Platina23 03/01/2016"O Estado não existe muito por aqui, eles resolvem na mão mesmo."Já tem um tempo eu ganhei esse livro em um sorteio, mas decidi ler ele junto com Terra Sonâmbula do Mia Couto para pintar um plano de fundo melhor sobre Moçambique e toda a sua cultura.
O livro é uma copilação de várias postagens que o Rafael fez durante suas viagens no blog/diário de viagem "Boiando em Moçambique", que eu acho que ainda é ativo, não tenho certeza. Mas as postagens giravam sobre o seu dia no país em que ele se encontrava. No caso ele ficou cerca de cinco meses em Moçambique e relata isso em posts bem irônicos, as vezes com certo humor ácido e sem nenhuma restrição política e ideológica, mas nem por isso ele chega a ser machista ou preconceituoso como eu achei que seria ao ler as apresentações escritas pelos amigos deles, que falavam tão bem que eu cheguei a desconfiar e achar que eram uma bela puxação de saco por parte deles.
Queimei minha língua e acabei indo com o Rafael, ele me pareceu alguém que poderia gerar uma boa conversa se você topa com ele, na rua por exemplo. Ele se mostrou um cara simplérrimo( nem sei se esse superlativo tá certo....), ele só precisou de uma bike, uma câmera e alguns guias, fora a lábia dele, pra conseguir mostrar o povo, o relevo e percorrer Moçambique como ele é. Ele mostrava a corrupção que havia com policiais rodoviários, o preconceito e as limitações que a mulher Moçambicana sofre, esse foi um ponto que eu parei e pensei se uma estrangeira não sofreria do mesmo jeito e o fato do Rafael ser homem ajudou ele a curtir mais a viagem. Ainda não tenho resposta pra isso.
Nos livros do Mia Couto ele fala muito do período da guerra civil do país, que ele viveu e ainda registra em livros, mas o Rafael nos mostra o produto dessa guerra e como ele afeta o país onde a capital parece uma cidade do interior paulista de tão simples e sem tecnologia. Carros são raros, eles realmente andam de bike e não por um motivo ecológico como a Holanda. Em certa altura da viagem o Rafael pegou Malária(seria a Dengue deles), as escolas são extremamente precárias num ponto em que professores chegam a não receber salários do governo por problemas na distribuição das verbas. E não vou nem falar da falta de uma vigilância sanitária em alguns lugares que ele viu vender comida(pq comer lá é pedir pra morrer de dor de barriga).
Rafael cansa de fazer comparações com o Brasil, e elas são fundadas, porque existem regiões como essas no Brasil, a diferença está no tamanho e que aqui temos regiões de maior concentração de renda, só isso. O Mia Couto cansa de falar que não é só o português que nos une e enumerar as semelhanças entre os países.
Mais pro final do livro o Rafael já saiu da África e vai para a Tanzânia, numa lugar chamada Zanzibar( acho), um lugar perfeito pra mochileiros mesmo, precário e muito pobre, o Rafael se meteu em muita enrascada por lá( dentre elas a briga com um hoteleiro que queria roubar ele aumentando a diária combinada). E a cada fim de postagem ele coloca algum álbum ou banda que ele estava ouvindo, e eu tive a paciência(ou falta do que fazer cof, cof) de colocar numa playlist do youtube:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLaaY3bFD2_BM6SZrKRU9N_nUDFdQalMwb
Enfim, o livro só me deixou com mais curiosidade de visitar Moçambique do que quando eu li Mia Couto. Vale a pena ler para entrar em uma cultura e população diferente e ao mesmo tempo bem parecida com a nossa, eu recomendaria por curiosidade de ler sobre o país num olhar diferente, descontraído, crítico na medida do irônico e divertido. Uma bela surpresa nas minhas leituras ^^d.
site:
http://livrosenipon.blogspot.com/2016/01/resenha-boiando-em-mocambique-rafael.html