Tornar-se Negro

Tornar-se Negro Neusa Santos Souza




Resenhas - Tornar-se Negro


96 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Roseane 21/07/2018

Eu me torno a cada dia
Neusa Santos Souza foi uma pesquisadora muito respeitada. Com cerca de 60 anos de idade, suicidou-se sem antes jamais ter dado sinais de depressão ou de que pudesse um dia recorrer ao gesto extremo de tirar a própria vida.

Em seu livro trás para o debate a branquitude, o mito da democracia racial e as sequelas emocionais de negros que rechaçam a própria imagem em busca de um padrão, que não é o negro. Não existe democracia e sim uma ditadura racial onde o referencial é o branco.

Neusa, mulher negra, militante, trabalhadora da saúde mental fez o trabalho utilizando o método estudo de caso e a técnica de história -de-vida, assim ela entrevista 10 pessoas negras do Rio de Janeiro que estão em ascensão social.
Ler esse estudo é como se estivesse lendo a própria mente. Todas as situações aqui relatadas ou é vivenciada ou testemunhada pela população negra em ascensão.

Aqui fala- se em ser negro dentro de uma sociedade branca. O branco é lido como padrão e como única possibilidade de ?tornar-se gente?.

Para isso existe o desconhecimento e negação de toda uma história e ancestralidade. Propositalmente a história do povo negro vem sento contada por livros escritos por pessoas brancas onde a trajetória inicia-se com a escravidão, o negro é inferiorizado, subjugado, desumanizado, infantilizado. Ao ascender socialmente, tem-se a intenção de romper com todas essas desqualificações inicia-se o processo de deixar de ser negro.
Geralmente esse processo de inicia em casa, na família, no local de convívio:
*penteia esse cabelo, tá parecendo uma negrinha
*passa um creme nessa perna, tá parecendo nega de morro
*se arruma direito tá parecendo um preto
...

Ser o melhor é uma das perspectivas pra compensar seu ?defeito? porém ser Branco lhe é impossível então cria-se um ciclo de auto desvalorização, timidez, retraimento, ansiedade, submissão...

A identidade negra é um processo em construção. Oxalá estamos mais avançados do que em 1983 quando foi feito a pesquisa. Esse avanço só foi possível quando nós tomamos de assalto o protagonismo de nossa história. Passamos nós a escrever e contar a nossa história.

Ainda temos muito que crescer, como conclui a autora ?ser negro não é uma condição dada, a priori. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro.?

Livro essencial para quem estuda auto cuidado, saúde mental da população negra, auto ódio, reprodução de racismo pela população negra...
Bons estudos
Cleide 24/08/2020minha estante
Maravilhosa sua resenha


Millet 25/11/2023minha estante
Excelente perspectiva




Janaina 24/09/2020

O livro apresenta relatos e pessoas negras em ascensão. A autora mostra que essas pessoas não se setem confortáveis em serem negros, tendo uma busca por uma identidade branca.
A autora posteriormente excluí essa ideia e não concorda com o escrito no livro.
A leitura não fluí
Lau 19/04/2021minha estante
Pq vc acha q a autora se contradiz?




Lau 19/04/2021

"Tornar-se negro" está sendo, para mim, o ponto de partida para um estudo mais aprofundado das relações raciais no Brasil, mais que qualquer aula que já tenha assistido na faculdade ou antes dela. Sinto que aprendi muito com esse livro.

É uma obra elucidativa: a motivação por trás das pautas dos movimentos negros nunca ficou tão clara pra mim, por mais que eu acompanhe as infinitas discussões sobre o tema na internet. Também foi esclarecedora na sua exposição dos conceitos teóricos da Psicanálise, os quais eu não havia compreendido direito até então, feita de forma objetiva e aplicada.

Com certeza, a autora faz uma grande contribuição para a abordagem e para a sociedade mais ainda.
dani 19/04/2021minha estante
Obrigada pela resenha! Preciso aprender mais.




Mateus295 10/01/2019

"Ser negro não é uma condição dada, a priori. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro"
"[...] Ser negro não é uma condição dada, a priori. É um vir a ser. Ser negro é tornar-se negro".

Ano passado comecei a pensar mais atentamente às questões raciais como um processo de autodescoberta, de ir atrás de me encontrar e me identificar. O que neste livro eu entendo como quebrar as interiorizações do Ideal de Ego, pautado na valorização de valores brancos, e buscar uma ressignificação nova e coerente com o corpo negro. Desta forma, me estimulei a cumprir uma meta de ler ao menos um livro por mês sobre questões raciais, "Tornar-se negro" foi o primeiro.

