dani 01/02/2013
Sinopse: Julie Jacobs e sua irmã gêmea, Janice, nasceram em Siena, na Itália, mas desde os 3 anos foram criadas nos Estados Unidos por sua tia-avó Rose, que as adotou depois de seus pais morrerem num acidente de carro.
Passados mais de 20 anos, a morte de Rose transforma completamente a vida de Julie. Enquanto sua irmã herda a casa da tia, para ela restam apenas uma carta e uma revelação surpreendente: seu verdadeiro nome é Giulietta Tolomei.
A carta diz que sua mãe havia descoberto um tesouro familiar, muito antigo e misterioso. Mesmo acreditando que sua busca será infrutífera, Julie parte para Siena.
Seus temores se confirmam ao ver que tudo o que sua mãe deixou foram papéis velhos – um caderno com diversos esboços de uma única escultura, uma antiga edição de Romeu e Julieta e o velho diário de um famoso pintor italiano, Maestro Ambrogio. Mas logo ela descobre que a caça ao tesouro está apenas começando.
O diário conta uma história trágica: há mais de 600 anos, dois jovens amantes, Giulietta Tolomei e Romeo Marescotti, morreram vítimas do ódio irreconciliável entre os Tolomei e os Salimbeni. Desde então, uma terrível maldição persegue essas duas famílias.
E, levando-se em conta a linhagem e o nome de batismo de Julie, ela provavelmente é a próxima vítima. Tentando quebrar a maldição, ela começa a explorar a cidade e a se relacionar com os sienenses. À medida que se aproxima da verdade, sua vida corre cada vez mais perigo.
Instigante, repleto de romance, suspense e reviravoltas, Julieta – livro de estreia de Anne Fortier – nos leva a uma deliciosa viagem a duas Sienas: a de 1340 e a de hoje. É a história de uma lenda de mais de 600 anos que atravessou os séculos e foi imortalizada por Shakespeare. Mas é também a história de uma mulher moderna, que descobre suas origens, sua identidade e um sentimento devastador e completamente novo para ela: o amor.
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Eu sempre adorei ler. Quando eu era pequena, mesmo quando não entendia as palavras escritas no papel, eu sentia o poder delas. Depois, com o tempo, eu aprendi que a leitura não era apenas algo necessário, mas algo mágico. E hoje, não apenas tenho essa opinião, como tenho uma convicção: há livros que são para a vida toda. Entre tantas leituras e releituras, há livros que são mais que uma boa estória, passando a ser inesquecíveis. Eu diria que esses livros são os chamados especiais. Sabe, aquela leitura maravilhosa que você não tem vontade de que chegue ao fim (não por ser ruim ou mediano, mas por que é tão bom que seu término causa tristeza), ou aquele livro que te toca de uma maneira totalmente diferente? Este é o caso de Julieta, um livro totalmente especial.
Anne Fortier reconta a famosa estória de Romeu e Julieta de uma forma encantadora e envolvente. Não comparo aqui, nesta resenha, a famosa obra do Bardo e a obra de Anne Fortier. Afinal, ambos são bem diferentes, e separados por mais de 600 anos de cultura, mas têm como pano de fundo o mesmo sentido: o amor impossível. Eu diria que Shakespeare imortalizou a trágica estória de um jovem casal apaixonado, e Anne reconstruiu este romance de forma primorosa e inovadora, a trazendo para os tempos atuais e nos apresentando algo terrível: todo o infortúnio entre as famílias Marescotti, Salembeni e Tolomei, são frutos de uma maldição. Também, segundo a autora, a estória do casal não se passaria em Verona, e sim em Siena, na Itália de 1340.
Falando da estória do livro, eu diria que poderia fazer uma resenha ENORME e mesmo assim não teria palavras para descrever o que senti, ou fazer um resumo sem soltar spoilers (sabem que odeio soltar detalhes... é, fiquem curiosos). Por isso, não irei me prender aos detalhes do livro (que são muitos e claro, não teria graça eu contá-los), e sim, irei dar minha opinião geral do livro, ok?
