Larissagris 14/05/2024A INQUILINA DE WILDFELL HALL (ANNE BRONTË)[...] a verdade sempre transmite sua própria moral àqueles capazes de recebê-la. (Pág. 5)
Todos os romances são ou deveriam ser escritos para serem lidos por homens e mulheres, e não posso conceber que um homem se permita escrever algo que seja realmente vergonhoso para uma mulher, ou por que uma mulher deveria ser censurada por escrever algo que seria apropriado e cabível em um homem. (Pág. 7)
O que constitui afinal a virtude, sra. Graham? Será a circunstância de ser capaz e disposto a resistir à tentação ou a de não ter nenhuma tentação a resistir? O homem forte é aquele que supera grandes obstáculos e realiza conquistas supreendentes, ainda que às custas de grande esforço físico, e sob risco de certa fadiga subsequente, ou aquele que se senta em sua cadeira o dia inteiro, sem nada de laborioso a fazer além de avivar o fogo e levar comida à boca? (Pág. 30)
[...] não fui posto no mundo [...] apenas para exercitar as boas capacidades e os bons sentimentos dos outros... mas para exercer as minhas boas capacidades e os meus bons sentimentos pelos outros; e quando eu me casar, espero encontrar mais prazer em dar à minha esposa felicidade e conforto do que em receber isso dela: eu vou preferir dar a receber. (Pág. 55)
[...] se só podemos falar coisas que caluniem os outros, é melhor contermos nossas línguas. (Pág. 76)
Odeio falar quando não há nenhuma troca de ideias ou de sentimentos, e não se dá nem se recebe nada de bom. (Pág. 80)
Nos casos de amor, não existe melhor mediador que uma criança alegre de coração singelo, sempre disposta a cimentar corações divididos, para fazer uma ponte sobre o hostil golfo do costume, para derreter o gelo da fria reserva e derrubar as paredes da temerosa formalidade e do orgulho. (Pág. 85)
Existe uma coisa que é olhar através dos olhos de uma pessoa e enxergar o coração, e entender mais a altura, a largura e a profundidade da alma do outro em uma hora do que você poderia descobrir em uma vida inteira, mesmo que essa pessoa não estivesse disposta a revelar, ou se você não tivesse a sensibilidade para entender. (Pág. 90)
Tais favores, em si mesmos, são apenas deleites para o meu coração, mas purificadores, exultantes, enobrecedores para minha alma; e eu preferiria a sua amizade ao amor de qualquer outra mulher no mundo! (Pág. 98)
Porque, imagino, só devem existir pouquíssimos homens no mundo com quem eu gostaria de me casar; e a probabilidade de eu vir a conhecer um desses raros homens é mínima; ou, caso eu venha a conhecê-lo, a probabilidade de ele ser solteiro, ou gostar de mim, é ainda menor. (Pág. 125)
Não se gabe, mas fique atenta. Mantenha a guarda dos seus olhos e ouvidos como entradas do seu coração, e de seus lábios como saídas, para que não a traiam em um momento de negligência. (Pág. 126)
Deixe que seus olhos sejam cegos a todas as atrações exteriores, os seus ouvidos surdos a todo fascínio da lisonja e das línguas levianas. Isso não é nada. Pior do que nada: são armadilhas e ardis da tentação, para atrair as impulsivas para sua própria destruição. (Pág. 126)
Minha afeição não apenas deve ser fundada na aprovação, mas será obrigatoriamente assim, pois, sem aprovação, não poderei amar. Nem preciso dizer, eu devo ser capaz de respeitar e honrar o homem com quem me casar, tanto quanto amá-lo, pois não poderei amá-lo sem isso. (Pág. 126)
No seu momento da vida, é o amor quem manda; no meu, é o dinheiro, sólido e útil. (Pág. 169)
O que não se pode curar, deve-se suportar. (Pág. 179)
Vejo que um homem não pode se entregar à bebida sem se tornar um desgraçado na metade do tempo e um louco na outra metade. (Pág. 183)
Enquanto homem, eu o desprezo completamente; mas, enfim, imagino que esteja na hora de eu escolher, e se eu for esperar por alguém capaz de merecer minha estima e minha afeição, vou passar a vida inteira solteira e santa, pois eu detesto vocês todos! (Pág. 187)
- Não tenho nenhum outro pedido além deste: [...] que no futuro, você nunca mais zombe dos sofrimentos dos outros e sempre use sua influência com seus amigos a favor deles, contra suas tendências malignas, em vez de usar essas tendências malignas contra eles mesmos. (Pág. 188)
[...] quanto mais você amar o seu Deus, mais profundo, puro e verdadeiro será o seu amor por mim. (Pág. 194)
Se ela lhe entrega o coração [...] você deve aceitá-lo, com gratidão, e usá-lo bem, e não despedaçá-lo, nem rir dela, porque ela não poderá pegá-lo de volta. (Pág. 203)
