A Sociedade da Decepção

A Sociedade da Decepção Gilles Lipovetsky




Resenhas - A Sociedade da Decepção


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Wesley Soares 30/03/2012

"O que gera decepção não é tanto a falta de conforto pessoal, mas a desagradável sensação de desconforto público e a constatação do conforto alheio."

O livro do filósofo francês Gilles Lipovetsky é exposto na forma de uma entrevista coordenada por Bertrand Richard e se divide em três partes:
1) A espiral da frustração;
2) Consagração e descrédito da democracia;
3) Uma esperança sempre renovada

A entrevista aborda, como tema principal, a relação da sociedade com o mercado e com o consumo, sendo este último tratado como fator determinante de influência nas relações humanas, sejam elas familiares, afetivas, profissionais, políticas ou mesmo sexuais.

Diferentemente de Zygmunt Bauman, Lipovetsky não tende a demonizar o consumo e o capitalismo, mas apenas demonstra de forma incisiva e clara como as relações entre os indivíduos se transformaram a partir dos moldes hedonistas de nossa sociedade, levando-nos a recorrentes sensações de fracasso e por vezes de solidão.
Aos olhos do autor, a individualidade, a insegurança e, consequentemente, a decepção, são inerentes ao momento histórico em que vivemos, pois com o acesso limitado aos ilimitados bens de consumo, a tendência é a de que as pessoas se sintam infelizes por não poderem desfrutar de tudo que o mercado pode proporcionar.

Apesar do título da obra, Gilles Lipovetsky se demonstra otimista e esperançoso quanto ao futuro de nossa sociedade, vendo a atual fase consumista como uma fase de transição, já que a abundância da produção e o alto grau tecnológico são ainda muito recentes historicamente.

"Em suma, por mais numerosos que sejam os motivos para insatisfação e decepção, serão igualmente numerosas as oportunidades de nos desvencilharmos. A sociedade contemporânea é uma sociedade de desorganização psicológica que se reflete no processo de revigoramento subjetivo permanente, mediante uma pluralidade de propostas que permitem reviver a esperança da felicidade. Quanto mais frustrante é a sociedade, mais ela promove as condições necessárias para uma re-oxigenação da vida."
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Diego 08/09/2014

Reflexão social e histórica

O livro é uma entrevista que foi transcrita.

Nesta entrevista o autor, um excepcional intelectual francês, trata sobre como a sociedade liberal capitalista evoluiu até chegar nesta "hipermodernidade" e no culto ao individualismo (tento usar as expressões dele).

Nós temos quase tudo às mãos, e mesmo assim nunca estivemos tão insatisfeitos. Temos o último celular, e ficamos decepcionados algum tempo depois quando descobrimos que ele não é mais "o último"... Assim como a calça, o carro, etc. Por quê?!

Longe de fazer uma análise anticapitalista (fora do esquerdismo), Lipovetsky tenta ver o drama humano na sociedade de consumo. E o papo é genial. A entrevista é interessantíssima e as conclusões de Lipovetsky dão pano para manga para simpósios inteiros.

Recomendo aos estudantes de história e amantes da filosofia.

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Ingrid.Rosa 01/05/2020

Boas reflexões
Li esse livro para realizar um trabalho para o mestrado, e reafirmo que teria sido uma leitura muito melhor se não a tivesse feito por obrigação.

Nesse livro-entrevista, Gilles Lipovetsky trata de questões como a sociedade, o consumo, a política e até a família atuam para a construção de pessoas hiperindividuais e hiperconsumistas, nos tornando assim mais suscetíveis às frustrações, um paradoxo que se apresenta porque ao mesmo tempo em que vivemos em uma sociedade que nos possibilita o acesso à um mundo de informações e experiências que nossos avós jamais imaginariam, nós estamos expostos à um risco muito maior de decepções causadas por nossas expectativas.

Não que seja culpa nossa, e ele não finaliza de forma pessimista, mas propõe um caminho para o debate da construção de nossa própria realidade, e de que forma nos ainda somos capazes de nos reinventarmos para atingirmos a felicidade.

"A sociedade contemporânea é uma sociedade de desorganização psicológica que se reflete no processo de revigoramento subjetivo permanente, mediante uma pluralidade de ?propostas? que permitem reviver a esperança da felicidade".
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