Aventuras na História Nº 68 (Março de 2009)

Aventuras na História Nº 68 (Março de 2009) Reinaldo José Lopes




Resenhas - Aventuras na História - nº 68


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z..... 31/03/2020

Março de 2009
Está tão chato o presente, nesses dias de pandemia do coronavírus, que tenho direcionado minha quarentena na descoberta de coisas interessantes do passado, especificamente revisitando a coleção "Aventuras na História".

"Grécia" foi tema de capa nessa edição.
A reportagem destacou a política, a valorização das artes e esportes, a relação entre os homens e papel atribuído às mulheres.
Na política o destaque é a democracia, que se expressava em costumes como:
- escolha de cargos públicos definida por sorteio (que tornaria as coisas teoricamente mais democráticas);
- e votação do ostracismo (em que os cidadãos definiam a expulsão de alguma pessoa da cidade e arredores em período de 10 anos). Banimento cumprido à risca, diferente do impeachment de hoje na política, em que o indivíduo perde o cargo, mas continua com regalias e impunidade, circulando a bel prazer.
A democracia denotava valorização do livre-arbítrio, mas apenas em relação à cidade e circunvizinhança, pois em relação a aliados, Atenas impunha regime que podia ser arbitrário e explorador. É mais ou menos o que as grandes potências fazem hoje, como os EUA, que se orgulham do espírito democrático em sua nação, mas usam de mão de ferro em relação às outras, até mesmo com arrogância, prevalecendo seus interesses. Tipo assim: minha força conta com tua fraqueza e minhas riquezas tem da tua oferta. Parceiro teórico e explorador na prática, impondo sua força e exploração.
Outro aspecto interessante: Atenas é historicamente renomada pela democracia e artes, mas o que a projetou entre as nações, segundo o texto, foi seu poderio militar, especificamente o naval. Decisivo na guerra contra os persas (século 4 a.C), levando nações em derredor à alianças. E toma-te domínio sobre elas, nos conformes de velada ou escancarada exploração. Assim era a democracia, em políticas internas e externas...
Nas artes e esportes havia o culto à beleza e à saúde.
Nas relações entre os homens havia homossexualismo, hedonismo e pederastia, em relações amplamente difundidas.
E o papel atribuído às mulheres denotava machismo determinando os costumes. Na prática, eram cornas com maridos dados à veadagem. E ai delas se contrariassem...
É o que a reportagem sugeriu.

"Resumo da Ópera"
Abordagem histórica sobre a ópera, destacando algumas das mais importantes, como "Carmem" (de Bizet, 1875), que teria impactado o contexto de época pelo protagonismo e sensualidade feminina.
Registre-se que a ilustração inicial da reportagem é uma das mais incríveis que a revista já fez (minha opinião), destacando Carmem. Pena que essa fase fantástica já não existe...

"Meu bem, meu mal!"
Destaca drogas que já tiveram uso associado à saúde e status de elegância: maconha, LSD e Cocaína. Desconjuro!
Revistas e jornais ostentaram disparates como o uso benéfico contra problemas pulmonares e psíquicos. A repressão, segundo os informes, prevaleceu a partir do governo de Getúlio Vargas. Acredito que a modernidade percebeu a realidade.

Gostei também da entrevista de João Barone com André Midani. Os dois tinham em comum projeção na música e histórias relacionadas à Segunda Guerra Mundial. Barone (do Paralamas do Sucesso) teve pai pracinha da FEB. Midori, além de renomado executivo na indústria fonográfica, testemunhou a invasão na Normandia aos 12 anos (como morador, filho de Sírio, na região).
O papo é legal, pena que breve, adentrando lembranças do Dia D e da história musical brasileira.
Por curiosidade, dei conferida na biografia de Midori. Faleceu ano passado (2019), tendo publicado obra que deixo em registro como sugestão de leitura: "Música, ídolos e poder", publicada pela Nova Fronteira em 2008. Parece interessante e gostaria de conferir.

Outra sugestão de leitura que interessou-me: "Por mares nunca dantes navegados", de Fábio Pestana Ramos. Sobre as navegações e contexto das nações no século 15, destrinchando aspectos práticos, rotineiros e surpreendentes. Uh, mano! Venha para mim...

Laurentino Gomes trouxe o artigo "Como a França moldou o Brasil" destacando a influência em nosso país. Tem coisas como a hipótese de chegada dos franceses no Brasil antes dos portugueses (com estabelecimento de um certo Jean Cousin na região); escambos e retiradas rotineiras de tesouros da costa brasileira no século 16, o que instigou Portugal a estabelecer as Capitanias Hereditárias como tentativa pioneira de ocupação da terra; posse francesa do Rio de Janeiro por 12 anos (século 17); além da influência cultural amplamente difundida.
Fico abismado pelo fato dos eventos ocorridos entre França e Portugal não serem mencionados, na região conhecida como Contestado Franco-Brasileiro. Ocorreram disputas seculares que culminariam em horrível chacina quando militares franceses arbitrariamente invadiram a região e, numa história pouco conhecida no país, chacinaram mais de 40 famílias (entrando em suas casas, matando a tiro e baioneta, tocando também fogo). Algo que foi escândalo mundial no contexto e contribuiu para o Brasil ter hegemonia oficial sobre a terra em 1900. Cabralzinho é a figura em destaque e a revista poderia na atualidade fazer reportagem decente sobre ele, que é envolto em heroísmo e polêmicas, mas numa história impactante.

O infográfico trouxe o "Muro das Lamentações" em Israel. É a única parte remanescente do templo de Jerusalém. Para ser mais específico, não era parede do templo, mas do muro que o circundava, construído por Herodes numa reforma em 40 a.C.
A história do templo remonta à construção por Salomão no século 9 a.C. Perdurou até o século 5 a.C, quando foi destruído, sendo reconstruído em cerca de cinco décadas depois.
A parte do muro que existe até hoje foi estabelecida na reforma de Herodes, que ampliou o templo. Ao seu derredor existia uma área grande com função de pátio (ou átrio) e ao derredor existia o muro, sobrando apenas uma parte depois de destruição pelos romanos em 70 d.C.

Tem outras coisas, mas este é o fim da resenha.

Af! E aja chocar e chocar nessa quarentena chata! Que bom que as leituras alegram um pouco o dia...
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