natália 10/06/2021
Não acontece nada além do óbvio.
Talvez tenha alguns spoilers nessa resenha, mas vamos combinar: todo mundo já sabe o final.
Li há algum tempo, mas ainda me lembro de algumas coisas.
A primeira delas é que achei os personagens muito "sem sal". Não achei nenhum deles bem desenvolvidos, parecia que o Leo e a Rosa só tinham o único interesse neles dois. O que a Rosa gosta de fazer? Quais são os hobbies do Leo? Não sei e nunca saberei.
Mentira, o Leo (obviamente) joga futebol muito bem. Mas a Rosa é super sem graça.
Os amigos deles são piores ainda, simplesmente jogados pra tapar buraco. Só os "inimigos" deles, como a Júlia que têm uma certa personalidade.
Contudo, o que eu vejo muito em alguns livros são personagens femininas que são muito burras e metidas, as típicas "loiras burras". A Júlia é um exemplo dessa menina. Na adolescência, existem, sim, meninas extremamente fúteis, mas não como a Júlia. As meninas "populares" da minha escola são aquelas que vão à muitas festas, mas elas não são burras (como a Júlia) a ponto de falar só de maquiagem e dessas coisas.
Não gostei da escrita da Thalita. Reparei que ela tenta usar a linguagem dos jovens, usando muitas gírias e tals, mas as vezes fica forçado e até eu ? com meus maravilhosos 15 anos ? fiquei achando estranho o que os personagens diziam, pois não me identifiquei com os diálogos.
Também achei estranhas algumas cenas que a Júlia falava um verbo errado e os outros personagens corrigiam ela. Ela usava o "vir" ao invés de "vim", por exemplo.
Me desculpe, Thalita, mas ninguém faz isso. Na linguagem falada, nem dá pra perceber isso direito. Todo mundo fala errado, sem exceção. E não são adolescentes de 14 anos que vão ficar corrigindo a menina, porque eles só querem saber de beijar na boca, e não da gramática alheia.
Outra coisa que eu reparo muito nesses livros nacionais é a liberdade dos adolescentes. Eles saem pra shopping, praia, cinema, casa de amigo e o pai nem liga. Ficam soltos nas capitais (os livros que eu já li se passavam em SP, RJ ou BH) e nada acontece com eles. Eu moro em Maceió, e eu garanto que aqui parece que é uma cidade do interior, e não uma capital. Mas mesmo assim, eu não saio (saia, no caso) de casa dessa forma enlouquecida, porque o Brasil é perigosíssimo. Tinha que avisar à minha mãe uma semana antes se eu fosse pro shopping com meus amigos ou algo do tipo. Fico chocada com essa liberdade ? e irresponsabilidade ? dessa galera.
Acredito que isso aconteça muito, porque os autores cresceram nos anos 80/90, e aquela época, mesmo com 1000 questões, era mais segura. Mas parece que eles não perceberam que a gente tem medo de tudo, pois todo dia tem gente sendo morta na rua.
Agora vou falar do que gostei (pelo o que eu me lembro):
? O bullying, porque eu gosto de ver a galera sofrendo nos livros. Achei que foi até que bem abordado, e teve aquele clássico do "eu te pego na saída" e então os personagens entraram numa briga. Ai, amo.
? Os trabalhos em grupo. Eles tiveram até que bastante trabalho pra pouco livro, e eu amei, pois era exatamente assim que eu fazia trabalho com meus amigos antes da quarentena (saudades).
? Aquela "prima" do Leo, acho que o nome dela é Ludmila. Da mesma forma que eu amei a Cecília de FMF, eu amei essa pivete. Adoro aquelas crianças chatas que abrem os olhos dos protagonistas sonsos.
Recomendaria? Não, só se você nunca leu nada e tem tempo livre.
A vibe do livro não me cativou. Mas, se você quiser ler, vá em frente. Não acontece nada de mais na história e a escrita também é facílima (se você for do RJ, porque se for de outros estados, a gíria pode te complicar), além do livro ser curtinho. Confesso que shippei o Leo e a Rosa, mas eu também shippo todo mundo, então nem dá pra eu dizer se a Thalita desenvolveu o casal bem ou não.
Acho que até dei estrelas demais, mas é porque eu amo livros nacionais.