Grotescas

Grotescas Natsuo Kirino




Resenhas - Grotescas


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Marília 24/12/2019

Todas as pessoas nesse livro são repugnantes (e você não consegue parar de ler)
Quando eu terminei de ler eu fiquei em choque, levei muito tempo para digerir, e queria muito ter conversado sobre ele com alguém que também o tivesse lido. Definitivamente não é um livro pra qualquer um ler, ele é denso, pesado, e cheio de crueldade e desespero. Mas nenhuma daquelas pessoas é santa, então, mesmo que sinta uma certa pena delas, sempre há um porém. Alguns trechos são meio arrastados, e a personagem que narra maior parte da série é uma pessoa horrível, então pode ser um pouco difícil engajar na leitura, mas vale a pena. Por que essa é uma história grotesca, e você não consegue parar de olhar.

Começa com a morte de duas prostitutas, Kazue e Yuriko. O livro é narrado sempre em primeira pessoa. A narradora principal é a irmã de Yuriko, cujo nome não é citado. Supostamente é uma mulher feia e Yuriko é monstruosamente linda. Já Kazue era uma colega de escola das duas, que além de prostituta, era funcionária de uma empresa muito respeitável durante o dia. A irmã sem nome, ressentida da beleza da outra desde criança, recebe os diários da falecida. A partir daí as histórias se desdobram pra outros personagens, e pra todas as circunstâncias dessas vidas que levaram à morte das duas, através de diários e cartas. Uma coisa interessante de se notar é que todas as narrativas são unilaterais, e as personagens se desmentem o tempo todo. Todos estão mentindo e se colocando como mocinhos.

Aqui são expostos vários problemas da sociedade japonesa (mas não só dela). O estigma que a beleza ou a falta dela causa nas meninas e mulheres é um dos principais temas em todas as narrativas, a forma como a sua psique é formada em torno dessa ideia de modo praticamente obsessivo; a forma como os homens lidam com seus desejos em relação a essas mulheres, quase sempre as tratando como objeto de desejo ou exploração; e em último nível, a dependência emocional de ambas as partes (por assim dizer) e como todo esse contexto impede que essas pessoas criem uma conexão real.

E creio que em algum nível todo mundo pode se conectar com essas pessoas por mais horríveis que pareçam.

Enfim, sensacional.
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Kelli ( kell_msa) 05/08/2020

Achei denso e perturbador.
Durante toda leitura, senti que cada vez mais a leitura ficava sufocante, que de um jeito ou do outro, a coisa toda estava indo pro fundo do poço. A cultura banalizadora da pedofilia, a passada de pano para Pedófilos.
Somos monstros, monstrengos.
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anselmo.pessoal 02/10/2023

Apesar de longo e repetitivo, bom!
Mergulhar em uma cultura tão diferente da nossa sempre fascinou. Nesse sentido o livro é muito bom. É uma imersão total na cultura, nos valores, no cotidiano? do Japão e dos japoneses.
Entretanto, a narrativa é enrolada e repetitiva.
Mesmo assim, gostei e recomendo.
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Katia.Caja 11/07/2015

Belo como vísceras
Um livro com a beleza de uma árvore apodrecendo ou de um bebê natimorto ou de um incêndio ou de qualquer coisa que, por ser triste, demanda muito de nós para ser apreciada. A autora nos coloca de frente para os nossos piores defeitos sem nenhuma piedade, o que faz do livro uma espécie de terapia hardcore.

Aí está a sociedade japonesa com todos os seus problemas. O universo escolar e sua força esmagadora sobre a auto-estima dos jovens ao incentivar tanta competitividade entre os alunos. A falta de sentido desse mesmo sistema educacional, que não prepara para a vida. O peso da sociedade de classes, o racismo contra os mestiços, o problema da imigração ilegal. A misoginia que marginaliza até as mulheres mais talentosas, trabalhadoras, dedicadas. Prostituição, bullying (escolar e empresarial), bulimia, fanatismo religioso, darwinismo social... dizem que alguns livros (como a Bíblia) pingam sangue. Grotescas pinga lágrimas. Vai ver é por isso que há gotas na capa.

Aí está também os piores aspectos das pessoas: as mentiras que habilmente contam para si mesmas, perversão, incesto, inveja, rancor, competitividade, insegurança, e segurança mal fundamentada, que é tão desestabilizante quanto a insegurança.

