Canções de atormentar

Canções de atormentar Angélica Freitas




Resenhas - Canções de atormentar


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Alê | @alexandrejjr 15/12/2020

Tormento leve

Este “Canções de atormentar”, um dos aguardados lançamentos da literatura nacional em 2020, foi meu primeiro contato com a poeta Angélica Freitas. E não foi dos melhores, preciso dizer.

Conhecida pelo famosíssimo “Um útero é do tamanho de um punho”, Angélica Freitas, que é gaúcha como eu, faz parte da nova leva da poesia nacional e, mais importante, da nova leva de poetisas brasileiras. Sou um leitor de poesia que gosta de ser surpreendido, apesar de ainda conhecer muito pouco do que se produziu e se produz por aí nesse gênero. Além disso, preciso confessar que, em termos de poesia, gosto de achar desordem na ordem, e não o contrário, caso da maior parte dos poemas desse livro. Obviamente é preciso levar em conta que há mensagens nas entrelinhas que com certeza eu não peguei.

Ainda sim, sabendo de onde estamos partindo e que tipo de visão de mundo podemos encontrar aqui, os poemas tratam de temas como infância e vivência, terrenos nos quais encontramos os melhores versos. Senti que a necessidade natural da Angélica em conversar com os problemas de seu tempo, da urgência mesmo, foi mal executado, podendo prejudicar um pouco o resultado final da obra como um todo.

Para finalizar, destaco na sequência os poemas que me agradaram mais. São eles: o divertidíssimo “você não sabe o que é uma teta caída”, que aborda com muita inteligência a questão do corpo feminino; “louisa, por que não me googlas?” que tem uma musicalidade gostosa de ler; o inconsciente consciente de “para as minhas calças”, espécie de exercício mental que quase todo mundo já fez na vida e que através dos versos traz à tona uma situação simples de maneira original; os lúdicos “mentiras” e “hora mágica”, o engraçado “an introduction to mate”, que para os gaúchos é engraçadíssimo; e por último, o muito particular “juçara marçal adota um gato” que, para quem escuta a música e gosta da persona da cantora Juçara Marçal, é um presente. Leitura rápida, mas insatisfatória no fim.
Geórgia 15/12/2020minha estante
Li um útero é do tamanho de um punho e tive a mesma sensação, boas premissas com uma execução estranha. Não deu vontade de conhecer mais nada da autora


Alê | @alexandrejjr 15/12/2020minha estante
Bom saber, Geórgia, também não me animei muito a ir atrás do que ela já produziu.


ThiFelippe 01/01/2021minha estante
Senti a mesma coisa. A parte que mais gostei foi a última, a "canções de atormentar" mesmo... Acho, inclusive, que ela seria um ótimo eixo temático para um outro projeto, mas nesse, achei que ficou meio deslocado.


Alê | @alexandrejjr 08/01/2021minha estante
Eu realmente achei pouco inspirado, Thiago.




Max 02/05/2024

O atormento...
Ao se dar na leitura, visão das construções versais, longe de maquinar o mal, por vezes, atinasse um incômodo, talvez disso, como uma joanete, aponte a direção, seu valor poético, sua poesia.
É o que inferi ao lê-lo...
Ouro aqui e acolá, nunca o bastante!
Vania.Cristina 03/05/2024minha estante
???


Max 03/05/2024minha estante
Desculpe, Vania, fui ao estilo Freitas!
Hahahaha ?


Vania.Cristina 03/05/2024minha estante
?




Leila 05/06/2022

Poesia
"canções de atormentar
atormentar, atormentar

não tem para onde fugir
e você não consegue
tapar os ouvidos
Com os cotovelos

canções de arrepiar os pelos
de me fazer odiar

canções de atormentar
atormentar, atormentar"
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 05/09/2020

Angélica Freitas - Canções de Atormentar
Editora Companhia das Letras - 112 Pág. - Capa Ale Kalko (Foto de Capa: Mirror, de Camile Sproesser, 2019, óleo sobre linho) - Lançamento: 05/08/2020.

Em seu terceiro livro, depois dos premiados Rilke shake (Cosac Naify, 2007) e Um útero é do tamanho de um punho (Cosac Naify, 2012), a poesia forte e feminina da gaúcha Angélica Freitas amadurece sem dúvida, mas continua afiada e divertida (mesmo quando trata de coisas sérias), sintonizada com a rebeldia dos corações jovens, essa postura tão necessária para confrontar a realidade de um mundo cada vez mais absurdo (a poetisa é legal / o que ela escreve não faz mal // a poetisa tem um blog / onde ela posta canções de rock // a poetisa lançou um livro // "o escaravelho do descalabro" // ela escreveu ajoelhada no milho // a poetisa é boa pra caralho [...]).

