denis.caldas
19/03/2023Ah, a riqueza...O livro é dividido em duas partes, onde na primeira a tradutora Anna Flora nos situa na Grécia da época, com seus usos e costumes, além de fazer um resumo sobre cada divindade que aparece na trama; na segunda vem o teatro propriamente dito.
Como Anna explica, a gíria da época foi traduzida em palavras atuais, para sentirmos a sátira da época, além das questões econômicas e sociais ali tratadas. Foi muito legal ler de uma sentada só o caso, porque é composto majoritariamente por frases curtas e dinâmicas, com um desfecho feliz para todos, menos para os corruptos, os ladrões e os oportunistas. Interessante como a mamata no serviço público vem de milhares e milhares de anos! Apesar de, nas explicações iniciais da tradutora o objetivo do deus do dinheiro é distribuir a riqueza aos honestos e trabalhadores, nota-se que, no contexto, a distribuição era pra quem merecia, independente da posição social; e a cegueira imposta ao Dinheiro dita como injusta, nada mais é a explicação de que a fortuna é aleatória e, muitas vezes, independe de esforço, merecimento, trabalho.
"Guardamos as ideias do Poeta em arcas perfumadas de alfazema, pois daqui a muitos naos, quando elas forem abertas pelas gerações futuras, todos verão que o tecido do pensamento se manteve... pois a Arte é um perfume que perdura!" (Aristófanes, na Introdução)
"Que ideia errada! Se todos ficarem ricos, ninguém mais vai querer trabalhar. Quem vai fazer o trabalho pesado: lavrar a terra, construir navios, tecer roupas e curtir o couro? Já pensou?! Aí, sim, muitas pessoas morreriam de fome." (a Pobreza falando)
"Isso de ganhar ou perder é relativo... havia uma troca: a senhora dava dinheiro e ele dava... pra senhora. O moço pagava-lhe com outro tipo de moeda, entende?" (Crêmilo à Velha)
"Ora... Vocês bagunçaram o coreto divino. Desde que Pluto transformou todos os pobres em ricos, ninguém pede mais nada para os deuses. Os templos estão vazios, sem incenso, e as flores, murchas. Ninguém assa mais nem um boizinho para Zeus." (Hermes aos homens)