Sabres e utopias

Sabres e utopias Mario Vargas Llosa




Resenhas - Sabres e Utopias


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Stella F.. 28/03/2022

Leitura esclarecedora e escrita poderosa!
Sabres e Utopias – Mario Vargas Llosa – Objetiva – 2009

Amei o livro!

Dividido em capítulos por assunto: a peste do autoritarismo; auge e declínio das revoluções; obstáculos ao desenvolvimento: nacionalismo, populismo, indigenismo, corrupção; em defesa da democracia e do liberalismo; os benefícios do irreal: arte e literatura latino-americanas.

O livro começa com um prefácio onde Carlos Granés nos fala do autor com propriedade, suas inspirações, infância, leituras e mudanças em seus anseios políticos. E logo no primeiro ensaio do livro Llosa vai fazer uma autobiografia. E depois começa a falar das ditaduras de Somoza, Pinochet, Fidel, e podemos não concordar com tudo que nos fala, eu só recordei tudo que vi na televisão na época e não prestava tanta atenção, mas o texto dele é claro, sem rebarbas, fácil de ler e muito autêntico. Depois vai falar das revoluções e da sua admiração por Fidel Castro e depois da sua decepção. Assume que tinha como autor preferido J. P. Sartre mas que depois reviu seus conceitos, sendo hoje declaradamente Liberal. Nos fala dos conceitos de liberalismo e neoliberalismo (que acha uma falácia) e deixa claro que existem vários liberalismos, mas que todos têm que ter os conceitos básicos. Elogia Lula em vários aspectos e discorda dele em outros. Fala das Farc e do Sendero Luminoso. Bate na tecla do excesso de nacionalismo para poder controlar o povo e aumentar a corrupção e defende o livre mercado. Mas o que gosto mesmo é quando fala das inspirações para seus livros, sua viagem ao Brasil para escrever sobre Canudos (A guerra do fim do Mundo - ótimo livro) e ao final faz homenagem a Cortázar, Frida Kahlo, Jorge Amado, Octavio Paz, Borges e outros.

Recomendo!
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Eder- 06/06/2021

Um tour pela cultura latino americana
Neste volume de 430 páginas, o autor reúne diversos textos (ensaios, cartas e manifestos) sem ordem cronológica, mas organizados a partir de temáticas envolvendo aspectos da cultura Latino americana, como sociedade, política, economia, artes e literatura, entre outros.
Com maestria e aguçada percepção, principalmente nos ensaios apresentados, Vargas Llosa descreve acontecimentos marcantes e que serviram para solidificar ou enraizar possíveis identidades nos diversos países do continente abordado. Recorre, outrossim, a fenômenos sociais como o PRI no México e o Messianismo de Canudos, por exemplo. Fenômeno este, no Brasil, que foi expandido em outra sua obra, entitulada A guerra do fim do mundo, fruto de sua viagem realizada ao Brasil na década de 1970, tendo, entre outros amigos, o escritor baiano Jorge Amado e Antonio Celestino como cicerones.
Vargas Llosa não poupa críticas a estadistas como o seu antagonista peruano Fujimori, Fidel Castro e Lula da Silva, expressando o momento de desencantamento com os modelos de socialismo prefigurados no personalismo populista de líderes latino americanos. Observa-se a maturidade no autor de "Sabres e utopias" quando revê seu posicionamento político ao ler Hayek, sobretudo.
Em "Sabres e utopias" também propocia-nos adquirir muitas referências de autores latino americanos, tanto os conhecidos como Jorge Luis Borges, Euclides da Cunha, Octávio Paz, Garcia Marquez, Neruda, Cortázar, Carlos Fuentes, por exemplo, como alguns (por mim) um tanto desconhecidos, como Vallejo e Lezama Lima, entre outros.
Realmente, o livro proporciona um prazeroso turismo nas linhas curvas e tortuosas da literatura da América Latina!
Rinaldo.Sousa 06/06/2021minha estante
Excelente! Despertou em mim curiosidade para ler essa belíssima obra. Esse momento de desencantamento não é exclusivo dele. Mas muitos precisa despertar.


Jabez 06/06/2021minha estante
Bravo!


Diogo.Josiel 07/06/2021minha estante
Muito bom!




Higor 13/03/2021

"Lendo Nobel": sobre um continente castigado por ditaduras, mas com muita beleza e riqueza a se conhecer
Pesquisando sobre a multifacetada América Latina e alimentando ainda mais o desejo de viajar e conhecer seus diversos e ricos países, decidi que era hora, enfim, de ler “Sabres e utopias”, um livro que estava há anos parado na estante, mas que eu não sabia exatamente quando seria o momento certo de encará-lo.

