ArthurmalariA 03/09/2021
Um tesouro para o cinema
23/2021
Quatro Estações é o décimo quinto livro publicado por Stephen King, lançado em 1982 e trás quatro novelas bem diferentes do trabalho apresentado pelo escritor, conhecido como o mestre do terror. Temos aqui "Rita Hayworth e a redenção de Shawshank", um drama sobre um bancário preso por matar sua mulher, "Aluno Inteligente", que conta a história de um garoto inteligente que descobre um procurado nazista vivendo como um imigrante comum, "O Corpo", que fala sobre quatro meninos que partem numa aventura pra ver o corpo de um menino morto e "O Método Respiratório", o conto mais macabro (o único terror do livro) que fala sobre um obstetra contando um caso de uma mulher que seria mãe solteira numa época em que isso não era bem visto e a forma que ele a ensinou o método respiratório. Quem leu esse livro percebe que as descrições rasas que fiz dos contos são na intenção de não dar nenhum spoiler que possa atrapalhar quem nunca leu ou viu os filmes que saíram desse livro, afinal, minha intenção é falar sobre o que senti e como me senti ao ler essas histórias e ver suas adaptações, e não estragar a experiência de ninguém. Pois bem, no pósfacio desse livro Stephen King fala com bastante humor sobre rótulos, e sobre como foi enfrentar a resistência em publicar suas histórias aterrorizantes uma atrás da outra e ser rotulado como escritor de terror, e depois sobre como foi enfrentar a resistência em publicar novelas, ou contos, de assuntos diferentes, dramas, aventuras, sem nenhum apelo ao gênero que o consagrou. E foi assim que me senti ao ler esse livro. Relutante no começo, principalmente por já ter visto as adaptações de Shawshank Redemption e de O Corpo. Não entendia como King poderia tirar histórias tão intrigantes e sensíveis como essas. Mas é aqui que você entende porque ele é um dos maiores criadores de personagens da história dos escritores. Red, de Shawshank, por exemplo, é um criminoso confesso, matou sua mulher, uma vizinha e seu filho, e ainda assim tem um carisma e inteligência cativantes, que te faz torcer por ele ao longo da história como se ele estivesse preso injustamente. Aliás, essa história levanta a discussão de quanto tempo é suficiente pra se punir uma pessoa mantendo-a presa (Hey, não me acuse de defender isso ou aquilo, estou apenas reconhecendo a discussão e a necessidade de pessoas especialistas a terem). Os meninos de "O Corpo", com certeza você teve amizades assim quando criança, amigos com quem brigar, com quem sorrir, com quem descobrir a vida e o mundo, e mais uma vez ele trás uma história recheada de referências pessoais, inclusive a ele mesmo, mas muitas que nos fazem lembrar daquele dia de sol sem nada com o que se preocupar, lá atrás na nossa infância. Em Aluno Inteligente trás dois personagens tão diferentes e uma relação simbiótica em que os dois se aproximam e criam situações tão intrigantes e pesadas (me enojei lendo essa história), novamente levanta a discussão sobre o tempo, sobre o efeito do tempo. Quatro Estações se propõe a apresentar uma história diferente pra cada estação do ano, e já descoberto como um gênio para o cinema, três delas foram adaptadas para o cinema (Um Sonho de Liberdade para o primeiro, O Aprendiz para Aluno Inteligente e Conta Comigo para O Corpo) e geraria um texto muito maior que esse se fôssemos falar sobre os méritos de tais filmes, portanto deixo essa discussão para os comentários, caso alguém se proponha a falar a respeito! 9/10