O livro trata-se de uma pesquisa pensada por Neusa Santos em que ela alia o reconhecimento da identidade negra com a ascensão social no Brasil. Antes de tudo, ela demonstra como é difícil os negros se identificarem como negros, quando o Ego Ideal faz com que eles neguem todos seus valores e atitudes para aderir conceitos perpetuados por brancos. Isso porque, só dessa forma eles conseguiriam ascender socialmente. Para ser um negro bem-sucedido na fase pós-abolicionista você teria que continuar perpetuando o comportamento dócil, submisso, sereno que eram colocados para os escravos.

Muitas ideias são postas ao longo do livro que nos fazem refletir como o negro é totalmente esvaziado e posto para reafirmar hábitos de brancos ou incentivados a fazerem melhor para serem "aceitos" na sociedade. É usado até o termo de perder a cor, quando um negro passa a ascender. Mas esse processo vai muito além quando os negros começam a negar seu corpo, e aí surge o mito negro com discursos como: "beiço grosso", "nariz chato e grosso", "cabelo ruim", "bundão", "primitivismo", "potência sexual", e por aí vai. O que gera os esforços para enganar esses traços exteriores, como afilar o nariz e alisar o cabelo.

"Alguns estereótipos que constituem a mitologia negra adquirem, a nível do discurso, uma significação aparentemente positiva. O "privilégio da sensibilidade" que se materializa na musicalidade e ritmicidade do negro, a singular resistência física e extraordinária potência e desempenho sexuais, são atributos que revelam um falso reconhecimento de uma suposta superioridade negra. Todos estes "dons" estão associados à "irracionalidade" e "primitivismo" do negro em oposição à "racionalidade" e "refinamento" do branco".

O livro é permeado por falas que a autora conseguiu de 10 jovens negros em ascensão no Brasil. Essas falas tomam maior forma no final do livro, parte em que suas falas são separadas em temas privilegiados: representações de si (definições, fantasias e estereótipos sexuais, representação do corpo, o mulato), das estratégias de ascensão (ser o melhor, aceitar a mistificação [perder a cor, negar as tradições negras e não falar no assunto]) e do preço da ascensão.

"Tornar-se Negro" é um livro introdutório muito importante para quem quer começar a entender como a questão racial impacta os negros e como o racismo está nas entrelinhas, não apenas nas atitudes externas como em atitudes próprias do negro. Acredito que o livro tenta explanar como a identidade negra foi perdida pela assimilação dos valores brancos como sinônimo de certo a se fazer para dar certo na vida, mas ao mesmo tempo estimula que isso seja mudado, que encontremos o nosso verdadeiro Ideal de Ego. Leitura importantíssima.
comentários(0)comente



Bruna.Menegildo 21/02/2019

"Ser negro é tornar-se negro"
Um ótimo livro pra quem esta em processo de autodescoberta como negro.
O livro aborda uma pesquisa feita pela psicanalista Neusa Santos Souza sobre as questões raciais envolvendo a ascensão do negro numa sociedade branca e as dificuldades de autoaceitação.
Uma leitura Obrigatória pra quem é negro e pra quem ta em busca de entender como surgiu esse auto-ódio que nos persegue por tanto tempo.
Recomendo.
comentários(0)comente



Guaranádoamazonasémassa 14/03/2020

O livro é incrível. O prefácio de Jurandir Freire Costa, apesar de um pouco denso, é perfeito. Li duas vezes. Tornar-se negro me despertou uma certa confusão, tendo em vista que seu início, para os que não são da psicanálise em especial, é massivo mas, os capítulos que sucede não. Alguns pontos do livros já não são tão interessantes para alguns acadêmicos por já serem bem debatidos nas redes sociais. Entregando, é uma leitura válida sim. Pretendo usar várias vezes para consultas.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



hugaoo 07/05/2020

(DES)ENCORAJADOR ? - O DESMORONAMENTO DO SER ANTE À CONSCIÊNCIA CRÍTICA
O livro toca fundo nas feridas. Denuncia o racismo de forma elevada. Te convida à autodescoberta, te encoraja ao resgate de sua ancestralidade. Diz até profundidades do nível "seus primeiros podem ter feito de você uma caricatura de branco, rompa com eles". Mas o suicídio da autora e sua negação de falar sobre várias questões pertinentes ao sofrimento psíquico dos negros (entre outras) no programa Espelho comandando por Lázaro Ramos e Sandra Almada e até mesmo a resposta de que "não republicaria o livro" me socaram o estômago. Acho que consigo entender o que ocorreu à Neusa - com uma boa dose de soberba intelectual - como o desmoronamento do ser que fala Paulo Freire em seu brilhante "Pedagogia do Oprimido", quando se questiona se a conscientização de uma situação existencial concreta de injustiça não seria capaz de conduzir os então conscientizados a um "fanatismo destruitivo" ou a uma "sensação de desmoronamento total do mundo em que estavam".
comentários(0)comente



TatianaRJ 03/07/2020

Neuza consegue tocar a ferida. Mas essa ferida precisa mesmo ser tocada. Há uma democracia racial inexistente e que precisa ser repensada, ser desconstruída, ser abolida. Nunca existiu.
Os depoimentos ajudam neste sentido. São potentes. São tocantes. São necessários.
Missão cumprida e com louvor!
comentários(0)comente



Laris 03/07/2020

Leitura obrigatória
Neuza Santos Souza nos apresenta seu trabalho a partir de estudo de caso de 10 entrevistas.

