Mari 08/01/2023
Luto e racismo na infância
A autora cubana de fato tem a capacidade de provocar lágrimas nos olhos do leitor, "Cachorro Velho" já tinha sido um livro muito emocionante e este também é. Quando li o título desse livro, pensei que fossem realmente cartas da autora para a mãe (talvez, até tenham um fundo de biografia), mas se trata mesmo de cartas escritas por uma menina negra para sua falecida mãe. Como ela sente muitas saudades da mãe, decide escrever cartas a ela, contando sobre seu cotidiano, como se fossem um diário. Nessas cartas, ela aborda a conturbada relação que tem com o restante da família, sua tia, sua avó e sua prima, que a tratam muito mal, sempre esfregando na sua cara que está morando lá de favor, além de praticarem racismo com ela, apesar de serem também negras. Mas, como a menina é a mais negra e não tem vergonha nenhuma nisso, ao contrário de suas parentes, ela sofre racismo constantemente, sempre falam de seu cabelo, de seu nariz e, principalmente, dos seus lábios, ao ponto de ela ser apelidada de "beiçuda". Dá um aperto no coração muito grande saber que pessoas não só fazem isso umas com as outras como também fazem isso com pessoas da própria família, inclusive crianças.
"Quero um céu em que as avós sejam boas e distribuam doces entre seus netos. Onde ninguém maltrate as crianças, nem as obrigue a fazer coisas que não gostam. Um céu onde ninguém me chame de beiçuda nem de feia e onde eu não me sinta sozinha."