Em Canções de Atormentar o arsenal da poeta pode variar da autobiografia até a crônica sobre a vida nas grandes cidades, algumas vezes divertida como em a história mais velha do rock'n' roll (poeta, não / poetisa / que bonita a poetisa / é uma sacerdotisa // a ela, os sabonetes / os perfumes, as loções / a ela, todas as flores / todas as menções // que bonita a poetisa // ela sabe onde pisa / nenhuma banquisa / por mais fina que seja / se rompe sobre seus pés [...]), por outras emocionante, afinal como não se identificar com a beleza do poema ana C., sobre a nossa deusa Ana Cristina Cesar, que tanta falta faz (ana c. me salvou de ser técnica em eletrônica / aos dezesseis / quando entrou de vermelho / em minha vida / e me deixou / aos seus pés // não tive escolha / foi um baita clarão / soco na goela seguido / de cisco no olho [...]).

Mas o poema pode ser simples também como quer a vida (ou não), em alguns momentos não precisar de absolutamente nada, como nos versos ligeiros de em algum café em rosário (que bom / não querer nada / ficar sentada no café / e não querer outro café / nem mesmo água / e de repente / não querer escrever / nem ler / nada, nada / e sobretudo não querer / ir pra rua nem voltar pra casa / e muito menos / avisar alguém / do paradeiro / só ficar parada / no paradeiro / muito quieta / derrubando com as pálpebras / o sistema / (fala mais baixo / senão ele te ouve / e o garçom volta / com a conta) / capitalista / shhh capitalista).

A fina ironia de Angélica Freitas é indispensável para poetas e também para aqueles que nunca escreveram um verso, todos precisamos ser encantados e o (en)canto da sereia está vivo aqui, mesmo que a poeta diga o contrário (ah, se eu fosse uma sereia / teria mais o que fazer / do que ficar cantando pra eles / do que tentar seduzi-los // nem assoviaria, não / ao ver caravelas passar / em seu mar plano, seu mundo quadrado / no máximo um espirro, no máximo um bocejo [...]). Neste livro, o amor não poderia faltar, deixo para vocês a íntegra do poema a sônia, uma linda e sensível lição sobre a beleza que existe nas diferentes formas de amar.

a sônia

(a partir de uma série de fotos de claudia andujar)

nada de errado

esses peitos
esses braços

se alguém quiser saber
barriga, costelas, umbigo

quisemos
tudo

*

querer as pernas
de outra mulher

para depois do amor
ser quadrúpede

alguns dirão
era só
o que nos faltava

*

o que estarás
pensando, azul

de olhos fechados
o que acontece
dentro dessa cabeça

por favor me diz
que pensavas
em coisas banais

(bananas, arraias
coqueiros, praias)

menos em dinheiro

*

diante de ti
reclinada assim
nua

um homem saberia
exatamente o que fazer

e por isso mesmo
erraria
eles erraram

*

amada
vacinada

*

tomaste um líquido
que te deixou assim
acesa quando tudo
se apaga

esta manhã
estiveste na praia?
estás mais loira
do que a lua

*

me deixa por um momento
pensar que esses cabelos
são nuvens

e que deixaste de pensar
porque estás
nas nuvens

*

uma boca se oferece
quantas vezes?
mais uma vez, uma última vez
e desta vez, a outra mulher

*

quantas vezes pode
uma mulher deixar
a casa

e o trabalho virar corpo
e o corpo virar casa

e entender que volta
não existe

*
sônia, escutas?
de olhos fechados

sintonizas
a rádio tosca

transmitindo
entre ouvidos

por que foste
querer isto?

onde estavas
com a cabeça?

*

alguém um dia
te disse
tu és tão bonita
ou tu te olhaste
no espelho
e pensaste
sou tão bonita

que triste ser bonita
ser bonita o suficiente
ser bonita

Sobre a autora: Angélica Freitas nasceu em 1973, em Pelotas, no Rio Grande do Sul. Publicou dois livros de poemas: Rilke shake (Cosac Naify, 2007) e Um útero é do tamanho de um punho (Cosac Naify, 2012), reeditado pela Companhia das Letras em 2017. Sua obra já foi traduzida na Argentina, na Espanha, no México, nos Estados Unidos e na Alemanha.
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Mariana Dal Chico 01/12/2020

“Canções de Atormentar” de Angélica Freitas foi publicado no Brasil pela @companhiadasletras que me enviou um exemplar de cortesia.

