Raquel Holmes 04/03/2021
Já fazia algum tempo que eu desejava ler "O Triângulo das Bermudas", de Charles Berlitz, contudo, eu sempre acabava postergando a leitura em favor de outras que já estavam em mãos.
O livro foi publicado em 1974 e todo o seu conteúdo é bastante datado, tendo em vista que muito se lê "recentemente" ou "no ano passado" ou ainda "atualmente". Por vezes, tive a impressão de que o autor estava escrevendo uma crônica ou uma reportagem. Passeei entre estas duas sensações em alguns momentos da leitura. Mas isto não é uma crítica. Apenas uma observação.
No início deste ano tive o prazer de ganhar de presente atrasado de Natal este livro e decidi que seria a primeira leitura do ano após concluir as correntes e assim o fiz.
A primeira parte do livro (que vai até aproximadamente antes do meio) é muito interessante. Traz informações históricas de desaparecimentos de navios (ou de apenas seus tripulantes) e de aviões. Ali recebemos algumas informações geográficas da localização aproximada do Triângulo das Bermudas e das características da região.
Nos são apresentados elementos como as fossas existentes nos oceanos; o Mar de Sargaços; planícies, aclives, montanhas e cordilheiras submarinas e coisas do tipo.
Em seguida, o autor cita o que foi conjecturado à época a respeito dos desaparecimentos: embarcações a vela que encalhavam no Mar de Sargaços e, devido ao local não ter ventos, jamais conseguiam desenroscar-se dos sargaços e afundavam após uma explosão ou pique que vou mencionar a seguir.
De acordo com Berlitz, a "explicação científica" para os desaparecimentos de embarcações e aviões é que no fundo daquele trecho do oceano há uma fonte de gás. Quando solta-se um bolsão de gás, ele sobe e, devido às diferenças de densidade da água e do gás, o navio afunda. Se este bolsão se solta na atmosfera, ao ter contato com as turbinas do avião é causada uma forte explosão, não deixando sobrar nenhum pedaço grande para ser encontrado nas buscas.
Também tem a suposição de pirataria. A maioria dos navios carregava material valioso. Até mesmo matérias-primas para fabricação de armas. Alguns navios carregavam material inflamável também. Tesouros. Outros tinham excesso de peso. E existe ainda a possibilidade de interceptação por outros países devido aos períodos de guerras e entreguerras.
Em determinado ponto o autor entra nas teorias mais excêntricas: as chamadas anomalias elétricas, curvaturas no espaço-tempo e daí para o fim do livro senti que as coisas desandaram do científico para o fantasioso. Os fatos dão lugar à imaginação. Pessoas ditas especialistas e estudiosas são citadas, mas nem elas nem suas teses são encontradas em uma diligente busca no Google. O mesmo ocorre com as "evidências" de que uma sociedade altamente avançada existiu antes da nossa. Tais evidências (marcas de tênis em solo, cubo fabricado por máquina, orifício de bala [munição] em um crânio fossilizado, prego e - pasmem - bomba atômica!) não são corroboradas por ninguém da atualidade. É outro conteúdo que não encontramos em buscas acuradas na rede.
Por fim, esta progressão do científico para o fantasioso culmina no místico! O autor afirma que já existem evidências que comprovam a telecinese; que é possível transformar chumbo em ouro e que seres extraterrestres certamente existem.
Valeu a leitura, mas agora entendo por que peguei este livro certa de que era de não-ficção e veio catalogado pelo sebo como "esotérico".