São inúmeros os méritos do livro, mas acredito que o principal seja passar uma visão honesta e realista do mundo com todas as suas injustiças. Entre os desméritos, o que considero mais grave é a autora se propor a escrever diários e um depoimento, sem dar nenhum estilo de escrita pessoal a cada um dos personagens. O tempo inteiro, é visivelmente Natsuo Kirino escrevendo, nunca Zhang, Yuriko ou Satou. Além de um chinês interiorano com pouco estudo que sempre viveu em grande pobreza escrever como um poeta (como Kirino), às vezes Yuriko e Satou têm arroubos de nervoso que não condizem com a personalidade delas, mas com a da narradora sem nome, srta Hirata.

Outro problema do livro é que a autora não é nada boa com verossimilhança, várias vezes dá para perceber que acontecem coisas na história convenientes para o desenvolvimento da narrativa, mas improváveis demais de acontecer na vida real. Pelo menos a análise psicológica dos personagens é tão envolvente que isso acaba ficando menos importante.
Lua 26/11/2018minha estante
Queria perguntar sobre o último paragrafo. O que vc poderia citar como exemplo de pouca verossimilhança?




Danny 17/02/2014

Perfeição grotesca
Já pensou em ter uma irmã tão fisicamente perfeita que até parece uma mutação?
Foi isso o que aconteceu com a narradora do livro Grotescas.
Yuriko Hirata, sua irmã caçula, é tão linda que a irmã mais velha usa a palavra "monstro" para descrevê-la.
A protagonista, cujo o nome não é citado, tinha como objetivo ficar o mais longe possível da irmã caçula.
Fez de tudo para entrar no melhor colégio do Japão, pois sabia que sua irmã não tinha inteligência para isso.
Sua família se muda para Suiça, terra do pai delas, mas a narradora fica no Japão com o avô.
Quatro meses depois, após o suicídio da mãe, Yuriko volta para o japão e fica na casa de um casal amigo de seus pais.
Claro que ela nem precisou de boas notas para entrar no colégio da irmã. Sua aparência lhe dava tudo de bandeja.
No colégio, a irmã de Yuriko, conhece Kazue, uma garota feia que faz de tudo pra se enturmar, sem sucesso.
Anos depois, Yuriko e Kazue, mesmo sendo absurdamente diferentes e aparentemente sem terem nenhuma relação uma com a outra, se tornam prostitutas e são mortas da mesma forma, mas não na mesma ocasião.
Isso leva a protagonista a relembrar o passado e de afirmar o que já sabia desde muito cedo: a vida é cruel.
Psicologicamente envolvente.
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Jean Thallis 31/08/2013

Poderia ser 5 Estrelas

1. A tradução é do inglês e não do Japonês.

2. Zhang, o assassino, escreve como se fosse um escritor nato. Os diários não tem aspectos de diários apesar de no livro eles serem.

Fora isso um excelente livro, bastante da cultura japonesa. Recomendo.
Katia.Caja 11/07/2015minha estante
Concordo: é uma pena um livro tão bom quanto esse ser editado pela Rocco, uma editora desleixada que faz uma tradução de segunda mão e claramente não faz questão de que a revisão seja acurada. Podem ser encontrados erros de revisão em todo o livro, especialmente no começo. E, para quem entende de cultura japonesa, alguns pequenos descuidos são irritantes, como desrespeitar a maneira correta de dividir as sílabas. Eu tinha vontade de chorar todas as vezes que lia o nome da personagem Mitsuru começar Mit numa linha e continuar -suru na outra. O mínimo que um tradutor devia saber antes de aceitar um trabalho desses é que ?tsu? é uma sílaba, mesmo que vá traduzir do inglês.
Li muita literatura infanto-juvenil editada pela Rocco e já a adolescência me irritavam os erros de revisão. Passaram as estações, nada mudou, só podemos lamentar que eles sejam tão bons em comprar os direitos de obras importantes.


Jean Thallis 24/07/2015minha estante
Realmente Kátia, também concordo, gostei da Autora, parece ter outros títulos bons, uma pena a Rocco estar sobre o domínio desta tradução, talvez um dia chegue nas mãos da Estação Liberdade ou da Alfaguara uma tradução boa do japonês.


23/10/2015minha estante
Achei esse livro incrível! Não tive essa experiência ruim com a revisão porque li a versão americana.
Uma pena que ainda exista descuidos assim por aqui, né?
Recomendo um outro dela, Out (acho que em português ficou Do Outro Lado). É maravilhoso!


leonel 28/03/2016minha estante
o zhang é de propósito, não foi erro, porque ele tá mentindo a maior parte do tempo. a maioria dos personagens mente, aliás, quando escreve em primeira pessoa.


Águida Moreira 25/04/2019minha estante
Gente, estou na página 417 (então sem spoilers) mas o nome da irmã mais velha da Yuriko não foi dito até agora!!!!!




