Resenhas - Minha Querida Sputnick

Ana Dornelas 20/10/2023

A leitura de Murakami é sempre fluida e descomplicada, o que compensa facilmente o ritmo mais lento da narrativa. A história em si é bastante trivial e o que a diferencia é o estilo do autor, assim como em outros de seus livros. Novamente estão presentes as referências pop, os personagens absolutamente comuns e, claro, o realismo fantástico.

No entanto, este último elemento - um dos maiores diferenciais do escritor na minha opinião - surge apenas na segunda metade do livro e não me pareceu tão convincente. Porém, ao mesmo tempo, é narrado de forma sutil e se encaixa bem com a cadência do livro e com a essência dos três personagens. Além de ser um gostoso contraste com a ordinária vida dos três.

Não senti empatia por nenhum dos personagens e me incomodei com alguns aspectos do narrador e com a personalidade adolescente de Sumire. Porém, isso não me fez desgostar do livro. Na realidade, é curioso notar como os personagens de Murakami são tão mundanos e não possuem grandes qualidades ou feitos, pelo contrário. Também é possível sentir a solidão presente na vida de cada um e em seus amores não correspondidos.

Em resumo, é um bom livro que tem suas qualidades, mas não me impactou muito. Acredito que há títulos melhores na obra de Murakami, sobretudo para quem não ainda não leu muito do autor.

Pavani 22/10/2022

Cadê a continuação?
Ótimo livro, fique tão fascinado com os personagens e suas personalidades, assim com um certo mistério que acabei muito rápido o livro.

Geralmente neste tipo de leitura criamos uma certa simpatia por um casal, mas aqui todos são tão bem elaborados que a preferência é que cada um fique bem sozinho.

Quando acabei, fui correndo procurar se tinha alguma continuação e para minha surpresa nada.

Especificamente relacionado a conclusão do livro foi a mesma sensação que tive quando acabei o apanhador no campo de centeio, sem melhor maneira de definir do que um ótimo slice of life.

Talia.Moniz 13/09/2021

Murakami nunca falha
Murakami nunca falha. Não tem como. A forma como ele escreve sobre a solidão e a melancolia da vida humana é tão simples mas tão único ao mesmo tempo. Nesta obra, a narrativa segue a história de Sumire, uma jovem de 22 anos que deseja se tornar uma romantista. Tudo muda quando ela se apaixona por uma mulher mais velha que muda completamente a sua percepção de si e do mundo. Não, não é um romance lésbico, como achei inicialmente, mas sim uma obra sobre as mudanças da vida adulta e a solidão que ela carrega, temáticas muito presentes nas obras do autor.

Açúcar trevosa 09/07/2020

Ainda não sei muito bem o que pensar
O livro certamente foi bom porém em alguns momentos era muito cansativo, geralmente quando era narrado pelo professor (cujo nome não me lembro de ter sido citado); a narração de Miu e de certa forma a de Sumire fluíam muito mais rápido, talvez pelo favoritismo que eu tinha pelas duas, talvez não.

O livro divaga bastante sobre a existência do ser e a perda de uma parte da alma fazendo com que eu me surpreendesse (e ficasse um pouco incomodada no início) já que esperava algo mais para o romance.
Não gostei muito do final, quase tão vago como outro final de livro do mesmo autor, Sono. Será uma mania? Não sei, espero que não.

Essa é a minha resenha sobre Minha Querida Sputnik.

Sol 28/10/2015

Primeiros passos na literatura Japonesa
Passeando pelas estantes de literatura estrangeira, este livro me chamou a atenção, a fotografia na capa (edição antiga), a leitura da orelha, e o autor que na época não conhecia. Devia ser em 2002, por aí...
É difícil encontrar literatura sáfica, lésbica, em que a personagem principal seja a protagonista, e o encontro desta literatura junto ao mistério do enredo, traz ao leitor uma obra interessante, curiosa. Sumire é uma heroína às avessas. Uma anti-heroína se preferir. Tem gostos excêntricos, tem uma personalidade totalmente sedutora e 'associal'. Há nela a atração do insólito e o perigo da frustração eminente. O autor inclui também as questões espirituais, e os grandes dilemas da humanidade; o amor, a morte, que estão presentes tanto aqui como noutras obras do mesmo autor. Porém, nenhum outro livro deste autor me ''prendeu'' mais que este.

Não sei se deviam adaptar a obra ao cinema como fizeram com Norwegian Wood. Perde-se o mistério talvez...

site: www.sujeitodoverbo.blogspot.com