Se você, assim como eu, for uma pessoa negra, vai se identificar em algum relato apresentado. São dezenas de reflexões a partir da leitura, Neuza pontua que ser negro é um vir a ser, um tornar-se, pois temos que reconhecer essa negritude.

É um processo que temos lutar contra o embranquecimento de anos para entender quem somos, pois nos ensinam que ser uma pessoa negra é receber dezenas de estereótipos negativos.

Como Neuza pontua em seu último texto, precisamos lutar. Um leitura que deveria ser obrigatória.
comentários(0)comente



pi 09/07/2020

https://drive.google.com/file/d/1ipjmQdGOEznkhHMPfuNk2-ADGIOCbBP9/view?usp=sharing
comentários(0)comente



Luiz 23/07/2020

Dolorido
Li "Tornar-se negro" na esperança de suprimir, com alguma racionalidade, as angústias que tem surgido da minha reconstrução enquanto homem negro (e gay?) no mundo. Apesar de ser interessante ver a visão da psicanálise sobre essas questões, é muito triste ler esses relatos, mas ainda mais surpreendente é me encontrar em todos eles; é ver espelhado neles, às vezes quase em integridade, os discursos que já tive sobre mim. Que fique claro, de qualquer maneira, que entre os diversas expressões do livro, aquela em que mais me encontro, hoje, é a de esperança.

"Num contato direto, vi e ouvi pessoas entristecerem-se, baixarem e levantarem a voz, calarem-se de repente, afogadas de emoção. Vi sorrisos que, inequivocamente, ocupavam o lugar do choro. Vi raiva, dor, perplexidade e, vez por outra, esperança"

Obrigado, Neuza. Sinto muito pela sua partida.
comentários(0)comente



becaestrela 27/07/2020

Necessário
Mais uma leitura necessária e aguardada. Nessa breve obra, Neusa Santos Souza analisa o psicológico do negro que ascende socialmente, através da perpectiva da psicanálise. Construindo reflexões teóricas a partir de falas de entrevistados selecionados, a autora elucida diversas questões sobre o âmbito psicológico da população negra, viés não comumente explorado na época.
comentários(0)comente



Canuto 16/08/2020

Excelente trabalho
Um excelente trabalho de Neusa Santos Souza que articula psicanálise e racismo de uma maneira bem fácil de entender e com bastante competência.
O livro conta ainda com uma ótima apresentação de Jurandir Freire Costa.
Só não gostei muito do texto do Baremblitt na conclusão, pois achei a escrita muito difícil. Entendi quase nada (rsrs).
comentários(0)comente



Cleide 24/08/2020

Um livro necessário
Essa é uma brilhante obra que analisa os impactos do racismo onde as pessoas normalmente não enxergam.

Neuza nos mostra como nos embranquecemos à medida que ascendemos socialmente, não só de forma física, mas também psicologica. À medida que galgamos posições sociais mais altas (e também para conseguirmos atingi-las), passamos a nos comportar como brancos e a negar nossa negritude.

Quem nunca diminuiu o tom para não parecer a "negra barraqueira"? Quem nunca renegou o funk, o pagode e se disse admirar só a bossa nova e outros estilos embranquecidos para demonstrar sua superioridade intelectual (aka, sua distância do negro e sua proximidade com o branco)?

São desde pequenas coisas do cotidiano até grandes decisões de vida, que tomamos à imagem e semelhança da branquitude a fim de sermos aceitos e valorizados. E isso se dá porque nossos referenciais positivos nos foram roubados - não temos origem, não temos nome, cultura, costumes, tudo antes da escravização foi apagado e o único referencial de história negra que aprendemos é o sofrimento, a escravização.

Assim, só restam imagens e ideais positivos brancos para perseguimos, um padrão branco imposto que nos leva a nos negarmos diariamente de forma muito dolorosa.

Por isso é preciso tornar-se negro. Tornar-se negro é voltar às suas raízes para, a partir delas, projetar futuro com amor. É criar imagens positivas negras para abandonar os ideias da branquitude e não se esforçar para se moldar a eles, pois isso é absolutamente violento e castrador. É se permitir viver quem você verdadeiramente é. E isso é muito difícil.

Agradeço muito à Neuza por ter escrito esse livro.
comentários(0)comente



96 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR