PorEssasPáginas 21/05/2014
O livro já começa apresentando Sam como um garoto de onze anos com leucemia. Apesar de sofrer com sua doença e com o insucesso do tratamento, Sam segue em frente de forma natural, aproveitando seus dias com o amigo Félix. Após uma aula com sua professora, Sra Willis, ele começa a escrever um livro sobre sua vida, fazendo listas sobre fatos e sobre “perguntas que ninguém quer responder”. Ele também cria uma lista de coisas que quer fazer antes de morrer e, sabendo que seu tempo é curto, tenta realizar seus desejos.
A história é marcante, contada em primeira pessoa por Sam, já praticamente no formato do livro que ele está escrevendo. Destaco aqui a diagramação do livro, que ficou maravilhosa. Além disso, conseguimos nos conectar com Sam com muita facilidade, pois a forma como sua história é narrada faz parecer que ele está ali do nosso lado contando tudo o que acontecia em sua vida. Ele demonstra uma inocência característica da infância, ao mesmo tempo que tem essa vontade de crescer logo, se tornar um adolescente e fazer as coisas típicas de adolescente.
Mesmo sabendo que seu tempo é curto, Sam não se entrega ao desânimo e tenta absorver tudo o que a vida tem a oferecer, sem culpar ninguém por seu estado, nem mesmo Deus. Cada aprendizado, cada momento, cada sentimento que consegue captar ele transmite tudo para seu livro. Principalmente sua lista de desejos. Muitos deles com a ajuda de Félix, Sam vai realizando seus desejos, um a um, mesmo os mais improváveis de serem realizados.
No livro, Sam também faz seus questionamentos sobre a morte: Para onde vamos, por que morremos, o que acontece com quem fica… Confesso que é difícil falar sobre esse livro, não simplesmente por se tratar de um assunto delicado, mas por ele todo ser delicado. Foi feita uma referência à A culpa é das Estrelas, mas confesso que não chorei com Hazel e Gus o mesmo que chorei com Sam. Não sei se foi o fator “infância”, não sei se foi porque a história de Hazel tem aquele tom mais ácido de John Green, mas Sam me comoveu do início ao fim pela sua força e boa vontade em saber lidar com seu estado.
Através de Sam, também passamos a conviver um pouco com Félix e descobrimos seus gostos e sua perspectiva diante de seu estado. Também é através de Félix, mesmo que indiretamente, que Sam e a irmã tem contato com a hipocrisia e nesse momento eu percebi que poucos conheciam Félix como Sam. Outros personagens que Sam nos apresenta são seus pais, sua mãe sempre dedicada e seu pai que se mostra em estado de negação no início, sua irmã mais nova, a enfermeira Anna e a Sra Wills, que gosta de ensinar e explodir coisas. Todos eles tiveram participação na vida de Sam e compartilharam sua luta.
É um livro que nos faz refletir sobre o que temos e como aproveitamos ou não a nossa vida. Todos sabemos que vamos morrer, não sabemos quando – mesmo quem está doente não tem data marcada para a morte. Mas será que aproveitamos o que temos aqui? Será que nós lutamos de verdade para realizar nossos sonhos?
Para quem acha que não vale a pena a leitura, porque no fim das contas é muito triste e o final é previsível, fiquem sabendo de uma coisa: nosso final também é previsível. Eu já falei para vocês que, mesmo sabendo do final de um livro, o mais interessante é como você chega até o final - e assim também é com a nossa vida. Pensem nisso.
Esse livro foi gentilmente cedido para resenha pela Geração Editorial (e obrigada pelos lenços, foram úteis).
site: http://poressaspaginas.com/resenha-como-viver-eternamente