O sangue dos outros

O sangue dos outros Simone de Beauvoir




Resenhas - O Sangue dos Outros


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Nicole.Avancini 30/04/2024

Entre o fardo da história e a liberdade absoluta
Atendendo ao apelo de Sartre, de que a literatura seja um trabalho engajado, que retrate a realidade social e critique suas falhas, Beauvoir constrói uma bela narrativa com o cenário de Paris na segunda guerra.

a autora bem reflete as ideias principais do existencialismo sartriano em sua literatura: o ser, a existência, a morte, a liberdade.
mas não apenas reproduz fielmente a filosofia sartriana, como também aborda temas caros ao seu próprio pensamento filosófico: o casamento, o amor romântico, a situação da mulher, o patriarcado.

numa escrita sagaz e devidamente poética, somos levados a pensar a situação do ser humano em meio a uma guerra, em que a sensação de impotência é inevitável, mas que justamente por isso nos confere motivo para reafirmar o império de nossa liberdade como ontológica.

por um momento, achei que o final seria feliz e esperançoso, reafirmando o valor da vida, mas Beauvoir nunca perde o contato com a realidade. ela é idealista apenas quando se trata do amor. a esperança que resta é aquela da descoberta da liberdade, sobre a qual nem a morte pode exercer coerção.
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Giacomet1 20/03/2024

Simone maravilhosa sempre!
Até que ponto certa ação / inação poderia prejudicar o outro? Qualquer que fosse esse outro, qualquer que fosse a perda do outro? E quando há favorecidos em detrimento dos outros? Dilemas e mais dilemas... A conclusão, naquela época: só é possível quando se combate o fascismo. Naquele tempo, o bem da coletividade importava. Simone foi perfeita nesse livro! É um livro para se pensar nos dias atuais. Nos tempos pós-modernos, essa noção de coletividade foi totalmente perdida: o individualismo impera, a coletividade que se dane. É cada um por si: o outro não me importa, afinal, o outro também não se importa; importa o quanto o indivíduo ganha. Eu só penso na falta que pessoas pensantes como Simone faz. A história de Blomart e Hélène é muito bonita e dramática; Hélène cresce muito ao longo da narrativa, passa de uma menina ingênua e mimada para uma mulher decidida. A escrita de Simone é complexa, não é um livro para se ler com pressa.
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Kanandavn 27/07/2023

Nossas ações sempre pesam sobre o mundo.
Esse é um romance de ação. Nessa obra simone de beauvoir dialoga muito com as questões do seu ensaio Pirro e cineias, como mesmo que involuntariamente nossas ações pesam sobre o mundo, e cabe a nós sabermos lidar com a angústia que é existir. A figura do outro também se apresenta aqui, pois esse é essencial para as consequências de nossas ações, nossas ações sempre pesam sobre os outros e assim continuamente.
O romance é ambientado no período da segunda guerra mundial onde a França está sendo derrotada pelo exército nazista, mas ainda assim há resistência. E durante as ações efetuadas por essa resistência a filósofa constroe várias questionamentos sobre a existência.
Com certeza esse livro foi umas das melhores leituras do ano ??
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Romeu Felix 23/03/2023

Fiz o fichamento sobre esta obra, a quem interessar:
Introdução:
"O Sangue dos Outros" é um romance escrito por Simone de Beauvoir e publicado em 1945. Ele narra a história de dois personagens, Jean Blomart e Hélène Bertrand, durante a ocupação alemã da França na Segunda Guerra Mundial. O livro é uma reflexão sobre a liberdade e a responsabilidade individual, bem como sobre as relações humanas em tempos de guerra.

Resumo:
O livro começa com a apresentação de Jean Blomart, um homem jovem e idealista que luta contra o regime nazista na França. Ele encontra Hélène Bertrand, uma mulher rica e bela que é casada com um colaboracionista nazista. Apesar das diferenças políticas e sociais, eles se apaixonam e iniciam um relacionamento. No entanto, a guerra e a ocupação alemã acabam por interferir em suas vidas e o relacionamento entre eles fica abalado.

A história é contada a partir da perspectiva de Jean, que luta contra a opressão nazista e contra a injustiça social. Ele se envolve em atividades de resistência e tenta proteger Hélène e sua família. Enquanto isso, Hélène começa a questionar as crenças de seu marido e a se sentir atraída pelo pensamento de Jean. Ela percebe que sua vida é governada por convenções sociais e que precisa se libertar para encontrar sua verdadeira identidade.

