Anna Laitano 29/06/2013O problema chamado "expectativa"Às vezes, o problema é ter expectativas muito altas. Acho que foi o que ocorreu neste caso. O livro cumpre boa parte do que prometia, sim. Eu sinto que deveria destacar isso, antes de qualquer coisa. Ainda assim, eu queria e esperava ter gostado mais da história.
A escrita é simples, sem uso de muitas metáforas, porém, bem estruturada e linear. Além disso, gosto do fato de o livro ter um “contador regressivo” avisando quantos dias resta até o fim do prazo que Kat recebeu para recuperar as inestimáveis telas.
O fato de a heroína ser uma ladra é brilhante, devo dar isso à autora. Geralmente os personagens principais são perfeitos ou pobres coitados. Kat, não. Ela é inteligente, determinada, forte e, queira ou não, uma ladra – e das boas. Gostei bastante desse diferencial, dessa ousadia. Os personagens não têm muita dimensão, porém. Embora a maioria seja composta por adolescentes, não se fala muito sobre eles, sobre seus passados, etc. Isso me faz certa falta na hora de me conectar com a história.
Os cenários são variados, o que é divertido. Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália, Polônia... Enfim, acho isso muito bom, apesar de não ter me visualizado exatamente em nenhum dos lugares, pois não são tão caracterizados. Alguns, é claro, são melhores construídos e descritos do que outros. Em termos gerais, está bom – apenas bom.
No quesito romance, fiquei agradavelmente surpreendida até. É um pouco clichê, sim, mas afinal de contas, acho que todo romance acaba caindo um pouco no clichê, inevitavelmente. A questão, contudo, é que não é um romance tão forçado, aquela coisa que está óbvia desde a primeira página. Dá pra te deixar um pouco na dúvida, criar alguma expectativa e torcer.
Mas, a estrela principal desse show deveria ser a ação, então vamos nos focar nisso por algumas linhas. Quando se pensa em roubo, é inevitável pensar na ação. E ela obviamente existe, mas, no meu ponto de vista, não é tão marcante quanto poderia ter sido. Talvez pela situação, o roubo é feito de forma meticulosa, escondida, e não trás as perseguições, assassinatos ou enigmas que eu já me acostumei a ver em outras leituras. No todo, o roubo é bem elaborado – bem até demais, se considerarmos que os assaltantes e a situação do assalto – mas fica aquela vontade de querer um “algo mais” (que me fez esticar a leitura que poderia ter sido feita em um dia ou dois dias, por quase uma semana).
Algo que achei bastante interessante, foi o fato de ter descoberto no texto de orelha que o livro é o primeiro de uma série. Mas a história foi concluída de forma que não torna a leitura dos volumes seguintes obrigatórias. Ou seja, ao que parece, as histórias tem certa independência entre si, afinal, a proposta desta história é encerrada e não ficam questões em aberto para serem respondidas depois. Por outro lado, talvez possamos conhecer melhor o que não foi exposto neste volume. E, confesso, apesar de não ter me maravilhado particularmente, fiquei interessada pela sinopse que li do segundo livro (lançado em Junho de 2011 lá nos EUA) e acredito que darei outra chance, antes de dizer se recomendo ou não a série.
“As pessoas vão a Las Vegas por vários motivos. Algumas querem ficar ricas. Outras, porque querem se casar. Existem também aquelas que desejam se perder e também as que desejam ser encontradas. Algumas estão correndo atrás de algo. Outras, fugindo. Kat sempre teve a impressão de que Vegas era um lugar em que todo mundo busca conseguir alguma coisa a troco de nada – uma cidade inteira de ladrões.” (P. 48)
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