir apenas duas pessoas, Conan e Espartano.
A partir disso, nos é apresentado o grupo de sobreviventes do Quartel Ctesifonte, liderados por Manes. Recebem um chamado de socorro de Espartano, e Manes decide sair em missão de resgate. É alertado por todos, inclusive sua esposa vidente Liza, que esta missão acabaria de forma trágica, porém, como foi apresentado o "líder":
"Cada vez que ele enfiava uma coisa em sua cabeça, ninguém, nem ao menos ela, conseguia persuadi-lo do contrário, e, por mais que lhe fossem apresentados argumentos sólidos, por mais que lhe fosse mostrado que sua decisão era equivocada, o líder do Ctesifonte simplesmente ignorava tudo que lhe era dito e agia de acordo com seu próprio pensamento" - Pag 75.
Cada personagem toma uma atitude questionável, inclusive (ou principalmente) Manes e em apenas 24 horas o Quartel é tomado pelo Novato Dujas, e instala-se uma guerra civil, enquanto o grupo de Manes perde o veículo e ficam ilhados e sem comunicações. A partir de então o que se desenrola é uma sucessão de erros, tanto fora quanto dentro do Quartel.
Acredito ser exatamente esta a intenção do autor Alexandre Callari, salientar uma sociedade, que após quatro anos do apocalipse,confinadas, estão esgotadas e de ânimos à flor da pele. Contudo, a escrita não consegue passar empatia em nenhum de seus acontecimentos, nem pela historia nem pelos personagens, parando apenas nos estereótipos de cada um.
Seu "vilão" Dujas é desperdiçado, ascendendo e caindo em, no máximo, 15 horas, portanto, tudo parece acontecer de uma vez, as paixões adormecidas ressurgem, quem nunca lutou torna-se guerreiro, os guerreiros enlouquecem e situações absurdas acontecem.
Talvez se "esticasse" o tempo no qual ocorre a trama, ganharia tempo para amadurecer a história e suas personagens.
O livro também é recheado de diálogos e introspecções longas, de caráter filosóficas, chegando a ser cansativas, e, em algumas vezes, dispensáveis. Também há a presença de "flashbacks", mostrando a vida antes ao "Dia Z", conseguindo mostrar um pouco mais (e mais profundo) de algumas personagens.
Quanto ao livro fisicamente -
A capa é bem impressionante, e somado ao fato de ser nacional, foi o que mais impulsionou a compra. O livro também de repleto de ilustrações muitíssimo bem feitas, mostrando alguns dos ocorridos narrados. Contudo, o zelo para com o livro parou aqui, O sumário foi feito de maneira bem pobre, parecendo com o de trabalhos escolares.
No corpo do texto, quando há mudança de perspectiva, espaço ou de personagem, não há nenhum tipo de divisão que direcione o leitos, ficando, algumas vezes, confuso.
Sobre clichês -
"Se clichês existem, é porque dão certo". Não é ma afirmação de toda errada, porém, alguns já estão tão desgastados por todas as mídias, que um pouco mais de criatividade é pedida.
Temos os seguintes exemplos:
- José, o "nerd" magrelo, cheio de espinhas, óculos e técnico de informatica. Junior, outro "nerd" gordo, de óculos. Ambos com amplos conhecimentos sobre quadrinhos, filmes antigos, e principalmente os de zumbi.
- Marcos JOSÉ e Ana MARIA, pais da criança profetizada como Salvadora
- Um ruivo Irlandês chamado e tratado como Viking
- O japonês samurai
- Hulk, o grandalhão com problemas de controlar os nervos
E há também os completamente "Anti-Clichês"
Em contrapartida com o óbvio, foi criado o inimaginável.
- Um homem violentado por uma semi-zumbi adolescente
- A moça dona da afeição do líder é/foi halterofilista, sendo muito musculosa
- Um dos personagens, na vida anterior ao apocalipse, foi casado com uma hermafrodita.
E outras minorias, são realmente muito pouco relatadas em qualquer meio, interessante, e causador de estranheza. Ousado, e, infelizmente, mal trabalhado também.
Resultado Final: Infelizmente uma leitura arrastada, na qual se não há profundidade ou empatia, e é colocado um problema após o outro, terminando com a constatação do óbvio.