Mariane 28/05/2024
Relendo Canções de atormentar
Terminei hoje de reler "Canções de atormentar" de Angélica Freitas, para discussão no clube do livro do IFSul amanhã. A segunda leitura confirmou minha hipótese da primeira que esse é um livro com muitas camadas — e muitas referências, várias das quais, admito, não peguei —, que circula entre o regional e o global — tem Laranjal, tem Bruxelas, tem poema escrito em inglês — e que mantém muito do senso de humor que já é característico da autora. Falando em característico da Freitas, me agrada muito como as referências ao feminismo, tão presente em seu primeiro livro, o clássico "Um útero é do tamanho de um punho", estão presentes aqui de forma mais sutil — como em "Você não sabe o que é uma teta caída" , intercaladas com outras questões políticas, a título de exemplo: as manifestações populares e a violência policial, em "Porto Alegre, 2016" e o capitalismo em "as roupas vem da ásia" e "algum café em rosário". Merecem ainda nota os poemas: "Ana C", que relembra uma das principais poetas do fim do século XX e o quanto outros escritores são importantes para quem escreve; "quatro personagens em quadro desenhos de iberê camargo",que estabelece um diálogo bastante curioso com o pintor gaúcho e "para as minhas calças", que é engraçadíssimo. No geral, acho que esse é um ótimo livro para entender as questões colocadas pela poesia contemporânea e me agrada muito a linguagem prosaica, leve e coloquial da autora.