Fim de partida

Fim de partida Samuel Beckett




Resenhas - Fim de Partida


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Sophye.Fiori 14/09/2023

??????
Li pra faculdade.

ENTENDO que é da narrativa becketiana mas pokkkkkkk

o livro resume-se a: ?vou embora.

não vai.

ok. não vou?.

Parece que não sai do lugar mas ao mesmo tempo dei boas risadas
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Rafael467 03/07/2023

Sei lá sabe
Fim de partida é uma peça que se vale de elementos bastante esquisitos para discorrer sobre seu tema central. Como um primeiro exemplo, a obra se vale de diálogos que à primeira impressão não possuem sentido algum, como em; ?Vá buscar pra mim duas rodas de bicicleta.?, ?Não há mais rodas de bicicleta.?, ?O que você fez com a sua bicicleta??, ?Nunca tive uma bicicleta.? soam estranhos para o público. Além disso, a obra não possui nenhum lastro temporal que possa nos indicar uma data, o máximo que conseguimos entender é que se passa num cenário pós-apocalíptico. Outro fator ?aleatório? da peça é a impossibilidade de classificação entre uma comédia e uma tragédia, como exemplo disso temos a cena em que Hamm pede para que Clov o coloque exatamente no centro da sala, mas ele sequer enxerga então não poderia saber onde fica o centro, essa situação cria para o público uma dúvida entre se devemos ter pena do personagem ou rir dessa situação tosca. Esses fatores subvertem o que seriam os padrões do teatro dramático. Como pode uma peça não fazer sentido algum?
Para começar, nada disso é por acaso, o autor constrói a obra dessa maneira com um propósito: o próprio questionamento de sentido. Ele cria um enredo que sai do nada para o nada no qual várias ações acontecem, como as idas de Clov até a janela, porém elas não significam nada para o público, mas por algum motivo os personagens seguem agindo como se aquilo tivesse algum propósito. Poderíamos ter como explicação para isso que o autor simula um sentido interno para que nós possamos imaginar que há um enredo central, mas o próprio enredo central é a falta de sentido que essa simulação cria, a peça parece nos levar a lê-la como uma peça comum com começo, meio e fim. Contudo, ela não se comporta como um drama comum, a cada vez que tentamos dar sentido a algo na obra logo depois isso se mostra mais uma ?aleatoriedade?, exemplos disso seriam os objetos como o cachorro, a luneta e a escada, todos poderiam ter serventia, mas na peça são usados e não surtem efeito em nada, são ações vazias feitas a partir de objetos vazios que só podem construir sentido a partir de seu uso e não por sua essência.
Outra subversão que a peça traz é o conceito de tempo, os personagens parecem existir quase que numa outra dimensão onde não há passado nem futuro. O passado até é mencionado, mas ele não afeta o presente, como se fosse de uma outra linha temporal. Afinal, como pode haver passado sem afetar o presente? Para essa resposta a peça dá indicações por meio do seu próprio propósito: a desconstrução do sentido por meio de uma aparente falta de sentido. A linha do tempo é um dos conceitos principais do teatro moderno, sendo a passagem do tempo a construção de algo novo a partir do passado, porém se esse passado recente, que era presente a pouco tempo atrás, não tem nenhuma relação com o presente atual então o presente também não possui sentido, ele está avulso na existência. O tempo na peça serve mais uma vez para questionar o sentido do sentido.
A questão familiar na peça também é presente, os personagens são parentes porém se comportam como se fossem completamente descartáveis uns para os outros, como quando Hamm fala ?Não há mais velhos como antigamente! Empanturrar-se, empanturrar-se, não pensam em outra coisa!? para quando Nagg pede papa, ou quando Nagg diz ?Esqueça meus cotos.? em resposta à preocupação de Hamm sobre seus cotos. Eles agem não com carinho uns com os outros, mas com uma espécie de ?apatia? na qual pouco importa a situação do outro se for negativa ou positiva, o que desconstrói também o sentido da família, o próprio amor é revisto pela peça como sendo sem sentido.
Finalizando, a peça está o tempo inteiro subvertendo qualquer forma de relação de significado que podemos construir a partir do que já lemos em nossas vidas como uma peça dramática. A obra está propositalmente não tendo sentido para a partir desse fator questionar algo maior que a engloba como um todo que é o questionamento do sentido, há um paradoxo entre o não ser sendo e dessa forma se torna uma peça em que cada micro-elemento está sujeito a um conceito totalizante.
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Gu Vaz 17/06/2023