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Ak 24/08/2018

Grotescas.
O livro fala sobre a morte de duas mulheres Kazue, e Yuriko que tem ligações entre si, além da ligação com a narradora, que aliás é irmã de Yuriko, no começo do livro, eu achei a narradora (que não tem primeiro nome, só é aprensatado nome de família) muito mesquinha, e irritante, com seus modos de tratar a irmã só porque ela era mais bonita. Mas no decorrer do livro você percebe que existem pessoas que são muito piores que a própria narradora, e entre os diários que é apresentado, o diário da Kazue satô é um dos mais pertubadores! É o que mais chega perto da realidade dos fatos, pelo que entendi. Enfim, é um livro interessante, que mostra o pior do ser humano, o pior mesmo, mas não são histórias muito impactantes, que fazem você refletir, só são fatos infelizes da vida.
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loulou2 07/09/2022

pesado
a leitura desse livro não é uma coisa leve, eu não sabia muito bem do que se tratava mas é bom dar uma procurada por conta dos gatilhos que se encontram nele.
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Nara 23/04/2015

385
Chatérrimo
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San... 20/11/2013

Uma narrativa cansativa, prolixa, toda ela voltada para os sentimentos e as atitudes mais baixas, mais degradantes que os seres humanos podem nutrir. Nenhuma perspectiva de redenção, nenhum sopro de vida saúdavel, nenhum vislumbre de sentimentos positivos. A narrativa toda chega a ser asfixiante, deprimente. E a quem me pergunte porque não abandonei o livro sem terminar a leitura, muito arrastadamente, de suas 575 páginas, só posso dizer que tive esperança de um final apoteótico, capaz de redimir a mesmice abissal da obra. Também me obriguei pelo preço "salgado" do livro. Acredito que seja o livro com o qual menos me identifiquei este ano.
Lua 26/11/2018minha estante
Nunca espere esse tipo de final redentor de uma narrativa japonesa rsrs. Infelizmente, eu devo discordar de vc, todas essas caracteristicas crueis é que são o ponto forte do livro, que ao meu ver, tem notório caráter de denúncia.


Jon O'Brien 19/06/2019minha estante
Concordo com você, Lua. A crueldade descrita no livro é o ponto forte.




Valéria Cristina 04/12/2023

Demorei para digerir essa história
Terminei de ler Grotescas dia 30 de novembro e ainda não tinha conseguido comentá-lo. Precisei de uns dias para digerir o texto.

O estilo da autora é impactante e muitas vezes brutal. A história se passa em Tóquio e seu ponto de partida é o assassinato de duas prostitutas, ex-alunas de um famoso colégio de elite japonês.

A partir desse fato, vemos a reconstituição da vida das vítimas e da narradora, irmã de umas das moças assassinadas e cujo nome não é revelado. Filha de mãe japonesa e pai suíço não se sente parte da sociedade, fato esse agravado por sua irmã Yurico possuir uma beleza extrema que para ela parece monstruosa e com qual se compara cotidianamente.

Ouvimos a voz da narradora, mas também a das duas vítimas - Yurico e Kazue – por meio de seus diários e percebemos como as visões de mundo de todas elas são diferente e complementares, bem como essas diferenças determinaram suas ações, suas escolhas e o curso de suas vidas.

Mais do que saber quem foi o autor dos homicídios – fato que não possui muito mistério – o que mais interessa nesse livro é a crítica contundente que Kirino faz da sociedade japonesa. Uma sociedade machista e tradicionalista que impõe à mulher uma pressão extraordinária pelo sucesso dentro de determinados modelos preestabelecidos. Ainda, uma sociedade moralista e sexista que não admite mulheres que queiram conduzir a vida sob seus próprios padrões.

A crítica também se estende ao sistema educacional japonês, ambiente no qual a competição exacerbada é estimulada, onde a diferença de classes sociais é acentuada e onde só vencem aqueles que se destacam em alguma área previamente posta pelo próprio sistema.

Verdade e mentira se misturam nessa narrativa impactante e nem sempre é possível saber qual delas prevalece.