Jean é preso pelos alemães e torturado até a morte. Hélène tenta se aproximar dele, mas acaba sendo presa também. Ela é condenada à morte, mas consegue escapar graças à ajuda de amigos e aliados de Jean. No final do livro, Hélène percebe que Jean foi um símbolo da liberdade para ela e que sua morte representa a luta contra a opressão e a injustiça.

Análise:
"O Sangue dos Outros" é uma obra que reflete as ideias filosóficas de Simone de Beauvoir sobre a liberdade e a responsabilidade individual. Ela acredita que cada indivíduo deve ser livre para escolher seu próprio destino e que deve assumir a responsabilidade por suas escolhas. Ela também enfatiza a importância das relações humanas e da solidariedade em tempos de crise.

O livro é um retrato da França ocupada pelos nazistas e dos dilemas enfrentados pelos franceses durante esse período. A história de Jean e Hélène é um exemplo de como as pessoas podem se unir em tempos difíceis e lutar por uma causa comum. Eles representam a resistência contra a opressão e a luta pela liberdade.

Conclusão:
"O Sangue dos Outros" é um livro importante na obra de Simone de Beauvoir, pois mostra sua visão sobre a liberdade, a responsabilidade individual e as relações humanas. Ele também oferece um retrato realista e comovente da França durante a Segunda Guerra Mundial. A história de Jean e Hélène é uma inspiração para todos aqueles que lutam contra a opressão e a injustiça.
Por: Romeu Felix Menin Junior.
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Talia.Moniz 31/03/2022

o sangue dos outros está nas nossas mãos?
Como sempre a escrita de Beauvoir nos capta nesse mundo criado pela mesma cheio de personagens complexos que nos fazem ponderar em relação à nossa condição humana. No seu livro "O sangue de outros", aborda principalmente a temática da responsabilidade emocional que temos para com os outros à nossa volta.

Na obra, isso é abordado em relacionamentos platónicos e românticos de maneira sensível e assertiva, ao narrar como todas as nossas ações irão inevitavelmente influenciar as decisões de todos à nossa volta.

Um dos monólogos introspectivos mais interessantes da obra, na minha opinião, foi a questão do suicídio e como até essa escolha nossa, vai automaticamente influenciar todos à nossa volta, por mais que fisicamente o nosso corpo já não estará aqui. A culpa que vem com a questão do suicídio de todas as pessoas que terão de carregar essa dor e terão de carregar a lembrança de nós parece tão dolorosa quanto qualquer pensamento que nos faça realizar tal ato. Outro monólogo interno que adorei foi a questão da responsabilidade moral dentro de uma guerra, de como as pessoas têm que desligar completamente a sua humanidade para prevalecer, matando seus companheiros, amigos e camaradas. É um livro pesado sobre as dores da guerra, sobre a melancolia do amor não correspondido e como tudo o que fazemos está ligado a tudo o que outros fazem também.

Ainda estou tentando entender o que achei do livro. Esse é o tipo de narrativa que só se sabe o que verdadeiramente se achou após alguns dias de introspecção, tentando absorver toda a narrativa. É um livro que independentemente da opinião positiva ou negativa que possa causar, ainda vai sempre causar alguma impressão. É impossível permanecer tão imparcial em algo que todos nós nos podemos ver e é impossível permanecer tão imparcial ao ler "o sangue dos outros"
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larissa dowdney 12/02/2011

Fiquei em dúvida se dava 4 ou 5 estrelas para este livro. pelo seguinte motivo: o livro começou confuso, a história não me pareceu consistente, mas - há sempre um mas! - a confusão se transformou em uma magnífica história enredada e melancólica. eu que fiquei confusa, confesso. no melhor sentido que uma confusão existencial pode ter. e isso que é a beauvoir: uma bagunça mental para que você pare e pense um pouco no que foi e no que continua sendo. sem muita demagogia. mas esse livro foi me conquistando e, me conquistou a tal ponto que eu não podia se não dar 5 estrelas. é lindo! é lindo e profundo e terminei com uma vontade imensa de reler porque estou totalmente imersa nele. a personagem principal que à primeira vista é infantil e mimada e que aos poucos, se tranforma e TE transforma e no final você se descobre - sem saber como - apaixonadíssima por ela. Hèlene, grande personagem!

Enfim... Sem mais: um belíssimo livro.
Olga Veiga 18/02/2013minha estante
Incrível como tivemos a mesma ideia do livro,confuso no início,porém fica magnifico com o passar da leitura. Simone é esplendida.


Talia.Moniz 31/03/2022minha estante
a leitura é muito complicada mas o impacto que qualquer livro da beauvoir causa é o motivo que me faz voltar para ela




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