Escritura estilhaçada

Escritura estilhaçada Mina Loy




Resenhas - Escritura estilhaçada


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Paulo 17/03/2023

O livro é uma coletânea de ensaios e poemas de Mina Loy, uma escritora e artista que ganhou certo reconhecimento apenas nos anos tardios de sua vida, assim como Gertrude Stein, que ganha aqui um ensaio enaltecedor de Mina. Ambas, ou Mina, pelo menos, são até hoje "desconhecidas" no Brasil, ou talvez inteiramente fora dos EUA e europa. Eu mesmo no meu atual ofício de livreiro (ou vendedor de uma grande livraria) conheci ela apenas recentemente através desse livro quando peguei ele entre as centenas ou milhares que pego para guardar etc., achei o título, a capa e a autoria feminina interessantes e logo ainda descobri que estava com grande desconto, comprei.

Achei alguns ensaios especialmente difíceis, quase poéticos, escritos como se fosse um texto de autor para si mesmo, compreensível apenas em sua própria lógica. Um deles é particularmente aleatório e atípico, um tema que eu nem compreendi exatamente e que até parece ser sobre um tipo de pseudociência tão idiota quanto transformações quânticas ou seja lá como chamam, o ensaio se chama "Autoconstrução Facial".

Já lia um tanto o livro quando percebi que a segunda metade dele, em belas páginas rosas ou roxas, tinha textos em inglês, e foi tarde demais quando percebi que eram os textos originais, ou seja, a primeira metade do livro tem os textos (poemas e ensaios) traduzidos para português e a segunda metade tem os textos originais em inglês. Menciono isso com frustração porque estudo idiomas e falo inglês fluente, então gosto muito de ler coisas bilíngues, especialmente quando na página esquerda está o texto em uma língua e na direita outra língua, à la algumas publicações da Landmark. Então gostaria de ter sabido antes que os textos no idioma original estão na segunda parte do livro. No entanto, quando cheguei nos textos em inglês, intercalando a cada frase com os de português, aquela quase incompreensão dos textos fizeram a (re)leitura mais cansativa, foi interessante, porém, apesar de óbvio, notar um melhor entendimento do texto nesse estudo idiomático, que acabou sendo também um estudo do próprio conteúdo.

E falando na estética do livro, a 100/Cabeças é evidentemente uma das editoras que prioriza, ou que se preocupa muito com isso, felizmente. A capa e os tons de rosa aqui escolhidos, inclusive para a fonte da capa, são muito bonitos, e já mencionei que os textos em inglês estão publicados em folhas rosas/roxas. Além disso, algumas páginas "divisórias" de textos têm imagens que parecem ser escaneadas dos manuscritos originais, mas não são apenas textos, algumas são ilustrações feitas à mão. Aliás, se supõe que são todos originais de Mina, porque nota nenhuma da edição do livro menciona essas impressões, assim como não mencionam a divisão tradução/original, pelo que menos que eu me lembre...

Por fim, acho curioso que Mina Loy (1882-1966) não tenha sido mencionada por Emma Goldman (1869-1940) em nenhum de seus textos da coletânea "Sobre anarquismo, sexo e casamento", como foram, e muito enaltecidamente, Mary Wollstonecraft e Louise Michel e diversas militantes e soldadas bolcheviques.
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