Sim, Mario Vargas Llosa é um dos meus autores favoritos da vida, tendo me fisgado de maneira intensa, principalmente quando apresenta, no meio da trama, o cenário político de um país de maneira brilhante, como fez em “A festa do bode” e a ditadura dominicana, ou “Lituma nos Andes” com as atrocidades do grupo comunista Sendero Luminoso, ou ainda a ditadura - tão presente na história da América Latina! - de Fujimori, em “Cinco Esquinas”; no entanto, encarar um livro de ensaios políticos não estava sendo empolgante, para ser franco.

O fato é que é impossível separar o Llosa escritor do Llosa político, afinal, o próprio foi candidato a Presidência do Peru em 1990, perdendo para Fujimori, que implantou uma ditadura no país até 2000, o que causou, obviamente, uma ferida eterna no autor, logo, “Sabres e utopias” se mostrou um brinde sobre o panorama político não somente do Peru, mas da América Latina como um todo, afinal, ao mesmo tempo em que analisa o país, Llosa aproveita para compará-lo com seus vizinhos, que estão melhores ou mais decadentes nesse aspecto. A velha verificada se a grama do vizinho está mais verde.

Como não poderia deixar de ser em um livro de ensaios de um autor encharcado no mundo da política, Llosa nos conta tudo, até mesmo de maneira biográfica, suas intenções, pensamentos e frustrações políticas, como o amor juvenil pelos ideais esquerdistas, passando para o reposicionamento para a direita, quando decide candidatura, perde e, desiludido com as escolhas da terra natal, decide se reinventar na Espanha, onde obtém nacionalidade espanhola e se dedica exclusivamente na literatura, para nossa satisfação.

No entanto, apesar de focar ⅔ em textos políticos e econômicos, “Sabres e utopias” é muito mais, trazendo ainda panoramas culturais de diversos políticos, concentrando-se na literatura, óbvio, embora ainda explane para a pintura. Tudo com muito cuidado, atenção e paixão.

É aqui que conhecemos, por exemplo, a paixão e devoção do autor por Euclides da Cunha, Nélida Piñon e, com um tanto de ressalvas, Lula. Foi extremamente prazeroso vê-lo falar sobre Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, e ver que alguns de seus ensaios foram escritos aqui mesmo.

Um livro sensato e bem pontuado, “Sabres e Utopias” é um livro necessário para quem quer entender ou conhecer nosso continente, quase sempre desprezado ou ignorado, ante a potência de outros, como a Europa, por favor. É um relato forte e sincero de que, apesar das problemáticas, a América é rica, bela e poderosa.

Este livro faz parte do projeto "Lendo Nobel". Mais em:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
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Wagner 10/11/2018

OS ANOS SESSENTA FORAM EXULTANTES...

(...) A América Latina passou a estar no centro da atualidade graças à Revolução Cubana, às guerrilhas e aos mitos e ficções que estas puseram em circulação. (...)

in: LLHOSA. Mário Vargas. Sabres e Utopias. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010. pg 314.
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SILVIA 01/02/2016

Uma aula de história
Meus comentários estão no Blog Reflexões e Angústias.

site: http://reflexoeseangustias.com/2015/09/06/livro-sabres-e-utopias/
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Carlozandre 20/11/2014

No rastro de Vargas Llosa
Ninguém discute que a fatia mais nobre e impactante da obra do Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa reside em sua ficção. Mas esta coletânea de ensaios permite uma mirada bastante abrangente do brilho intelectual do escritor enquanto polemista, crítico, jornalista, homem entregue à tarefa de pensar a América Latina.

Em Sabres e Utopias (Objetiva, 430 páginas), o escritor reúne ensaios, artigos, memórias e discursos redigidos ao longo de 40 anos. A seleção do material, feita pelo crítico mexicano Carlos Granés, permite acompanhar a própria trajetória intelectual de Vargas Llosa, incluindo a migração política da esquerda que apoiava o regime cubano para o liberalismo econômico.

Os textos favoráveis ao “saldo da revolução”, de 1967, são logo seguidos pelas cartas de 1971 com as quais rompia com o regime devido ao tratamento censório dispensado a artistas e à perseguição movida contra o poeta Heberto Padilla. Depois de receber o Casa de las Américas em 1967, Padilla teve o prêmio cassado e foi expulso da União dos Escritores por críticas à revolução. A gota d’água, mencionada por Llosa na carta aberta a Fidel incluída no livro, foi a prisão de Padilla, seguida por uma aviltante “autocrítica” pública que o intelectual foi obrigado a fazer, negando qualquer uma de suas declarações anteriores. O episódio levou Llosa a redigir um manifesto assinado por outros intelectuais, como Jean-Paul Sartre e Jorge Semprún, contra as perseguições a dissidentes. Tal manifesto também está no livro.

