Cláudia - @diariodeduasleitoras 06/02/2019
Jane Eyre
?Não sou um pássaro e não fui presa em uma armadilha. Sou um ser humano livre com minha vontade independente.?
Nem seria necessário dizer como é difícil escrever sobre uma obra que já foi tão comentada, estudada, discutida e, sobretudo, a minha favorita da vida.
Jane Eyre é feminista de verdade e tem um amor próprio inabalável. Muitas mulheres, na condição dela, ficariam num canto se lamentando e aceitando humilhações, por não ter para onde ir. Jane prefere a rígida escola Lowood a morar com parentes que não lhe querem. Estuda com afinco e, para se sustentar, procura um emprego, não um marido - isso que é protagonista diva, né mores!? Por mais que ela tenha passado a vida toda ouvindo que era menos que os outros, órfã, pobre, empregada, nem por um momento acreditou nisso. Jane é sincera, sensata e racional. Fala o que pensa e age segundo seus princípios e, o mais extraordinário: ela é forte mesmo quando quer ser fraca. É de destruir o coração quando ela diz a Mr. Rochester: ?pensa que só porque sou pobre, obscura, sem atrativos e pequena, não tenho alma nem coração? Eu tenho tanta alma e tanto coração quanto você...? - queria entrar na obra e abraça-lá. No fim as situações se invertem: Jane é rica e forte, Rochester é quem precisa de proteção. Mesmo assim, o sentimento deles permanece inalterado. Afinal, "o amor não é amor se se altera quando encontra alterações", não é?!
A história tem passagens sombrias, e um certo moralismo. Charlotte Brontë usa misticismo em sua obra como por exemplo, quando Rochester chama por Jane, e ela ouve, mesmo muito longe, e ele ouve sua resposta, comprovando a teoria dele de que tinham ?cordões que atam seus corações, e mesmo que estivessem em lados opostos do mundo, ainda poderiam ouvir um ao outro?. Há outras passagens que não irei citar para não dar spoilers. Enfim, meu desejo é de que surjam outras personagens fortes como Jane Eyre e tomem conta de sua própria trajetória, gritem por sua liberdade e por sua posição em um mundo no qual homens e mulheres, embora diferentes, sejam de fato, iguais em necessidades, dores e amores.