Esse foi meu primeiro contato com a autora, que muitos de vocês haviam me recomendado a leitura.

Os poemas foram escritos entre 2008 e 2020 e abarca diversos temas como corpo feminino, política, lembranças da infância, mescla de idiomas e outros. A série que dá título ao livro nasceu de uma performance em parceria com Juliana Perdigão em 2017.

Em alguns poemas, senti uma certa urgência nas palavras, uma vivacidade. Outros tinham um tom de humor ácido, irônico que gostei bastante. Os que se tratavam do corpo me pareceram ferozes e por vezes incisivos. Esses foram os que mais me agradaram.

Talvez minhas expectativas estivessem altas demais e isso tenha atrapalhado um pouco minha experiência de leitura, gostei muito das poesias de Angélica Freitas, mas não amei como achei que aconteceria. Ainda assim, quero ler “O útero é do tamanho de um punho” e continuar acompanhando a produção da autora.

“quantas vezes pode
uma mulher deixar
a casa

e o trabalho virar corpo
e o corpo virar casa

e entender que volta
não existe”

site: https://www.instagram.com/p/CIJkid_Dx1s/
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C. Aguiar 22/10/2020

Em canções de atormentar encontraremos poemas irônicos, divertidos e recheados de memórias. Em alguns de seus textos vemos a autora discutindo a injustiça, o machismo e a nostalgia dos tempos de infância, são textos interessantes, mas que não me trouxeram nenhum "sentimento muito profundo", por assim dizer.
Um ou outro poema é realmente intrigante e se for analisado com calma pode ter diversos significados, mas em sua grande maioria eu apenas lia as palavras e não conseguia me conectar com a leitura. Praticamente todo o livro foi bastante enfadonho!

Não é uma leitura muito grande, por isso pode ser feita em um único dia. Confesso que esperava mais dos poemas devido aos grandes elogios que eu li sobre o livro anterior da autora (Um Útero é do Tamanho de um Punho), talvez eu tenha ido com muita sede ao pote e por isso acabei me decepcionando.

Sinceramente eu não tenho muitos comentários sobre a leitura e devido ao fato de ter feito a mesma no kindle, não posso comentar sobre a edição física.
Não encontrei erros na versão digital e apesar de não ter sido envolvida pelos poemas, eu adorei a capa do livro.

site: http://www.seguindoocoelhobrancoo.com.br/ ou https://www.instagram.com/coelhoobrancoo/
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Pri | @biblio.faga 16/11/2021

algum café em rosário

que bom
não querer nada
ficar sentada no café
e não querer outro café
nem mesmo água
e de repente
não querer escrever
nem ler
nada, nada
e sobretudo não querer
ir pra rua nem voltar pra casa
e muito menos
avisar alguém
do paradeiro
só ficar parada
no paradeiro
muito quieta
derrubando com as pálpebras
o sistema
(fala mais baixo
senão ele te ouve
e o garçom volta
com a conta)
capitalista
shhh capitalista
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Adriana Scarpin 28/08/2020

Claro que se você está esperando uma obra-prima à altura de Um Útero é do Tamanho de um Punho (que é um dos meus livros favoritos da última década) você irá se decepcionar, aqui o grau de excelência é mais condizente com o de Rilke Shake e que todos sabemos não ser nenhuma tragédia e por si já coloca Freitas entre as poetas mais interessantes da poesia contemporânea brasileira.
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Mariane 28/05/2024

Relendo Canções de atormentar
Terminei hoje de reler "Canções de atormentar" de Angélica Freitas, para discussão no clube do livro do IFSul amanhã. A segunda leitura confirmou minha hipótese da primeira que esse é um livro com muitas camadas — e muitas referências, várias das quais, admito, não peguei —, que circula entre o regional e o global — tem Laranjal, tem Bruxelas, tem poema escrito em inglês — e que mantém muito do senso de humor que já é característico da autora. Falando em característico da Freitas, me agrada muito como as referências ao feminismo, tão presente em seu primeiro livro, o clássico "Um útero é do tamanho de um punho", estão presentes aqui de forma mais sutil — como em "Você não sabe o que é uma teta caída" , intercaladas com outras questões políticas, a título de exemplo: as manifestações populares e a violência policial, em "Porto Alegre, 2016" e o capitalismo em "as roupas vem da ásia" e "algum café em rosário". Merecem ainda nota os poemas: "Ana C", que relembra uma das principais poetas do fim do século XX e o quanto outros escritores são importantes para quem escreve; "quatro personagens em quadro desenhos de iberê camargo",que estabelece um diálogo bastante curioso com o pintor gaúcho e "para as minhas calças", que é engraçadíssimo. No geral, acho que esse é um ótimo livro para entender as questões colocadas pela poesia contemporânea e me agrada muito a linguagem prosaica, leve e coloquial da autora.
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Paula 08/12/2020

divertido
Eu não sou uma pessoa de poesias. Sei la. Nunca entendo muita coisa. Não foi muito diferente com este livro, mas foi uma experiência bastante diferente. Os poemas pra mim pareciam mais "mini-contos", alguns bastante curiosos. A autora explora bastante a escrita, mudando palavras, e usando onomatopéias. Recomendo por sair bastante do lugar comum.
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Charlene.Ximenes 17/01/2021

Terceiro livro de poesia da autora gaúcha. A obra traz desde textos autobiográficos a crônicas acerca da vida nas grandes cidades, com referências literárias com a cultura pop e o humor de "Rilke Shake" e "Um útero é do tamanho de um punho", seus livros anteriores.

Alguns poemas são bem simples e outros tratam de forma irônica temas diversos sobre nosso tempo. O desejo não é oferecer respostas ao leitor, mas causar incômodos e instigar a fazer mais perguntas. Uma das temáticas que mais gosto são os versos que trazem a percepção de ser poeta como um modo de pertencer ao mundo.

(a poetisa é legal / o que ela escreve não faz mal // a poetisa tem um blog / onde ela posta canções de rock // a poetisa lançou um livro // "o escaravelho do descalabro" // ela escreveu ajoelhada no milho // a poetisa é boa pra caralho [...]).

Fiz a leitura aos poucos, lendo um ou dois poemas antes de dormir. Não foram poesias que me tocaram fortemente ou me causaram intensa identificação. Reconheço a importância da obra da Angélica Freitas para contemporaneidade, seu cuidado com a linguagem e seu convite para um olhar para nós mesmos.
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May 08/03/2022

Poetisa contemporânea maravilhosa
Gostei muito dos poemas, principalmente Ana c., a Sônia E canções de atormentar.

diante de ti
reclinada assim
nua

um homem saberia
exatamente o que fazer

e por isso mesmo
erraria
eles erraram
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Retalhos e Prefácios 05/03/2023

Não deu!
Definitivamente, essa autora não dá pra mim. Li o outro dela e não gostei. E é super elogiado. Aí li esse pra ver se, dessa vez, eu gostava e também não rolou.
Acho que não consigo compreender a intenção dela... Sei lá!
Tenho a impressão de que ela escreve qualquer coisa,
daí
organiza
assim
e
publica
chamando
de
poesia.
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Andressa Klemberg 07/09/2020

Lançamento da autora de Um útero é do tamanho de um punho
Gostei bastante da reflexões trazidas pelo livro. Um misto de memórias de infância, do interior do RS, e vivências da idade adulta e da situação política do país.
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djoni moraes 15/12/2020

Poesia arrebatadora para um fim de ano conturbado
Existe muita força na poesia jovem contemporânea que se faz no nosso país, e um exemplo sério está contido neste livro. Abordando diversos assuntos, Angélica domina com maestria e ironia a sua arte (mesmo, às vezes, tratando sobre assuntos passíveis de seriedade).

Menções honrosas aos poemas "aviões? estetoscópios?", "Cruzeiro", "a história mais velha do rock n' roll" e "Porto Alegre".
__
Porto Alegre

quando você viu na tv /aquelas pessoas em fila na chuva / à noite numa estrada / na fronteira de um país que não as deseja / e quando você viu as bombas / caírem sobre as cidades distantes / com aquelas casas e ruas / tão sujas e tão diferentes / e quando você viu a polícia / na rosca do país estrangeiro / partir para cima dos manifestantes / com bombas de gás lacrimogênio / não pensou duas vezes / nem trocou o canal / e foi pegar comida / na geladeira / não reparou o que vinha / que era só uma questão de tempo / não interpretou como sinal a notícia / não precisou estocar mantimentos / agora a colher cai da boca / e o barulho de bomba é ali fora / e a polícia vai para cima dos teus afetos / munida de espadas, sobre cavalos.
__
A história velha do rock n' roll
(...) *
quem não pode ser marinheiro / por força das circunstâncias / quem não pode viajar o mundo dentro de embarcações / deve imediatamente / contemplar a ideia / de virar sereia
* (...)
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