Natsuo Kirino é o pseudônimo de Mariko Hashioka, uma romancista japonesa e uma figura importante no recente boom de escritoras de ficção policial japonesa. Sua obra já foi publicada em 28 idiomas.
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cyberenjeru 10/01/2024

Grotescas é aquele tipo de leitura é impossível não sentir nada lendo, é um turbilhão de coisas que é até difícil de descrever. No começo o livro não estava me agradando tanto por conta da protagonista, ela me irritava profundamente. Mas quando passou para o diário de Yuriko foi me prendendo mais. Quando chegou na parte do Zhang e da Kazue o livro me pegou de jeito, vi meus demônios, medos, inseguranças e conflitos expostos diante de mim, me encarando. Então devorei o restante do livro, tanto que terminei as 5 horas da manhã. E terminei querendo mais, quero saber como se seguiu a vida da protagonista, essa criatura grotesca.
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Jon O'Brien 19/06/2019

A crueldade, bela como vísceras, como ponto forte do livro
CONTÉM SPOILERS LEVÍSSIMOS, APENAS PARA O LEITOR SE SITUAR MELHOR NA HISTÓRIA.
O meu primeiro contato com Natsuo Kirino, autora de diversos romances policiais e de suspense psicológico, foi com Grotescas, minha melhor leitura de 2019 até agora. O livro, completamente denso e bruto, é muito mais do que uma análise profunda da personalidade humana. Ele tem uma alma própria e te suga para dentro dele. Eu lhe garanto: ao terminar a leitura, você não sai ileso.

Quando falo que gosto de ler literatura estrangeira, me refiro a mais do que ler livros americanos ou britânicos. Gosto de me aventurar por culturas espanholas, como em O Guardião Invisível, da Dolores Redondo, e culturas japonesas, como em Grotescas, da Natsuo Kirino.

Entretanto, apesar de editoras como a Morro Branco se dedicarem a traduzir obras de vários cantos do mundo, poucos são os títulos que vêm da Islândia, da China ou da Índia, e muitas vezes chegam ao Brasil não com tradução direto do original, mas sim do inglês, o que pode fazer com que se perda um pouco do sentido, do significado.

Com Grotescas, também é assim. O livro foi traduzido do inglês, quando tenho a certeza de que há ótimos tradutores da língua japonesa espalhados pelo Brasil. O que acha? Mas vamos falar da história, que é o que mais interessa? Grotescas é um suspense psicológico sobre o assassinato de duas prostitutas, e é um livro repleto de críticas em relação à sociedade japonesa, muito ligada à beleza e ao status que ela traz.

No livro, temos como protagonista uma mulher de meia-idade cujo nome não é revelado. Ela é irmã de uma das vítimas e ex-colega de escola da outra. Tomada por sentimentos de inadequação e rancor desde os primeiros anos de vida, a protagonista não consegue sentir nada mais do que ódio pela irmã, porque, enquanto Yuriko, a irmã assassinada, é dotada de uma beleza monstruosa e descomunal (e que, por isso, recebe uma série de vantagens no Japão, país onde a beleza é capaz de abrir portas), a nossa protagonista é feia e sem graça. A inteligência que tem, muito superior à da irmã, nunca foi valorizada da mesma forma que a beleza de Yuriko.

Este é o ponto de partida de Grotescas: a narradora sem nome e não totalmente confiável nos presenteia com uma história não-linear que traça as vidas das prostitutas brutalmente assassinadas ao mesmo tempo que fala de si mesma, das suas aflições e de toda a maldade que transpassou em sua vida. Além das motivações de Yuriko, conhecemos a vida de Kazue, uma mulher com uma formação eminente que nos faz perguntar por que uma pessoa com um excelente emprego de dia em uma firma conceituada se tornaria prostituta à noite.

O livro tem um conteúdo muito diversificado, o que é agradável aos olhos. Além dos relatos da Srta. Hirata, que é a narradora do livro, temos o depoimento de Zhang, o suposto assassino das prostitutas, e os diários das mulheres assassinadas, Yuriko e Kazue. Desta forma, apesar de o livro se desenrolar de forma lenta, ele tem muitas facetas, o que não me pareceu nem um pouco cansativo. Ele sempre conseguiu se reinventar. Sobre os diários: muita gente reclamou que os diários, por usarem travessões para marcar as falas, perdem a verossimilhança e faz com que não pareçam diários. Mas eu discordo. A Srta. Hirata, protagonista do livro, afirmou ter modificado o diário da irmã, Yuriko, e por isso pode ter reescrito o diário daquela forma. Se ela modificou o diário da irmã, pode ter modificado o da Kazue também, inclusive inserindo detalhes mais pérfidos ainda nas narrativas, para degradar as personagens. Afinal, a protagonista é um monstro. Achei totalmente verossímil.