Tenho necessidade de me consolar com meu filho, pois [...] encontro muito pouco consolo no meu marido. Eu ainda o amo; e ele me ama, à sua maneira, mas, oh, quanta diferença do amor que eu poderia ter dado e que um dia esperei receber! Como é pouca a simpatia real existente entre nós; quantos pensamentos e sentimentos estão sombriamente enclausurados dentro da minha mente. (Pág. 229)
Como poderei daqui em diante ensiná-lo a respeitar o pai e ao mesmo tempo evitar seu exemplo? (Pág. 231)
- Estou chorando por você, Arthur. [...] Você não sabe que você é uma parte de mim? E você acha que pode se prejudicar e se degradar sem que eu também sinta? (Pág. 241)
Coisas que outrora me chocavam e me davam asco agora parecem simples naturais. Sei que são erradas, porque a razão e a palavra de Deus dizem que são; mas aos poucos estou perdendo o horror e a repulsa instintivos que recebi por natureza ou que foram instilados em mim pelos preceitos e exemplo de minha tia. Talvez na época eu fosse severa demais nos julgamentos, pois tinha asco do pecador, tanto quanto do pecado; hoje me gabo de ser mais benevolente e ponderada; mas será que não estou me tornando indiferente e insensata também? (Pág. 246)
Como fui tola ao sonhar que tinha força e pureza o bastante para me salvar e a ele também! (Pág. 246)
É doloroso duvidar da sinceridade de quem se ama [...] (Pág. 249)
Que curioso como amiúde choramos pelas aflições dos outros e não derramamos uma única lágrima pelas nossas próprias aflições! (Pág. 265)
[...] não devemos conseguir sempre o que queremos: isso acaba estragando até os melhores de nós, não é mesmo? (Pág. 271)
[...] é absurdo falar em não fazer mal a ninguém além de a si mesmo; é impossível fazer mal a si mesmo, especialmente nessas atitudes a que aludimos, sem fazer mal a centenas, senão milhares, em maior ou menor grau, tanto pelo mal que o senhor faz quanto pelo bem que deixa de fazer. (Pág. 272)
- Eu não vou me queixar para ninguém. Até hoje tenho me esforçado muito para esconder os seus vícios dos olhos de todos e para cobri-lo de virtudes que você nunca teve; mas agora você vai precisar se cuidar sozinho. (Pág. 288)
Oh! Quando penso em quão ingênua e tolamente o amei, quão loucamente nele confiei, quão constantemente me esforcei, estudei, rezei e lutei a seu favor; e quão cruelmente ele tripudiou do meu amor, traiu minha confiança, escarneceu das minhas orações e das minhas lágrimas e dos empenhos que fiz para preservá-lo, esmagando minhas esperanças, destruindo os melhores sentimentos da minha juventude e me condenando a uma vida de infelicidade irremediável, como só um homem é capaz de fazer, não basta dizer que já não amo mais meu marido - eu o odeio! (Pág. 290)
O esquecimento não pode ser comprado com um desejo; e não posso conceder minha estima a todos que a desejem, a não ser que também a mereçam. (Pág. 300)
A senhora está infeliz agora, sra. Hutingdon [...] A senhora não se queixa, mas eu posso ver, posso sentir. E sei que está infeliz e continuará assim enquanto conservar essas muralhas de gelo impenetráveis ao redor de seu coração ainda quente e palpitante. (Pág. 311)
A senhora teve um dia um coração e o entregou ao seu marido. Quando descobriu que ele era totalmente indigno desse tesouro, pediu-o de volta; e não pode fingir que amava aquele devasso sensual e mundano, tão profunda e devotadamente que jamais poderá amar de novo... (Pág. 313)
Deus irá nos julgar pelos nossos pensamentos e ações, não pelo que os outros dizem a nosso respeito. (Pág. 338)
Quando digo para você não se casar sem amor, não estou dizendo para você se casar apenas por amor: existem muitas, muitas outras coisas a serem consideradas. (Pág. 350)
[...] nunca é tarde para se regenerar, contanto que o senhor tenha o bom senso de desejar se regenerar e a força de pôr em prática o seu propósito. (Pág. 353)
[...] ela não está decidida a me esquecer. Seria errado esquecer alguém tão profunda e afetuosamente devotado a ela, alguém capaz de apreciar tão completamente suas excelências e simpatizar com todos os pensamentos dela, como eu sou capaz. E seria errado para mim esquecer tão excelente e divina porção da criação de Deus como ela é, uma vez que já a amei e conheci tão verdadeiramente. (Pág. 390)
- Sempre existe a possibilidade da morte; e é sempre bom viver com essa possibilidade em mente. (Pág. 404)
[...] por mais que Helen se sentisse interessada no bem-estar do marido, por mais que ela deplorasse seu fim, ainda assim, enquanto ele vivesse, ela seria infeliz. (Pág. 414)