Bi Sagen 16/01/2021Meu favorito de Lewis até o momentoAté que tenhamos rostos é uma releitura do mito de Cupido e Psique, narrado pelo ponto de vista da irmã dela (Orual). A partir disso, refletimos sobre amor, egoísmo, identidade, fé e conversão.
TODA ESSA RESENHA TEM SPOILERS
Orual é a filha mais velha de um rei perverso, e por mais que ela o deteste, replica o temperamento difícil e a crueldade dele (por mais que ela não perceba). Ela desdenha de Redival, a irmã do meio, porque a garota não se interessa por estudos, e é muito bonita (durante todo livro vemos ela desdenhando da irmã por isso). Mas cuida com todas suas forças de Istra (Psique), a irmã que seria extremamente bela e compassiva.
Após uma série de eventos que faz a Psique ser entregue como sacrifício vivo, Orual decide ir salvá-la, mas quando a encontra viva é que percebemos a realidade de seu sentimento, que em nada é amor. Ela não aceita a felicidade da jovem longe dela, não entende como ela pode amar alguém que nem mesmo vê. E acaba a forçando fazer algo que as destrói.
Durante a leitura me relembrei de Os quatro amores, e de como Lewis nos adverte sobre como algo potencialmente bom pode se tornar um ídolo do nosso coração e destruir-nos. Isso é exemplificado totalmente na relação de Orual e Psique.
Orual vai se destruindo cada vez mais: impedindo Raposa (seu grande amigo, até então) de ser realmente livro, cobiçando Bardia (capitão da guarda, casado), e se afastando de todos ao seu redor. Não importava seus feitos, o vazio nela parecia apenas aumentar, assim como seu sofrimento.
A parte dois é bem curta, mas é a minha parte favorita. Mostra como Orual precisava olhar para dentro de si mesma e compreender tudo que havia de bom e ruim dentro de si, que enquanto não perdesse sua pose de perfeição não conseguiria compreender o sobrenatural, e principalmente que não havia necessidade de respostas porque Ele já era toda a resposta.
É um livro que recomendo a todos! E que mal terminei de ler e já quero reler!!