LT 24/02/2017
Olá, galera! Hoje estou aqui para fazer a resenha do livro mais inusitado que já li na vida. Afinal, o título poderia sugerir um romance hot, talvez? Ou uma pessoa sem controle sobre seus sentimentos? Hum... O engraçado é que provavelmente você já viu essa história, em um filme de nome “Meu namorado Zumbi”, que foi baseado no livro Sangue Quente. E é claro que o filme é engraçado, e têm doses de algumas críticas, veladas, é claro, mas a maior surpresa do filme é seu tema central: Um zumbi que se apaixonada por uma humana. Bom, vamos conhecer um pouco dessa história?
R, sim o nome dele é esse, uma vez que não se lembra de seu verdadeiro nome e só imagina que começa com a letra R, é quem nos narra essa história – sim, um Zumbi conta a história, se isso não é original, não sei bem o que poderia ser. – E ele nos conta sobre sua “vida”, como é não sentir nada. Nem dor, frio, ou alegria, e como por mais que queira – uma vez que seu fluxo de pensamentos é bem claro, e muitas vezes toca lá no fundo – ele não consegue transmitir o que sente. Que o máximo que consegue é arrastar meia dúzia de palavras, e quando muito uns rosnados. Seu melhor amigo M, também não consegue proferir mais do que meia dúzia de palavras, eles costumam sair pra “caçar” juntos.
O tempo todo ficamos na mente de R, sentindo como ele queria poder sonhar, dormir, falar, e não só comer cérebros. Mas por mais irônico que isso seja, comer cérebros de humanos é o mais perto de estar vivo que ele se sente, então mesmo sentindo culpa, ou repulsa pelo seu comportamento, é isso o que ele faz, sempre que têm a oportunidade.
Em uma dessas “caçadas”, R conhece Julie – uma jovem que está com o grupo que ele ataca, matando o namorado da garota, comendo o cérebro dele e por algum motivo, ele se sente “atraído” por ela. Ignorando sua fome por Julie, ele a camufla como um zumbi, fingindo que ela se tornou um deles, para que ela não seja devorada.
A partir daí todo o mundo de R se modifica, uma vez que ele deixa de comer os humanos, e passa a proteger Julie de seus “amigos zumbis”. Contra tudo, ou o mais provável, ele começa a sentir, experimentar sensações a muito tempo esquecidas, que a garota desperta nele. Por mais incrível que pareça, a garota passa a gostar do estranho Sr. Zumbi, nisso uma estranha e improvável história de amor nasce.
Como disse, lentamente R vai voltando a sentir, sonhar, a ser capaz de amar. Isso perturba os outros Zumbis, incapazes de entender as atitudes dele. Mas mais do que isso, os Ossudos – zumbis que há muito desistiram de viver e perderam sua carne por completo – não aceitam essa mudança de forma positiva. Eles perseguem Julie e R, fazendo-os fugir.
Por mais estranho que possa parecer, R é fofo, em um nível que é difícil de explicar. Fiquei encantada em como o autor conseguia fazer com que eu me sentisse apegada a um Zumbi, torcendo pelo seu final feliz. Implorando para que seu coração voltasse a bater, para que ele finalmente pudesse ficar com sua amada Julie. Acho que nunca imaginei ler um livro, sobre zumbis, em que afinal de contas eles fossem as maiores vítimas da história. Fiquei completamente apaixonada pela trama, pela profundidade dos personagens, pelo cuidados com os personagens secundários que não eram só figurantes, mas participavam da trama e a faziam girar.
A narração é fluida e leve, a escrita deliciosa de se acompanhar, a diagramação simples, porém limpa e agradável, e não encontrei erros na história. A capa original, e não a do filme, combina bem com a ideia que se quer dar a trama.
O livro é único, a história curta e rápida de se ler, mas o que ela carrega consigo, a lição que nos transmite de que sempre devemos ter esperanças, por mais impossíveis que as coisas pareçam ser, é muito bacana. Para você que procura um livro único, diferente de tudo que já viu narrado por um zumbi engraçado, cheio de lições a ensinar, Sangue Quente é a pedida perfeita!
Resenhista: Jéssica Nascimento / Jess Nascimento.
site: http://livrosetalgroup.blogspot.com.br/