spoiler visualizargi 03/06/2024
Bem machadiano...
Da pra sentir o machado escrevendo isso. a ironia, a "over" analise dos personagens, a maximização de coisas pequenas, criticas sociais - motivos pelos quais amo os livros dele - estão visivelmente presentes.
mass... esse é um dos últimos (ou ultimo) livros romancistas do autor, e a intensificação e a idealização do amor caracterizam esse período.
agora, aonde o incesto entra nisso? nao sei... sinceramente, não sei ainda o que o machado queria colocando um "amor incestuoso" no meio dessa história. e, na verdade, o leitor até percebe esse amor "estranho", mas a tamanha absurdez disso (e o fato de não ter sido explicitado) faz o leitor nega-lo até o fim - até o padre explicitá-lo.
mas machado tenta (tenta?) tirar o foco disso e até absolver Estácio com o descobrimento do verdadeiro pai de Helena - o que, sinceramente, achei bem nada haver.
no final, forma-se uma bola de neve gigante de tal forma que o leitor nem consegue acompanhar direito o que está acontecendo, o que é verdade ou não.
num geral, o livro me prendeu e a leitura foi prazerosa na sua construção. mas o desfecho deixou a desejar, com descobertas atras de descobertas, mentira atras de mentiras - enfim, muita confusão. a morte da Helena foi realmente, concordando com Estácio, um alívio (não que a Helena tenha feito algo de errado nem que ela estivesse errada, mas querendo ou não ela era a única pessoa viva e presente que remetesse à toda confusão).