Sabres e Utopias também documenta sua relação com a epopeia de Canudos, tema de seu romance A Guerra do Fim do Mundo. É bom esclarecer que, assim como costuma acontecer com diferentes coletâneas de música, que sempre têm uma ou outra faixa repetida, uma parte de Sabres e Utopias já havia sido publicada em português. Os argutos perfis que Llosa traça de artistas como Frida Kahlo ou de escritores seus contemporâneos, como Jorge Amado, José Donoso e Guillermo Cabrera Infante, entre muitos outros, já faziam parte de Dicionário Amoroso da América Latina (Ediouro, 2006). E há textos que também já haviam saído em A Linguagem da Paixão (ARX, 2007) – entre eles o que dá título ao livro, um elogio à inquietação intelectual de Octávio Paz, escrito por ocasião da morte do Nobel mexicano, em 1998. O título do ensaio empresta uma frase de Paz sobre André Breton. Para o mexicano, era impossível “falar do criador do surrealismo sem usar a linguagem da paixão”. Curiosamente, o perfil de Octávio Paz nesse texto em vários momentos corresponderia ao do próprio Vargas Llosa hoje.

Como Paz em sua época, Llosa é um Nobel difícil – não por sua obras, mas por sua profissão de fé de intelectual atuante nos debates do mundo. Muitos têm dificuldade de aceitar as posturas reacionárias do autor, deixando que a antipatia ideológica contamine a apreciação da sua gigantesca obra literária – uma distorção que não deve ser elogiada nem justificada, longe disso, mas cuja gênese foi possível compreender por quem assistiu com atenção à palestra de Vargas Llosa no Fronteiras do Pensamento, em Porto Alegre, em 2010. Llosa falou sobre o que considera a “banalização e a trivialização da noção de cultura” – um conceito que ele apresenta com uma certa nostalgia de uma época em que as hierarquias dos valores culturais estavam mais bem delimitadas. Como ele mesmo escreveu na conferência lida no Salão de Atos da UFRGS (na verdade uma reapresentação de um artigo já publicado no site Letras Libres, em julho de 2010):

La noción de cultura se extendió tanto que, aunque nadie se atrevería a reconocerlo de manera explícita, se ha esfumado. Se volvió un fantasma inaprensible, multitudinario y traslaticio. Porque ya nadie es culto si todos creen serlo o si el contenido de lo que llamamos cultura ha sido depravado de tal modo que todos puedan justificadamente creer que lo son.

Ao fazer tais considerações, seria inevitável que em algum momento de sua palestra Vargas Llosa precisasse fazer a crítica do pensamento de Foucault – e até aí nada demais, há muitas críticas a ser feitas ao hoje hegemônico Foucault –, mas a maneira como isso foi feito me soou dissonante, deselegante, até, para um homem que fez da elegância uma espécie de emblema pessoal, no texto e em sua própria figura. Mesmo reconhecendo o brilho intelectual e a inteligência de Foucault, Llosa desferiu um golpe abaixo da linha da cintura ao criticar o pendor paradoxalmente “iconoclasta” de Foucault e mencionar que sua aversão à cultura ocidental o havia induzido “a creer que era más factible encontrar la emancipación moral y política apedreando policías, frecuentando los baños “gays” de San Francisco o los clubes sadomasoquistas de París, que en las aulas escolares o las ánforas electorales“.

A tirada moralista ad hominem foi seguida logo após, como que amarrando as duas proposições em ordem de causa e efeito, por um comentário sobre o fato de Foucault haver contraído Aids e ter negado até o fim sua natureza de doença epidemiológica, enxergando-a como uma armadilha contra a emancipação do corpo. Foi aquele momento em que, com um bem mais do que vago desconforto, me retorci na cadeira pensando: “precisava?” Llosa também não respondeu a pergunta feita por Foucault e que não pode ser ignorada depois de posta no debate intelectual: quem tem o direito de falar pelos demais ao eleger os parâmetros dessa “cultura” da qual ele sente tanta saudade? Llosa acenou com fórmulas vagas, um respeito aos “mestres”, um retorno à noção anterior de cultura como hierarquia, mas sem tocar no ponto fulcral: o papel de quem estabelece essa hierarquia.

Mas eu falava de Octávio Paz e Vargas Llosa. E a correspondência entre os dois é tanta que uma das frases usadas por Llosa para descrever a obra de Paz em A Linguagem da Paixão, também descrever a impressão final acerca dos ensaios meticulosos do mais novo Nobel (e até um pouco sobre o teor do que ele disse no Fronteiras):

“Como tocou em um leque muito amplo de assuntos, não pôde opinar sobre todos eles coma mesma verve, sendo, em alguns casos, superficial e leviano. Mas mesmo nessas páginas traçadas às pressas sobre a Índia ou o amor, que não dizem nada muito pessoal nem profundo, o que elas dizem está colocado com tanta elegância e clareza, com tanta inteligência e brilho, que é impossível deixar de lê-las até o fim.”
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