Autoras como a Gillian Flynn levam a fama de serem cruéis em suas narrações, mostrando a força feminina para a maldade. Ruth Rendell, minha autora preferida, é bastante densa em suas descrições, mas nem ela nem Gillian Flynn conseguem superar Natsuo Kirino em descrições frias e pesadas, que deixam qualquer um de queixo caído. Não só os acontecimentos, como também a forma que é usada para contar o livro, provam que Natsuo Kirino nos mostra personagens com outros níveis de maldade e com uma verossimilhança incomparável.

Natsuo Kirino conseguiu criar uma protagonista 100% odiável. Apesar de entendermos completamente os seus motivos, assim como os motivos que regem a vida de todos os personagens da trama, as ações e os pensamentos da personagem principal não deixam de ser chocantes. Quanto ódio há no coração dessa mulher, quanto rancor ela possui! Desta forma, é possível afirmar que ela é tão grotesca quanto, ou ainda mais grotesca do que as prostitutas assassinadas.

Desculpe-me, mas eu li Ruth Rendell e Dostoiévski, e, apesar de gostar muito da construção de personagem de livros como Carne Trêmula e Crime e Castigo, foi em Grotescas que eu senti um nível ainda mais chocante de detalhamento emocional. Ele me sugou. Para mim, é a melhor construção de personagens que já vi na vida, e suponho que os outros livros da autora também tenham muito disso.

O livro é longo, possuindo quase 600 páginas de desgraçamento mental, e por algum motivo, apesar de ter amado a leitura do início ao fim, demorei incríveis três meses para lê-lo. Talvez a leitura tenha sido muito forte para mim, talvez eu tenha me sentido meio indisposto por causa do modo como os acontecimentos do livro me chocaram, e no fim demorei muito a ler. Entretanto, a leitura espaçada foi muito interessante. Consegui aproveitar bastante o conteúdo e intercalar a leitura com outros livros legais.

E, apesar de muita gente comentar que a autora enrolou muito em alguns trechos, eu acho que esse argumento não é válido para o caso de Grotescas. Temos aqui um livro que não preza pelos acontecimentos, mas sim pelo modo como os acontecimentos são descritos. A escrita pontual e fria deste livro da Natsuo Kirino, sem figuras ou floreios, foi feita para DISSECAR a personalidade humana e expôr o modo como a sociedade japonesa é competitiva, muitas vezes fazendo com que os japoneses sejam levados a atos extremos em busca do primeiro lugar ao sol.

Uma amiga que leu o livro comentou que não conseguiu se apegar a nenhum personagem, e eu concordo com ela nesse ponto. Mas não vejo isso como erro da autora. Na verdade, todos os personagens são detestáveis; no mínimo, ridículos. A protagonista é uma mulher cruel, que considera a maldade como um talento seu. Então, ela lapida sua maldade (seu talento), a única coisa sua que sente que é boa. Outros personagens, como a Kazue, só me despertaram sentimentos de dó e impotência. Eu a via se humilhando em busca da aceitação, sem nunca consegui-la, e isso me deixava mal de verdade. Apesar disso, apesar de não gostarmos de nenhum personagem, eles são muito bem-construídos, de modo que você fica curioso para saber os pormenores de suas vidas.

Acredito que este livro é muito interessante de ser lido por pessoas que gostam de narrativas lentas e que prezam pelo desenvolvimento da psique dos personagens, pois Grotescas é uma verdadeira aula de Psicologia no quesito maldade humana. Tipo, até onde as pessoas podem chegar no sentido competitivo? Recomendo também para pessoas que querem conhecer mais da cultura japonesa, em particular os pontos negativos presentes nessa cultura, mostrando que o Japão não é apenas flores de cerejeira.

E aí, você gostou da resenha? Comente sobre o que achou dela. Em breve, gravarei um vídeo deste conteúdo, e espero que vocês gostem. Minha próxima leitura da Natsuo Kirino será Do Outro Lado, talvez ainda neste ano. Tentei ao máximo descrever o universo de Grotescas, a beleza na feiura do livro. Sim, o livro é belo, belo como vísceras, como vi em um comentário. Apesar de tentar descrever da melhor forma possível, em uma das maiores resenhas que já escrevi (talvez a maior), sugiro que você leia o livro, pois Grotescas é indescritível.

site: https://redipeblog.wordpress.com/2019/06/19/resenha-grotescas-natsuo-kirino-thriller-psicologico-japones/
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Rose.Agra 19/06/2018

Cansativo
Quase um mês lendo esse livro. A autora é totalmente prolixa. Se o livro tivesse 200 páginas a menos não faria a menor diferença. Pensei em abandonar a leitura porém ela melhora da metade para o fim. *Obs: Os diários não tem lógica alguma, ninguém escreve num diário colocando os diálogos, como num livro. Resumo: perdi meu tempo, só isso.
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