A narrativa é lenta e despretensiosa. O enredo tem como pano de fundo a África do Sul pós apartheid, com suas crises sociais, políticas, econômicas e principalmente raciais. No decorrer do enredo, a sociedade revela-se como uma savana composta por pessoas que tentam buscar o seu lugar (papel) nessa nova nação, ainda sem identidade definida. No estilo mais primitivo: vencer pela lei da selva.
Cheio de tramas que se entrelaçam através de Adam, um sul africano de meia idade, que não confuso quanto ao seu papel social nessa nova África, principalmente onde ele se encaixa dentro desses novos paradigmas: do que ele faz parte, ou do que ele não faz parte.
O livro ressalta as dicotomias, as lutas políticas, a corrupção, a construção de um sistema novo cheio de problemas antigos. Adam encarna o impostor quando veste a indumentaria poética cultuado o belo in natura, quando ele se coloca como parte dessa savana, quando deixa seu lado selvagem primitivo ter voz, e ser parte dele. Enfraquecendo a sua conexão humana e selvagem que ele se obrigou a ter: "grande lente distorciva, de perto a vida humana é um catálogo de dor e poder, mas passado tempo suficiente, tudo deixa de importar". O "selvagem" é tido a partir de duas óticas: o selvagem idílico, quase inocente, e o selvagem rude e cru, como ele é realmente.
Um romance de descobertas, construção, reconstrução e constatações de uma nação que se ascende, e aos poucos expõe as feridas e mazelas de sua identidade em construção.