Soturno
Repetições que exaltam um ontem que parece nunca ter existido, confinamento atrás de confinamento; a cadeira, o latão, o cômodo estéril e escuro. O exterior é amorfo e misterioso, quase como se flutuasse no nada, como se todos ali estivessem mortos e não conseguissem sair dessa meia-vida, suspensos num ciclo sem descanso e almejando uma fuga que também não parece existir.
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Natalie.Coppola 15/04/2023

Meu primeiro contato com Beckett, adiei esse encontro porque tinha receio de não dar conta de ler e apreciar sua obra. Foi uma surpresa maravilhosa, que livro incrível, ele evoca tantas consequências trágicas e sentimentos da devastação do pós guerra, e tudo isso com poucos personagens e diálogos, em um único cenário. Incrível, favoritado.
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lilimonetta 02/03/2022

ainda me lembro perfeitamente do susto na primeira vez que li fim de partida, a primeira peça que li do beckett. noite chuvosa com apagão, devorei a peça atônita com uma vela acesa. reli pra fazer trabalho, caçando cada "fim" em fim de partida.
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sergio buchholz sottili 23/04/2020

a cada experiência com samuel beckett, me convenço um pouco mais de que ele é unicamente genial. das coisas que só beckett sabe fazer, a que mais surpreende é provavelmente a compreensão dele sobre a realidade pós-guerra, unindo o que há de surreal e absurdo ao cru e real. é tudo ambivalente no universo de fim de partida: é cômico e sufocante, próximo e distante.

a atmosfera caótica é manipulada de formas que transcendem a ambientação em si, beckett joga na cara pura irreverência e explosão da linguagem e estrutura do teatro. nunca pensei que curtiria tanto uma leitura febril e claustrofóbica. só beckett mesmo.
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Júlio 16/08/2016

Beckett conseguiu realizar aquilo que eu mais me interessa nas artes, que é passar o sentimento de achar algo que você nem sabia estar procurando, assim como foram as minhas experiências com Kafka e Gombrowickz. O surrealismo me agrada, e ainda mais aquele que passa uma idéia do homem decadente em suas relações e seu meio.

Essa peça apresenta 4 personagens, Hamm (cego e confinado à uma cadeira de rodas), Clov (definhando lentamente, mas ainda fisicamente capaz), Nagg e Nell (pais de Hamm, mutilados em um acidente e reclusos em dois latões de lixo), e mostra a posição de poder de Hamm sobre os demais, sua forma de tratar os outros de maneira impaciente, violenta e irascível, e a posição de Clov como servo, obediente porém ciente de que ele, sendo fisicamente mais hábil que Hamm, seria capaz de se impor quando assim quisesse.

A história não apresenta uma trama bem definida, o foco é o decaimento dos personagens, a interação entre eles perante um mundo que, supostamente, está acabando aos poucos. A brevidade dos diálogos dá uma dinâmica febril à peça, e os detalhes para cada ação fazem com que a obra se torne ainda mais imersiva, mais claustrofóbica. Há pequenos lampejos de eloquência, em que os personagens, como que em uma epifania, discorrem em uma fala mais longa, são os pontos da peça que nos fornecem um pouco da história passada dessas pessoas ou revelam mais de seus caracteres.

É uma obra de ambientação marcante, que nos situa entre o bizarro e o possível, e mostra de relance o que o homem pode vir a ser quando ele começa a deixar de ser homem.
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rafaela 09/07/2016

Um fato: Beckett era genial.
Segunda peça do autor que leio - sendo a primeira Esperando Godot - e novamente percebo que a genialidade da obra está por trás das palavras, não é um livro para ser lido artificialmente, é preciso ver além.

''- Eu queria saber o que é.
- Fico olhando a parede.
- A parede! E o que você vê na parede? Corpos nus?
- Vejo minha luz morrendo.''
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Nádia C. 17/03/2015

HAMM: você já fede, a casa toda já fede a cadáver.
CLOV: O Universo todo.

HAMM: Não estamos començando a... a... significar alguma coisa?
CLOV: Siginificar? Nós, siginificar? (Riso breve). ah! essa é boa!
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Martha Lopes 14/05/2009

Uma peça forte e sombria sobre a destruição e o desencontro dos pós-guerras, com a roupagem do nonsense e estranhamento beckettianos.
Conceicao.Ribeiro 25/04/2019minha estante
Assustadoramente real




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