Jaqueline 15/10/2011"Firelight – O Inimigo Está Próximo", publicado no Brasil pela editora Agir, foi uma leitura cativante, que trouxe de volta toda a energia dos romances juvenis para minha estante. Apresentando a história de uma espécie mágica descendente de dragões, os draki, o livro de Sophie Jordan nos apresenta um universo até então inédito e bastante intrigante.
Os draki têm a capacidade de alternar entre a forma humana e a animal e este é o grande segredo desta espécie. Suas formas animais, poderosas e chamativas, são capazes de descobrir e manter ligações com pedras preciosas, frutos da terra que mantém suas essências vivas. Por esta ligação, eles são alvo dos caçadores, humanos com grandes capacidades de luta e rastreamento que buscam os draki para vendê-los no mercado negro ou simplesmente transformar suas resistentes peles em objetos de luxo.
Porém, este não é o foco do livro. A protagonista, a ruivinha Jacinda Jones, é uma draki mais do que especial: em seu clã, ela é a única com a capacidade de cuspir fogo, o que a torna uma integrante vital para a sobrevivência do seu grupo. Para perpetuar esta capacidade e fortalecer seu grupo, ela é prometida ao príncipe de seu clã, o convencido Cassian. O que ela não contava era com a teimosia de sua mãe, que tenta salvar a filha deste destino “imposto” fugindo com a adolescente e sua irmã gêmea, Tamra, para uma cidade no meio do deserto, longe da umidade e das florestas que mantém seu lado draki vivo e forte.
Uma vez presa ao universo da high school americana, Jacinda se reencontra com um jovem e bonitinho caçador que a deixou escapar em meio a uma perseguição, o sensível Will Rutledge, e este é o ponto central da mudança de tom do livro. Apesar de ser um caçador, Will agita o lado draki de Jace, mantendo-o alerta, verdadeiramente à flor da pele.
Seguindo a deixa da frase “Depois dos vampiros, lobos e anjos…” na capa do livro, Firelight não foge do rumo de outros tantos romances juvenis melosos que abarrotam nossas livrarias, e este é o grande ponto negativo do livro em minha opinião. O que poderia render uma história com uma pegada mais aventureira torna-se um romance dos mais suspirantes e “fofinhos” com o relacionamento proibido entre Jace e Will. Graças à narrativa em primeira pessoa, observamos todas as sensações e emoções da protagonista, uma menina de 16 anos vivendo em um mundo estranho e sobrecarregado de estímulos que, no fundo, vai contra sua natureza.
Pessoalmente, gostei muito da história do livro, mesmo com tanto drama adolescente. Em muitas resenhas disponíveis na blogosfera literária, vi pessoas comentando o excesso de reclamações de Jacinda sobre a sua vida fora da aldeia. No entanto, conforme fui avançando na leitura, pude compreender melhor a mentalidade da protagonista, assim como a obsessão de sua irmã gêmea por uma vida “normal”, seu desejo pelo clichê de se tornar uma líder de torcida e sua consequente amizade com as pessoas mais populares da escola.
A possibilidade de um triângulo amoroso, assim como o final eletrizante, manteve minhas expectativas altas para a continuação do livro, intitulada Vanish. Se você não curte açucaradas paixões juvenis, evite Firelight. Caso contrário, boa diversão!
>>Resenha publicada no site www.up-brasil.com