Naiane Oliveira 25/01/2013
Uma mente inquieta, um mundo inconstante
Uma mente inquieta trata-se de um livro magnifico e extraordinariamente cativante, que traz o relato de experiência de uma mulher corajosa e determinada, que através de memórias comoventes, e uma linguagem claramente simples e rica, poética e com humor, conta-nos sobre sua incessante luta contra as instabilidades de humor que a acometeram ainda na sua adolescência. E como consequência, nos faz mergulhar em mundo totalmente inconstante, por vezes inebriante e veemente, por vezes lúgubre e aterrorizante.
O livro já me dominou desde o pequeno escrito na sua capa. E como há alguns anos atrás eu estudara sobre o tema, e já sabia do que se tratava o livro, o que já havia sido suficiente para aguçar minha curiosidade, a minha leitura já iniciou com um grande salto para um mergulho, e quanto mais eu lia, mais eu queria mergulhar nessa história comovente e assim, poder conhecer um pouco sobre o mundo de alguém com doença maníaco-depressiva.
Kay Jamison descortina para nós as experiências estupeficantes dos limites da mente, na verdade, da própria mente. E nos faz conhecer os extremos vividos por uma pessoa com doença maníaco-depressiva. A doença maníaco-depressiva, também conhecida como transtorno bipolar ou transtorno afetivo bipolar do humor, é uma doença caracterizada por oscilações abruptas do humor, com episódios de depressão, mania ou hipomania, sendo que esses episódios podem variar em dias, semanas ou até meses, e não existe uma situação específica para desencadear uma crise.
A forma que Kay resolveu lidar com a própria doença, é extraordinária, assim como a forma que ela coloca pontos importantes de como tratar e acompanhar alguém com doença maníaco-depressiva. Ela nos mostra a importância de pequenas gentilezas, que por sinal influenciaram em muito no seu processo de vida e de crescimento, assim como a importância de não abandonar ao tratamento medicamentoso e terapêutico, e do apoio de familiares e amigos.
Quando falamos em pessoas com doença mental, infelizmente, ainda hoje, há um estigma muito grande. O preconceito até mesmo do próprio paciente existe, e como consequência desse preconceito, há uma tendência muito grande de afastamento do convívio social, de pessoas com sofrimento mental. E Kay nesse livro, nos mostra outras possibilidades de enquanto paciente como lidar com a doença, ao invés de se auto causticar, e de enquanto familiar ou amigo, como lidar com o doente, ao invés de se depauperar.
Algo que Kay diz e fez que é um exemplo de vida, e foi uma possibilidade de “saída” do mundo por vezes fascinante, por vezes tenebroso que ela conheceu e que como resultado de força e determinação a tornou uma autoridade internacional em doença maníaco-depressiva e que me tocou bastante foi:
"...tornei-me por necessidade e por inclinação intelectual uma estudiosa das alternâncias do humor. É o único meio que conheço para compreender, na verdade para aceitar, a doença que tenho. Também é o único meio que conheço para tentar exercer alguma influência nas vidas de outros que também sofrem de transtornos do humor.".
Sendo assim indico a todos a leitura deste livro, principalmente àqueles que têm interesse por psicologia, psiquiatria, psicoterapia, enfim, a todos que se interessam por saúde mental.