Descontrolados 12/09/2013
Corpo gelado, Mente Ativa
O mundo já não é mais o mesmo, dinheiro, fama ou carrões não tem mais valor algum. Em uma época que crianças não têm infância. Agora a lei é manter-se alerta, nunca se sabe quando os mortos irão atacar.
O casal Julie e R se conhecem quando um horda de zumbis liderado por R ataca um grupo de os sobreviventes que em buscavam mantimentos em um prédio – “Quando nos aproximamos do andar deles, alguns de nós começam a grunhir alto e os Vivos nos ouvem. Um deles toca um alarme e ouço armas sendo preparadas, mas não hesitamos. Arrebentamos uma última porta e vamos para cima deles”. Durante esse ataque R come um pouco do cérebro de Perry, namorado de Julie, mesmo que R não goste do fato de precisar comer pessoas para viver, ele possui gosto refinado, preferindo saborear seus cérebros, pois assim sente-se “mais vivo”, a cada mordida, fragmentos de memórias de sua vítima pode ser revividos e sem sua cabeça. Após algumas mordidas, o Zumbi passa a considerar Julie como algo além de apenas alimento, e começa a querer protegê-la a qualquer custo, assim como seu namorado Perry o fazia.
O livro “Sangue quente” gira em torno do casal R e Julie e como eles começaram uma revolução, mostrando que há uma esperança para epidemia que devastou o planeta e grande parte da população. A história é narrada da perspectiva de R, um zumbi, que apesar de morto ainda tem boa aparência, “quase podendo se passar por um homem Vivo precisando de férias” isso porque o seu estágio de decomposição não está tão avançando quanto o de outros zumbis que “vivem” com ele em um aeroporto. A história se desenvolve de forma simples e bem narrada mostrado o desafio que o casal tem para convencer os demais, sejam eles vivos ou mortos, de que há uma esperança para todos e talvez até uma cura para o mundo.
Um diferencial da trama é que ao invés de se focar em um grupo de sobreviventes tentando sobreviver à infestação, a história se foca nos zumbis, ou melhor, em R e como ele se sente e age em determinadas situações, e a luta para voltar a vida e a viver. Ao contrário das atuais produções com o mesmo tema, Sangue quente não tem dramas adolescentes, enormes exércitos ou laboratórios de última geração.
Por Jessie Marques
Ficha Técnica: Sangue Quente (Warm Bodies)
Autor: Isaac Marion
Ano: 2011
Páginas: 256
Faixa etária: Juvenil
Editora Leya
ATENÇÃO: PODE CONTER SPOILERS A PARTIR DAQUI
Diferenças entre o livro “Sangue Quente” e o filme “Meu namorado é um zumbi”
Existem algumas diferenças entre o livro e o filme inspirado nele, a primeira diferença percebida por quem leu/vai ler o livro são as vestes do protagonista, enquanto no filme ele está de casaco largo e tênis, no livro ele está com “roupas boas”, como ele mesmo diz, uma calça preta, blusa cinza e gravata vermelha.
Os cenários também se modificaram um pouco, talvez pela dificuldade de reproduzir tais cenários na telona ou apenas pela parte estética: ao invés de enclausurados dentro do estádio com teto retrátil (livro), os sobreviventes da colônia de Julie vivem em um pedaço de cidade cercado por uma muralha (filme). Destaca-se também que, enquanto que no filme há apenas um último refúgio de sobreviventes, no livro são citados outros, todos interligados entre si.
Música: tanto no livro quanto no filme, R. coleciona diversos objetos e, em especial, discos. Enquanto no livro as cenas são embaladas ao som de Frank Sinatra, no filme optou-se por uma trilha clássica-moderna, trazendo hits mais contemporâneos, como por exemplo Patience, da banda Guns 'n' Roses.
Casamento: no livro, R. casa-se com uma outra zumbi e agrega duas crianças zumbis como seus filhos. No filme, a esposa de R. foi eliminada, entretanto, podemos presumir que o casal de crianças que surge em diversos momentos do filme, observando R. são a representação de seus filhos, mesmo que não o sejam realmente no filme.
No livro, o pai de Perry morre em um acidente de trabalho, durante as construções da cidade dentro do Estádio. No filme, Perry é atacado pelo pai, que havia se transformado em zumbi.
Ainda sobre Perry, o personagem sofre uma grande redução de importância no filme, em comparação ao livro. No livro, a mente de Perry passa a se comunicar com R., se tornando uma espécie de Alter Ego. Essa parte foi totalmente eliminada no filme. Perry surge apenas em flashbacks e, em apenas um momento, se comunica diretamente com R. em um sonho.
A carga dramática que envolve a personagem Julie foi abrandanda no filme, talvez principalmente pelo fato do filme ser uma comédia romântica e não um drama, como no livro. A exemplo disso, no livro, em um dos momentos mais dramáticos, Julie visita o túmulo de sua mãe e ali explica a R. o verdadeiro abismo sentimental que existe entre ela e o pai, que, após a morte da mãe, se tornou um homem insensível e pouco presente. No filme, essa cena não acontece e o General Grigio não demonstra ser tão duro quanto no filme;
O final também difere bastante em ambos, não se pode dizer nomear um deles como melhor, pois tanto o livro quanto o filme são muito bem finalizados de acordo com o decorrer da história. Enquanto no livro o pai de Julie não aceita R. e morre em um ataque dos esqueletos, no filme Grigio reluta, mas no final das contas, aceita que os mortos estão mudando, fazendo com que o final dramático do livro seja substituído por um final mais "florido e romântico.
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