Julie Jacobs (Giulietta Tolomei) é uma jovem reservada que foi criada junto com sua irmã gêmea, Janice, por sua tia-avó, Rose, depois que seus pais morreram em um trágico acidente de carro. Julie e Janice nunca se deram muito bem, e o desprezo e mágoa de Julie é evidente no decorrer do livro, já que desde pequenas vivem em conflito. Depois que Rose morre, Julie fica estremamente triste ao sabe que ela não lhe deixou nada além de uma carta, que lhe é entregue por Umberto (mordomo e condifente da família). Enquanto isso sua irmã turrona herda a propriedade de sua tia-avó. Injusto não? Talvez nem tanto, afinal em sua carta, Rose dá a Julie algo mais do que dinheiro: a oportunidade de voltar à Itália (não que ela possa voltar, mas este é um detalhe que deixarei em suspense). Na carta, Rose conta que a mãe de Julie descobriu um antigo tesouro da família e pede a ela que viaje para lá, a fim de tentar achá-lo. Mesmo não acreditando na veracidade ou coerência de tudo isto, ela se decide por ir. E quando Julie chega a Siena sua vida vira de pernas para o ar. Pois ela não apenas descobre que não há tesouro algum além de antigos papéis e um diário velho, como também descobre que ela é nada mais, nada menos, do que Giulietta.
Este diário "velho", de Maestro Ambrogio, famoso pintor da época, é a peça central de toda a trama, e sua leitura, atrevés de Julie, é que nos garante a narrativa da estória de Romeo Marescotti e Giulietta Tolomei.
Estes trechos (que se mesclam com os acontecimentos atuais) são extremamente instigantes e arrebatadores. O que nos é revelado é algo semelhante à obra de Shakespeare, mas totalmente diferente, muito mais real e palpável. E como não poderia deixar de ser, muito triste. Mas o que me deixou encantada foi o amarrado entre o passado e presente, feito de forma tão perfeita. A ambientação é muito boa (tanto que dá vontade de visitar Siena, quem sabe?), e eu fiquei fascinada com os costumes e curiosidades que não conhecia ( os lugares e tradições, e até mesmo palavras e expressões italianas).
Os personagens são muito bem desenvolvidos e a trama é muito bem contada, com uma narrativa cuidadosa. Eu me identifiquei muito com Julie e dei boas risadas com Janice. Aliás, esta última, foi uma grande surpresa para mim, pois eu achava que passaria o livro todinho a odiando, mas no fim ela se torna uma persoangem extremamente importante para o desfecho da estória e nos garante boas cenas divertidas. Alessandro além de se mostrar um ótimo desafio (e que desafio), é um personagem cativante e misterioso.
Em diversos momentos se tem a impressão de que uma conspiração está por trás de todos os acontecimentos estranhos, mas eu diria que é apenas o destino (ou a Fortuna) pregando sua peça e unindo para sempre Romeo e Giulietta, tornando possível este amor imortal, e desacreditando uma maldição antiga. Além disso, é uma jornada pelo descobrimento da própria verdade, pelo amor a si e ao próximo. É uma jornada pela busca da felicidade. A base do livro não é o suspense, nem mesmo a ação, mas ele está recheado de boas cenas de tensão e aventura. O maior enfoque, claro, fica para o romance, mas acho que esta é uma obra que agradará a gregos e troianos.
Para finalizar digo: não pude deixar de me emocionar lendo-o, pois ele me tocou de tal maneira, que minha impressão ao terminar de lê-lo, é de que eu possuia em minha mãos, não apenas mais um livro, mas um bom e inesquecível livro. E como já disse anteriormente, não há palavras que possam descrever o que senti (e o que aprendi) com esta leitura, mas tenha certeza de uma coisa: Recomendo!
Alguns terão perdão, outros castigo;
De tudo isso há muito o que falar.
Mais triste história nunca aconteceu
Que esta, de Julieta e seu Romeu.
- Shakespeare