elainegomes 01/05/2023
Vermelho e o Negro de Stendhal, literatura francesa ?? escrito pouco antes de iniciar a revolução de 1830 na França, contra o período de restauração do absolutismo, fase de disputas entre os liberais e conservadores.
Foi um livro com forte crítica à hipocrisia e às contradições da sociedade francesa da época, um retrato realista e psicológico da vida e do pensamento da época.
O jovem Julien é um personagem muito inteligente, ambicioso, oportunista, busca ascensão social se vale do amor de modo utilitário, mas também ingênuo e transtornado por um sentimento de inferioridade, em grande parte da narrativa acompanhamos os conflitos psicológicos, conhecemos as intenções de Julien, talvez por isso tenha sido um livro lento, de poucas ações.
Achei interessante o protagonismo feminino, forte e desafiador. Temos Mathilde imperiosa e destemida em oposição a Sra Renal religiosa e moral.
Tudo estava levando para um livro mediano, mas aí veio este final, simplesmente surpreendente. Então a nota subiu ?
Atenção!!! A partir deste parágrafo a resenha contém spoiler.
Gostei da crítica generalizada, não sobrou nenhum grupo social ileso, foi uma grande crítica ao século XIX, que não teve heróis e grandes histórias, apenas burgueses medíocres buscando ascensão social e títulos sem qualquer propósito ou merecimento, só restando a idealização ao passado heróico de séculos anteriores a se copiar, tal como fez Julien, que subiu ao ponto social mais alto possível, mesmo com origem plebéia, para ao final cair como seu grande ídolo Napoleão; o mesmo reflexo aos antepassados teve a Mathilde, que idealizou um amor heróico que terminou na guilhotina, repetindo a história de de La Mole e a rainha de Navarra.
Minha interpretação do final, é de um Julien resignado e consciente de que tudo que sempre buscou na vida, tudo que conquistou, se tornou nada perto de sua maior conquista, o amor verdadeiro por sra Renal.
Inesquecível a cena da ?heroína? carregar no colo a cabeça ensanguentada de seu amor, um final trágico digno de Shakespeare.